Depois de uma breve oscilação no desempenho e nos resultados das últimas semanas, o Botafogo voltou ao Nilton Santos e manteve a invencibilidade como mandante no Brasileirão. No “tapetinho” de casa, o Glorioso venceu o Fortaleza por 2 a 0 e alcançou 24 pontos em 30 disputados no campeonato. O time chegou a encontrar dificuldades para criar chances de gol no primeiro tempo, mas o oportunismo de Tiquinho Soares resolveu o jogo. Depois de dois meses sem descanso, o Alvinegro terá 12 dias sem jogos durante as datas FIFA.
O Botafogo foi escalado por Luís Castro sem maiores surpresas. Fora do jogo contra a LDU por um problema físico, o artilheiro Tiquinho Soares voltou ao comando do ataque. Outro poupado durante a semana que voltou à equipe foi Júnior Santos. Na lateral-direita, Rafael fez o segundo jogo consecutivo como titular. Na ponta-esquerda, o treinador seguiu dando oportunidade a Luis Henrique, apesar das atuações recentes apagadas do jogador.
O jogo começou com a pressão que vem se tornando hábito nos jogos do Alvinegro no Nilton Santos. Em busca de um gol nos primeiros minutos, o Botafogo definiu o ritmo acelerado do confronto e pressionou o Fortaleza contra sua própria área. Nos primeiros 20 minutos de jogo, o time teve mais de 70% e finalizou quatro vezes, todas de fora da área. O lance de maior perigo saiu em uma cobrança de falta de Cuesta na meia-lua que passou sobre o gol. A energia e concentração que o Glorioso tem trazido para os jogos como mandante podem ser traduzidas em um lance fortuito na esquerda do ataque aos sete minutos: enquanto o jogador adversário acompanhava a saída da bola pela linha lateral, Hugo deu a volta, tomou a frente e recuperou a posse.
Sem uma opção de velocidade nas transições ofensivas, o Tricolor do Pici não conseguiu explorar os contra-ataques. Pelo alto, Adryelson foi mais uma vez destaque ao cortar as tentativas de lançamentos do adversário. A partir dos 25 minutos, os visitantes conseguiram disputar o controle do ritmo do jogo, valorizando a posse para frear a velocidade imposta pelo Glorioso. O Botafogo passou a aproveitar a escalada do Fortaleza no campo com passes longos para as laterais do campo. Depois das quatro primeiras finalizações de longe, a equipe chegou perto do gol em duas cabeçadas de Tiquinho e Adryelson.
O jogo ruim dos dois pontas alvinegros criou dificuldades ao time para vencer o bloqueio defensivo dos tricolores. Luis Henrique pouco tocou na bola durante o primeiro tempo e foi peça apagada no jogo coletivo da equipe. Seu único momento de destaque foi uma finalização sobre o gol aos 21 minutos. Na direita, Júnior Santos tem enfrentado uma fase de pouca confiança. O atacante acumulou hesitações que provocaram escolhas ruins na definição das jogadas e foi para o intervalo como o jogador que mais desperdiçou posses de bola (14).
Contudo, Júnior teve participação relevante no lance do gol alvinegro aos 48 minutos. Marcado por dois oponentes, o atacante fez a opção correta de não forçar a jogada individual e voltou o jogo com Marlon Freitas. O volante cruzou na direção de Eduardo, mas um desvio do zagueiro fez a bola encontrar os pés de Tiquinho, livre de marcação. Com categoria e frieza, o centroavante finalizou rasteiro e cruzado, sem chances para o goleiro. Além do mérito na finalização e no posicionamento, Tiquinho também merece destaque pela entrega na pressão pós perda. O artilheiro forçou um erro do adversário na saída de bola e ganhou o arremesso lateral que deu início ao lance do gol.
A vantagem mínima conquistada já nos acréscimos da primeira etapa deu o tom de um jogo em que o Botafogo foi melhor, mas não conseguiu criar muitas chances reais de gol. As 11 finalizações (a média do time por jogo é de 15,1) mostram que a equipe teve contundência ofensiva, embora tenha encontrado problemas para gerar espaços no sistema defensivo adversário. As duas chances claras de gol surgiram de bolas levantadas para a área, nos dois cruzamentos certos em dez tentativas.
Na volta para o segundo tempo, Castro fez a mesma substituição do jogo no Equador. Já advertido com um cartão amarelo, Rafael não voltou para o campo e deu lugar a Di Placido. O Glorioso voltou sem a mesma urgência ofensiva e permitiu mais posse de bola ao Fortaleza. Foi a vez do Botafogo jogar do jeito que mais gosta, com velocidade e verticalidade, chegando na área para finalizar em poucos passes. Luis Henrique teve chance de ampliar a vantagem com um minuto de bola rolando.
O Botafogo tinha mais espaço para atacar em velocidade e Castro estava insatisfeito com o desempenho dos pontas. Aos 14 minutos, trocou os dois de uma vez só. Saíram Júnior Santos e Luis Henrique para as entradas de Matías Segovia e Victor Sá. No entanto, a dupla nem tocou na bola e o Glorioso teve um pênalti para anotar o segundo gol. Após cobrança curta de escanteio, Eduardo cruzou para a área e a bola tocou no braço de Titi. Na cobrança da penalidade, a sorte sorriu para Tiquinho. O centroavante perdeu o segundo pênalti seguido, mas, depois de nova trapalhada da defesa no rebote, a bola sobrou limpa para o artilheiro marcar seu oitavo gol no campeonato, o 19º na temporada.
O Fortaleza não teve forças para diminuir o prejuízo e o Botafogo administrou o restante do jogo com absoluto controle. Procurando sempre a velocidade no contra-ataque, o Glorioso chegou perto de ampliar com Victor Sá. Na defesa, a atuação segura da dupla de zaga já não é notícia, mas cabem elogios aos desempenhos de Di Placido e Hugo, firmes nos desarmes e corretos nas leituras para saltar a pressão. Marlon Freitas também teve desempenho para espantar qualquer questionamento quanto a sua titularidade. O volante foi um dínamo no meio-campo, bem na defesa e no ataque. Marlon terminou o jogo como o jogador que mais acertou passes (64) e acertou nove dos 11 lançamentos que tentou.
O Glorioso volta a campo na quinta-feira (22), às 20h, contra o Cuiabá na Arena Pantanal. O Dourado ainda não venceu nos quatro jogos que fez como mandante no Brasileirão, registrando dois empates e duas derrotas. Além disso, os mato-grossenses perderam Deyverson, artilheiro e principal jogador do time, por suspensão automática para a próxima rodada.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 55% x 45% FOR
Passes certos – BOT 423 (86%) x 337 (82%) FOR
Finalizações – BOT 21 (10 no gol) x 9 (3) FOR
Defesas do goleiro – BOT 3 x 8 FOR
Gols esperados (xG) – BOT 3.24 x 0.38 FOR
Finalizações dentro da área – BOT 15 x 6 FOR
Grandes chances de gol – BOT 5 x 0 FOR
Grandes chances perdidas – BOT 3 x 0 FOR
Desarmes – BOT 21 x 15 FOR
Interceptações – BOT 12 x 12 FOR
Cortes – BOT 16 x 29 FOR
Disputas de bola vencidas – BOT 50 x 53 FOR
Disputas aéreas vencidas – BOT 12 x 14 FOR
Cruzamentos – BOT 4/17 (24%) x 2/14 (14%) FOR
Bolas longas – BOT 47/70 (67%) x 19/44 (43%) FOR
Dribles – BOT 7/15 (47%) x 8/20 (40%) FOR
Faltas – BOT 16 x 12 FOR
Cartões amarelos – BOT 3 x 3 FOR