Depois da estreia morna contra o Boavista, o Botafogo venceu o Bangu por 2 a 0 na tarde de domingo e chegou a sua primeira vitória no Cariocão. Com gols de Felipe Ferreira e Diego Gonçalves, o Glorioso teve o mérito de ser mais efetivo, uma vez que o adversário teve mais posse de bola e finalizou mais vezes. A vitória levou a equipe aos quatro pontos, mesma pontuação de Flamengo e Vasco.
Enderson Moreira teve novas peças para montar a equipe e promoveu quatro mudanças no time titular. Na lateral-direita, Daniel Borges substituiu o lesionado Rafael. Depois de um jogo muito apagado, Romildo deu lugar a Breno, que fez sua estreia com a camisa alvinegra. Na articulação de jogadas, um dos grandes problemas no empate com o Boavista, Felipe Ferreira ganhou mais uma oportunidade de se firmar como alternativa útil no elenco e substituiu Juninho. Vitinho foi outra cara nova entre os titulares, jogando na função em que Luiz Fernando atuou na última terça-feira. Regularizado, o centroavante Erison começou o jogo no banco.
A grave lesão sofrida por Rafael no primeiro jogo da temporada foi um duro golpe para o Glorioso. Daniel Borges fez uma Série B muito sólida, mas agora terá que mostrar capacidade de atuar em um nível elevado. E os primeiros passos do lateral em 2022 são promissores. Depois de substituir bem o titular Rafael contra o Boavista, Daniel foi protagonista na jogada do primeiro gol sobre o Bangu. Conhecido por sua função na saída de bola com três jogadores implementada por Enderson, o lateral apareceu também com frequência no campo de ataque, atacando a linha de fundo e dando profundidade pelo lado direito. Aos oito minutos, após uma interceptação de Matheus Nascimento no campo de ataque, Daniel fez ótima leitura do espaço a sua frente e disparou em velocidade dando opção para Vitinho. Em toques na bola, o camisa 20 dominou e cruzou com perfeição para Felipe Ferreira abrir o placar.
A movimentação de Vitinho foi fundamental para que Daniel encontrasse espaço no ataque. Ao contrário de outros jogadores da posição, como Luiz Fernando e Ronald, que cumprem um papel posicional de dar amplitude ao time jogando próximo à linha lateral, Vitinho tem características de um ponta construtor que circula pelo campo buscando a bola, procurando tabelas e construindo superioridade numérica em diferentes setores. O meia foi o jogador alvinegro com mais ações com a bola no primeiro tempo (66). Um setor ofensivo mais fluido, com mais aproximações e trocas de posição também contribuiu para um desempenho melhor de Matheus Nascimento.
Breno também aproveitou a chance entre os titulares, fez uma boa estreia e terminou o jogo com cinco desarmes. Forte e com bom posicionamento, formou uma boa dupla com Fabinho, sobretudo do ponto de vista defensivo, contra um adversário que gosta da posse de bola e de movimentações e passes rápidos no ataque. Os volantes alvinegros controlaram bem a pressão e a intensidade da marcação na intermediária defensiva, protegendo bem a área e dificultando o trabalho dos adversários. Na fase ofensiva, no entanto, o time continua sentindo a falta de um volante com maior capacidade de controle do ritmo das jogadas para que a transição ofensiva se torne mais efetiva, seja em velocidade ou a partir da posse de bola.
A posse de bola, inclusive, foi um ponto de atenção nos primeiros 45 minutos. O Botafogo foi para o intervalo com apenas 38% da posse. Enquanto o Bangu trocou 221 passes, o Glorioso trocou apenas 109, menos da metade do adversário. À exceção do lance do gol, o time não conseguiu criar jogadas de perigo em contra-ataques. Apesar do número de desarmes no primeiro tempo (nove desarmes, sendo três de Matheus Nascimento e outros três de Vitinho), as roubadas de bola não foram concluídas em chutes a gol e o time terminou com uma única finalização certa. Na volta para o segundo tempo, o Botafogo equilibrou a posse de bola, mas o adversário conseguiu ser mais perigoso e passou a ameaçar o gol defendido por Gatito.
Depois de 18 minutos de relativo domínio do adversário, Enderson procurou mexer na estrutura da equipe. Vitinho deixou o campo para a entrada de Luiz Fernando e Erison fez sua estreia substituindo Felipe Ferreira. Com a entrada de Erison, centroavante que gosta do contato, de um jogo físico de embate com a defesa, o treinador buscou empurrar a última linha da defesa adversária para trás, abrindo espaços para o ataque alvinegro. E o Botafogo chegou ao segundo gol a partir da luta do centroavante. Aos 32 minutos, o camisa 89 protegeu bem a bola, girou sobre a marcação e cruzou na medida para Diego Gonçalves ampliar. Enfim, tranquilidade para alcançar a primeira vitória do ano.
Para garantir o resultado, Enderson reforçou o meio-campo com a entrada de Kayque no lugar de Matheus Nascimento. O atacante fez uma boa atuação e terminou com 58 ações com a bola, quatro finalizações e quatro desarmes. Além do bom desempenho de Matheus, do cartão de visitas de Erison e a atuação firme de Breno, foi possível ver uma atuação coletiva ligeiramente melhor, que potencializou os destaques individuais. O que acendeu um sinal de alerta foi a incapacidade do time reagir em determinados momentos do jogo e ser controlado por um adversário, embora bem treinado, tecnicamente inferior.
O Botafogo volta ao Nilton Santos na próxima quinta-feira (3), às 18h, contra o Madureira.
Números do jogo: (Footstats)
Posse de bola – BOT 38% x 62% BAN
Passes certos – BOT 187 (87%) x 429 (94%) BAN
Finalizações – BOT 13 (5 no gol) x 14 (6) BAN
Assistências para finalização – BOT 8 x 10 BAN
Desarmes – BOT 21 x 11 BAN
Interceptações – BOT 2 x 0 BAN
Cruzamentos – BOT 7/26 (27%) x 5/16 (31%) BAN
Lançamentos – BOT 24/39 (62%) x 10/15 (67%) BAN
Viradas de jogo – BOT 5 x 6 BAN
Dribles – BOT 2/3 (67%) x 6/8 (75%) BAN
Perdas de posse de bola – BOT 21 x 31 BAN
Faltas – BOT 19 x 12 BAN