Análise: Botafogo é dominado e Luís Castro não tem resposta para intensidade do América-MG

Elenco em América-MG x Botafogo | Copa do Brasil 2022
Vitor Silva/Botafogo

Frágil e desatento, o Botafogo foi presa fácil para o América-MG em Belo Horizonte. A vitória por 3 a 0 no jogo de ida encaminha a classificação dos mineiros para as quartas de final da Copa do Brasil. A atuação do sistema defensivo alvinegro mostrou graves vulnerabilidades no jogo aéreo e não suportou a velocidade imposta pelo adversário. Frustrado com a péssima atuação coletiva da equipe, Luís Castro tentou sem sucesso mudar a equipe.

Em uma campanha de altos e baixos no Brasileirão, o Botafogo tentou mudar o foco para buscar a classificação às quartas de final, fase que o Alvinegro não alcança desde 2017. Desde de que conquistou a vaga para as oitavas de final, o América disputou onze partidas e ganhou apenas uma. O Coelho amargou a eliminação em último lugar no grupo D da Copa Libertadores e entrou no inóspito Z4 da Série A. Até o duelo desta quinta-feira, o time mineiro não balançava as redes há cinco jogos.

O Glorioso foi escalado por Luís Castro com os retornos de Philipe Sampaio, Patrick de Paula e Kayque. A ausência da dupla de volantes foi sentida no último domingo contra o Fluminense, Desde a partida contra o São Paulo, os dois são responsáveis por dar mais volume de jogo ao meio-campo alvinegro, com força na marcação e chegada na área para finalizar. Daniel Borges ganhou a posição de Saravia na lateral-direita.

Análise América-MG x Botafogo

O jogo

Apesar da má fase, o América tentou fazer valer o mando de campo desde os primeiros minutos. O Coelho entrou mais concentrado, ganhando as divididas e imprimindo uma velocidade que o Botafogo não foi capaz de acompanhar. Aos cinco minutos, a maior concentração dos mineiros ficou evidente no lance do gol. Desatento, Hugo perdeu dividida para Everaldo junto à linha de fundo e possibilitou novo ataque ao adversário. Patric teve muito espaço para cruzar e encontrou o veterano Wellington Paulista na área para cabecear. Atraído por outro atacante, Philipe Sampaio permitiu que o centroavante entrasse livre na segunda trave.

Nos primeiros 20 minutos de jogo, o Botafogo conseguiu um único desarme contra sete do adversário. Nos duelos ganhos, outra larga vantagem do time da casa: 22 x 11. Com problemas na ocupação dos espaços, os jogadores não se encontravam para trocar passes no ataque ou para compactar o sistema defensivo.

O Glorioso melhorou depois de boas chegadas de Matheus Nascimento, carimbando a trave em duas finalizações. Daniel Borges e Hugo ganharam mais liberdade para subir ao ataque, o que aumentou as opções ofensivas da equipe. O Botafogo foi capaz, então, de colocar a bola no chão e equilibrar o duelo, aumentando o aproveitamento na troca de passes. Ainda assim, Vinícius Lopes e Chay tiveram dificuldades para entrar no jogo.

Mas a vulnerabilidade da defesa alvinegra na bola aérea voltou a prejudicar as ambições da equipe. Aos 34, em jogada de escanteio, Danilo Avelar subiu mais alto que Kanu e ampliou a vantagem. Em todo o primeiro tempo, o América cruzou 23 bolas na área do Botafogo, levando a melhor em nove oportunidades (39%). O aproveitamento alto do adversário ilustra a fragilidade do sistema defensivo, apesar dos três zagueiros defendendo a área.

Análise América-MG x Botafogo

O Coelho teve ainda outras duas chances claras de gol em que Gatito salvou o Glorioso. No intervalo, a dura tarefa de Castro foi mudar a cara do time com as poucas opções que tinha no banco. A escolha foi pela troca do sistema de jogo, abrindo mão dos três zagueiros para atuar em um 4-2-3-1. Saravia e Jeffinho substituíram Daniel Borges e Philipe Sampaio. A mudança implicou em um reposicionamento de Chay para a faixa central. No primeiro tempo, o meia foi o quarto jogador alvinegro que menos tocou na bola.

O que não mudou e seguiu como fator de desequilíbrio foi a diferença radical no nível de concentração das duas equipes. Do lado americano, foco total em todas as fases do jogo e em cada disputa de bola. No Alvinegro, desatenção e displicência. Enquanto o América parecia jogar uma final de Copa do Mundo, o Botafogo disputava um amistoso de pré-temporada.

Com 13 minutos do segundo tempo, o roteiro se repetiu. Em jogada de contra-ataque, o América colocou velocidade e Pedrinho acreditou em lance que parecia perdido. Na sequência, cruzamento no segundo poste e gol de Alê. Em todo o desenho da jogada, o sistema defensivo esteve sempre correndo atrás do adversário, buscando corrigir erros de posicionamento.

Análise América-MG x Botafogo

Del Piage e Diego Gonçalves saíram do banco para tentar uma improvável reação em campo. Apesar das decisões precipitadas, o atacante conseguiu algum destaque pela ponta-esquerda a partir de jogadas individuais. Dos pés do camisa 11 surgiu a melhor chance do Botafogo no segundo tempo, em lance que Jeffinho falhou na conclusão. Mas sua participação em campo durou apenas 19 minutos. Diego voltou a sentir a coxa e foi substituído por Daniel Cruz. A lesão voltou a levantar questionamentos sobre a preparação física e o departamento médico alvinegro.

Números do jogo: (Footstats)

Posse de bola – BOT 54% x 46% AME
Passes certos – BOT 326 (88%) x 216 (85%) AME
Finalizações – BOT 22 (6 no gol) x 17 (7) AME
Assistências para finalização – BOT 19 x 10 AME
Desarmes – BOT 10 x 21 AME
Interceptações – BOT 4 x 3 AME
Rebatidas – BOT 38 x 46 AME
Cruzamentos – BOT 9/27 (33%) x 13/40 (32%) AME
Lançamentos – BOT 18/38 (47%) x 15/37 (40%) AME
Viradas de jogo – BOT 0 x 1 AME
Dribles – BOT 11 x 9 AME
Perdas de posse de bola – BOT 31 x 17 AME
Faltas – BOT 6 x 16 AME
Cartões amarelos – BOT 1 x 2 AME

Fonte: Redação FogãoNET

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