Parecia mais um jogo frio para irritar a torcida, mas o Botafogo teve força para transformar em uma boa vitória. Depois de um primeiro tempo ruim, o Glorioso foi buscar uma desvantagem de 2 a 0 e venceu o Madureira por 4 a 2. Os gols da partida foram marcados por Kanu, Diego Gonçalves, Carli e Raí. O resultado ainda deu a liderança do Cariocão para a equipe nos critérios de desempate.
Enderson Moreira repetiu o time que entrou em campo no último domingo na vitória sobre o Bangu. Com as negociações por reforços travadas e alguns jogadores ainda sem condições de jogo, o treinador optou por dar sequência ao time titular. Depois da boa participação de Erison na partida do fim de semana, havia a expectativa de que o centroavante e Matheus Nascimento jogassem juntos no ataque, mas a escolha foi pela manutenção de Felipe Ferreira entre os titulares. A novidade entre os relacionados ficou por conta do volante Barreto que, de contrato renovado, começou o jogo no banco de reservas.
Com a bola rolando, a partida começou de forma diferente para o Glorioso, em relação aos primeiros dois confrontos. O Madureira escolheu jogar de maneira reativa, oferecendo a bola ao Botafogo. Defendendo em um 5-3-2, o Tricolor Suburbano travou o jogo pelas beiradas, mas ofereceu muito espaço por dentro. Nos primeiros cinco minutos, foram duas boas chegadas do ataque alvinegro. Matheus Nascimento criou excelente chance, limpando o zagueiro e finalizando por cima do gol. Percebendo o controle, o treinador adversário subiu as linhas de marcação para atrapalhar a troca de passes e a posse de bola alvinegra. Assim, a partir dos dez minutos, o jogo ficou equilibrado.
Enquanto o adversário crescia no jogo, Gatito reclamava do espaçamento da defesa, que, passivamente, via o Madureira ganhar o campo de ataque e fazer chover cruzamentos na área. Em um desses cruzamentos, aos 13 minutos, pênalti depois de falha coletiva de Daniel Borges, Carli e Kanu. O atacante Pipico cobrou e abriu o placar. O gol premiou o adversário que soube ler o cenário desvantajoso e fazer os ajustes necessários para ser competitivo no jogo.
Faltavam, então, os ajustes no Botafogo para voltar a controlar e se impor na partida. Apagado no jogo, Felipe Ferreira falhou seja na função de meia armador seja na de segundo atacante e deixou o campo como o terceiro jogador da equipe com menos ações com a bola. Vitinho e Diego Gonçalves, presos à marcação e sem encontrar situações de superioridade, pouco produziram. Coube aos volantes Fabinho e Breno ocuparem os espaços na intermediária ofensiva para ajudar na construção. Como a dupla não tem o passe como principal fundamento, foi na base da pressão que o Botafogo criou. O time também conseguiu chegar por meio dos lançamentos, explorando as costas da frágil linha de defesa do Madureira. Por duas vezes, Carli encontrou Diego Gonçalves em profundidade e gerou ataques perigosos.
Mesmo com as dificuldades na criação de jogadas, o Botafogo finalizou dez vezes (cinco certas) no primeiro tempo e o goleiro Dida foi o principal destaque da etapa inicial. Terminou ainda com 57% da posse de bola e incríveis nove cruzamentos certos (50%), o que indicava falhas no posicionamento defensivo adversário a serem melhor aproveitadas. Os jogadores do Botafogo também reclamaram bastante de marcações da arbitragem, perdendo a concentração em alguns momentos do jogo. Embora o Madureira tenha cometido 14 faltas no primeiro tempo, foi o Botafogo quem levou três cartões amarelos.
Insatisfeito, Enderson voltou com três mudanças na equipe. Carlinhos deixou o campo machucado para a entrada de Jonathan Silva, Luiz Fernando na vaga de Vitinho e o jovem Raí no lugar de Felipe Ferreira. A entrada de Raí procurou dar alternativas de jogo na faixa central do campo, como uma peça que articula as jogadas e também se aproxima do ataque para finalizar. Contudo, em apenas oito minutos, depois de novas falhas defensivas de Daniel Borges e Carli, o Madureira ampliou a vantagem para 2 a 0.
Mas a resposta veio rápida. Dois minutos depois, no décimo cruzamento certo do Botafogo no jogo, Kanu completou a cobrança de escanteio para o fundo das redes. Motivado, o Glorioso passou a pressionar e chegar com facilidade no gol adversário. Diego Gonçalves desperdiçou a primeira chance que teve, mas na segunda empatou a partida. Tabela bonita com Matheus Nascimento e chute cruzado na saída do goleiro. Em oito minutos, o Botafogo foi eficaz para aproveitar a desorganização do sistema defensivo adversário e transformar as chances em gol.
E a virada, como não poderia ser diferente, surgiu do fundamento em que o Botafogo foi mais dominante durante o jogo: o cruzamento. A equipe registrou 14 cruzamentos certos em 25 tentativas, um ótimo aproveitamento de 56%. Na segunda etapa, foram cinco cruzamentos certos em sete tentativas. Falta na lateral da área, bola levantada e Joel Carli surgiu para ganhar no alto e na sequência concluir para o gol. E ainda deu tempo para mais. Erison, que substituiu Matheus Nascimento, brigou com os marcadores, avançou no gramado, a bola sobrou para Jonathan que foi à linha de fundo e cruzou para Raí colocar números finais no placar.
A partida apresentou algumas boas notícias e levantou outros sinais de alerta. Raí tem talento e personalidade e precisa ganhar mais tempo de jogo durante o Campeonato Carioca. Matheus Nascimento quando é envolvido no jogo e conta com a movimentação e aproximação de seus companheiros cresce e mostra o motivo pelo qual existe tanta expectativa sobre seu futebol. É importante ressaltar ainda a fragilidade que a defesa alvinegra tem mostrado no começo de temporada, com seguidas falhas que resultam em gol. Daniel Borges, Carli e Kanu não começaram o ano com a mesma segurança que apresentaram durante a disputa da Série B.
Em jogo válido pela quarta rodada do Cariocão, o Botafogo vai enfrentar o Nova Iguaçu na segunda-feira (7), às 20h, no Nilton Santos.
Números do jogo: (Footstats)
Posse de bola – BOT 54% x 46% MAD
Passes certos – BOT 311 (92%) x 260 (90%) MAD
Finalizações – BOT 19 (11 no gol) x 6 (3) MAD
Assistências para finalização – BOT 15 x 3 MAD
Desarmes – BOT 15 x 12 MAD
Interceptações – BOT 2 x 1 MAD
Cruzamentos – BOT 14/25 (56%) x 3/22 (14%) MAD
Lançamentos – BOT 13/34 (38%) x 7/29 (24%) MAD
Viradas de jogo – BOT 1 x 2 MAD
Dribles – BOT 9/12 (75%) x 5/6 (83%) MAD
Perdas de posse de bola – BOT 32 x 28 MAD
Faltas – BOT 15 x 23 MAD