O terceiro confronto entre Botafogo e Athletico Paranaense nas últimas duas semanas terminou com gosto amargo para os alvinegros mais uma vez. O Glorioso foi a Arena da Baixada e, em uma partida muito truncada no meio-campo, saiu derrotado por 1 a 0, gol de Alex Santana. Em baixa rotação, o Botafogo teve poucos destaques individuais e teve na atuação fraca de Júnior Santos o sinal da oscilação natural provocada pelo cansaço. Pela primeira vez no Brasileirão, a equipe terminou um jogo sem marcar gols.
Luís Castro definiu uma escalação muito semelhante à que iniciou a partida de duas semanas atrás, a derrota de virada por 3 a 2 no jogo de ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Dos jogadores que participaram daquele ótimo primeiro tempo em que o Glorioso venceu por 2 a 0, apenas Gabriel Pires, lesionado, não entrou como titular. O lateral-esquerdo Marçal, com uma lesão no joelho direito que deve afastá-lo dos gramados por pelo menos quatro semanas, foi substituído por Hugo. No meio-campo, Eduardo foi poupado e deu lugar a Lucas Fernandes como homem de criação. Na ponta-esquerda, onde não existe um titular definido, foi a vez de Luis Henrique iniciar o jogo.
No Brasileirão, o Botafogo é o quinto time que mais finaliza a gol em média (15,4 por jogo) e a sexta que mais cria situações claras de gol (18 no total, com uma ótima taxa de conversão em gol de 66%). O Athletico, por sua vez, é o terceiro time que menos cede finalizações certas ao adversário (3,7 por jogo), mas já sofreu 11 gols nas oito primeiras rodadas. O Glorioso começou a colocar à prova a solidez defensiva dos paranaenses logo aos sete minutos, quando Tiquinho Soares escorou no pivô e Lucas Fernandes bateu forte de primeira, exigindo boa defesa do goleiro Bento.
O jogo foi disputado em um ritmo diferente dos duelos recentes pela Copa do Brasil. Depois do desgaste físico e psicológico das eliminatórias, as duas equipes pisaram no freio e fizeram um jogo mais lento. Alternando momentos de maior posse de bola, ambos os times tiveram dificuldade para encontrar espaços nos sistemas defensivos e criar situações de gol. Os times tampouco subiram a marcação para pressionar a saída de bola, preferindo jogar com linhas mais baixas e coesas. O resultado foi um jogo disputado entre as intermediárias, com poucas infiltrações e passes verticais.
O Botafogo ficou mais de meia hora sem finalizar no primeiro tempo, dos sete aos 38 minutos, quando Tiquinho arriscou de fora da área e o goleiro espalmou para escanteio. Em um jogo muito disputado no meio-campo, os chutes de longa distância eram uma arma a ser explorada. Das 12 finalizações do primeiro tempo, cinco foram de fora da área. Aos 41, o Furacão forçou uma inversão e Di Placido cortou parcialmente para a entrada da área alvinegra. Desfigurado e correndo para trás para se reposicionar, o sistema defensivo não conseguiu pressionar a bola e Alex Santana teve espaço para acertar uma bomba no canto direito de Lucas Perri.
Pouca coisa funcionou no Glorioso no primeiro tempo. Como destaques apenas a usual imposição de Adryelson na defesa da área, o bom trabalho de Tchê Tchê nos lançamentos e luta solitária de Tiquinho no ataque. Nem mesmo a forte jogada de bola parada do Alvinegro gerou lances de perigo. Pelos lados do campo, Júnior Santos e Luis Henrique participaram pouco do jogo e, quando foram acionados, perderam todas as disputas de bola em que estiveram envolvidos. Lucas Fernandes também não encontrou seu lugar no campo. Jogador menos vertical que Eduardo, Lucas não entrega o mesmo trabalho de aproximação e a mesma profundidade do camisa 33. O meia até participou bastante do jogo e registrou um bom aproveitamento de acerto nos passes, mas atuou muito longe de Tiquinho, por vezes, recuando para receber a bola próximo dos zagueiros.
Sem mudanças no intervalo, o jogo retornou com o Athletico melhor. Pelo lado esquerdo da defesa alvinegra, Canobbio começou a levar a melhor sobre Hugo com regularidade. Foi por ali, em lance rápido de contra-ataque que os donos da casa tiveram ótima chance em jogada de Vitor Roque finalizada pelo ponta uruguaio. O Botafogo continuou errando muito e construindo pouco no campo ofensivo. Uma finalização travada de Tiquinho foi tudo o que o time conseguiu nos primeiros 25 minutos de jogo. Júnior Santos deu sinais de cansaço e, além de entregar pouco com a bola, não teve a contribuição tática habitual sem a bola.
Sem conseguir reter a posse de bola no ataque, Luís Castro mexeu na equipe pela primeira vez aos 17 minutos do segundo tempo. O técnico trocou Luis Henrique e Lucas Fernandes por Victor Sá e Janderson. Oito minutos depois foi a vez de Tchê Tchê e Júnior Santos deixarem o campo para as entradas de Kayque e Lucas Piazon. Chamou atenção a opção de Castro por Piazon e não Gustavo Sauer, que não saiu do banco de reservas.
Com uma dupla de ataque, o Botafogo se postou em um 4-4-2 que se transformava em um 4-2-4 na fase ofensiva. A equipe teve uma ligeira melhora com as alterações e de cara conseguiu duas finalizações com Kayque e Tiquinho. Depois de 11 meses longe dos gramados, Kayque não reapareceu com grande destaque, mas mostrou seu estilo ímpar no elenco alvinegro: o volante que conduz a bola verticalmente pela faixa central do campo.
O Athletico desperdiçou chances de ampliar a vantagem em jogadas de contra-ataque e o Botafogo, depois de aumentar o ritmo com as substituições, voltou a encontrar dificuldades para criar no último terço do campo. Enquanto o Furacão acertou o gol de Perri cinco vezes na etapa final, o Glorioso só acertou duas finalizações na meta rubro-negra.
O Botafogo agora viaja até Quito para enfrentar a LDU na próxima terça-feira (6), às 23h, pela Copa Sul-Americana. Na altitude de 2800 metros, um empate mantém o Glorioso na liderança do grupo com a possibilidade de definir a classificação em casa contra o Magallanes.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – CAP 48% x 52% BOT
Passes certos – CAP 321 (82%) x 346 (82%) BOT
Finalizações – CAP 16 (7 no gol) x 13 (4) BOT
Gols esperados (xG) – CAP 0.92 x 0.61 BOT
Finalizações dentro da área – CAP 6 x 8 BOT
Finalizações de fora da área – CAP 10 x 5 BOT
Grandes chances criadas – CAP 2 x 0 BOT
Grandes chances perdidas – CAP 2 x 0 BOT
Desarmes – CAP 23 x 15 BOT
Interceptações – CAP 9 x 10 BOT
Cortes – CAP 23 x 21 BOT
Cruzamentos – CAP 3/18 (17%) x 5/16 (31%) BOT
Bolas longas – CAP 29/70 (41%) x 21/47 (45%) BOT
Dribles – CAP 9/21 (43%) x 3/13 (23%) BOT
Disputas de bola vencidas – CAP 54 x 48 BOT
Disputas aéreas vencidas – CAP 11 x 16 BOT
Faltas – CAP 15 x 12 BOT
Cartões amarelos – CAP 2 x 1 BOT