Análise: Botafogo joga mal sem Eduardo, mas recuperação avassaladora no final garante empate com o Santos 

Análise: Botafogo joga mal sem Eduardo, mas recuperação avassaladora no final garante empate com o Santos 
Reprodução/Premiere

O Botafogo empatou pela primeira vez no Brasileirão, mas deixou o campo da Vila Belmiro com um sabor de vitória. Depois de estar perdendo por 2 a 0 para o Santos, o time recuperou a confiança, marcou dois gols e chegou muito perto do terceiro. Sem Eduardo, lesionado, o Glorioso foi pouco criativo e intenso. A equipe reagiu no segundo tempo no momento mais complicado, retomando a concentração perdida no decorrer do jogo. A defesa alvinegra voltou a ser vazada no campeonato depois de mais de 600 minutos de bola rolando sem sofrer gols.

Além de Eduardo, o Botafogo também não contou com Victor Cuesta, suspenso. Philipe Sampaio substituiu o zagueiro argentino e formou dupla com Adryelson. Mesmo com a manutenção do canhoto Luis Segovia no elenco, Sampaio foi a opção para atuar no lado esquerdo da zaga. No meio-campo, Bruno Lage escolheu uma formação mais pesada com Danilo Barbosa, Tchê Tchê e Marlon Freitas, escalação que jogou na vitória sobre o Cuiabá. Os meias mais criativos, Diego Hernández, Lucas Fernandes e Gustavo Sauer, começaram a partida no banco.

Primeiro tempo

Para não repetir o desempenho ruim que o Botafogo com esta formação de meio-campo teve no primeiro tempo contra o Cuiabá, quando o time teve pouca presença ofensiva e Tiquinho ficou muito isolado, Lage cobrou compactação e se viu uma defesa e um ataque em bloco no Glorioso. A marcação alta incomodou a saída de bola santista e provocou chutes bem interceptados pela defesa alvinegra. Tchê Tchê foi o meio-campista mais avançado, pisando na área a todo momento, responsável até por fazer pressão sobre o goleiro João Paulo. 

O Botafogo manteve a posse de bola na casa dos 60% na primeira metade na etapa inicial, conseguiu trocar passes no campo de ataque e teve as três primeiras finalizações do jogo, todas de fora da área. Depois de cerca de 15 minutos de imposição do Glorioso, o Santos começou a encontrar caminhos para escapar da marcação alta e conduzir a bola em progressão. Aos 21 minutos, os donos da casa finalizaram pela primeira vez. 

Aos 23, em jogada de contra-ataque após descida de Di Placido pela direita, Marcos Leonardo abriu o placar. O Santos aproveitou uma postura passiva do sistema defensivo alvinegro e conseguiu explorar a profundidade às costas da linha de defesa. Jean Lucas carregou a bola sem sofrer pressão por 20 metros, cruzou a linha do meio-campo e lançou o centroavante. Philipe Sampaio voltou a cometer o erro recorrente de marcar o jogador sem prestar atenção à linha de impedimento e deu condição legal ao adversário. Marcos Leonardo ainda cortou um desesperado Adryelson antes de bater forte para abrir o placar. 

O Botafogo não reagiu bem ao gol sofrido e não conseguiu recuperar a intensidade aplicada nos primeiros minutos do jogo. A falta da criatividade e da capacidade de ocupação de espaços de Eduardo foi muito sentida. As movimentações de Tiquinho saindo da área não foram acompanhadas de infiltrações verticais dos meias e pontas, o que deu relativo alívio à defesa santista. O time voltou a finalizar somente aos 34 minutos, em chute sem direção de Júnior Santos.

O Glorioso terminou o primeiro tempo com 56% da posse de bola e quatro finalizações — nenhuma na direção do gol. Outro número que chamou atenção foram os tímidos dois desarmes e três interceptações em todo os 45 minutos iniciais, reflexo da perda de intensidade do time no decorrer do jogo. Dos dez jogadores de linha, apenas Marçal, Luis Henrique e Tiquinho registraram mais de 50% de aproveitamento nas disputas de bola pelo chão. Luis Henrique deixou o campo machucado aos 40 minutos, substituído por Victor Sá.

Segundo tempo

Matías Segovia entrou no lugar de Júnior Santos no retorno do intervalo. A entrada do paraguaio representou a tentativa de oferecer mais amplitude e aproveitar melhor as jogadas pelas laterais. Júnior participou muito do jogo, mas produziu pouco, perdendo a maior parte das disputas com o lateral-esquerdo Dodô. Com Victor Sá mais ativo e Marçal mais presente no campo de ataque, o Botafogo circulou bem a bola de lado a lado, registrando 77% da posse de bola e quatro finalizações nos primeiros 15 minutos do segundo tempo. 

Apesar do controle da posse e de uma presença ofensiva mais aguda, o Glorioso seguiu com dificuldades para encontrar passes disruptivos, o passe que quebra linhas de defesa e coloca o companheiro em boa condição. Marlon Freitas foi quem mais buscou esse tipo de jogada. Contudo, faltava um meia criativo para explorar a entrelinha e gerar incertezas na defesa adversária. A opção de Lage foi a entrada de Janderson no lugar de Danilo Barbosa. Credenciado pelas boas atuações contra o Patronato, o atacante aumentou a pressão sobre a defesa santista, mas o tome seguiu girando a bola sem encontrar espaços para enfiar a bola. Com dois atacantes altos na área, o Botafogo teve os cruzamentos como única alternativa para superar a falta de criatividade. 

O Santos abusou das quedas para interromper o jogo e conseguiu pilhar os jogadores alvinegros. Confortável em sua postura reativa, o time da casa não havia finalizado até os 36 minutos do segundo tempo e aumentou a vantagem no primeiro chute. Desatenção de Marçal na dividida com Lucas Lima e gol de Marcos Leonardo escorando cruzamento na segunda trave.

Lage colocou Lucas Fernandes e Carlos Alberto em campo logo após o gol. O atacante Carlos Alberto fez a lateral-direita no lugar de Di Placido, enquanto Lucas substituiu Tchê Tchê, mantendo a equipe em um 4-4-2. Três minutos depois, o Glorioso conseguiu explorar uma boa movimentação de desmarcação de Victor Sá com ótimo lançamento de Marçal. Janderson escorou o cruzamento com qualidade e deixou Tiquinho em boa posição para diminuir o prejuízo.

O que parecia improvável aconteceu aos 43 minutos. Depois de estar perdendo por dois gols, o Botafogo conseguiu o empate na força da bola parada. Cobrança de escanteio de Marçal e gol de Adryelson. Para além de qualquer organização tática, o time conseguiu recuperar a concentração e terminar o jogo perto de conseguir uma virada histórica.

O Botafogo volta a campo no próximo domingo (30), às 16h, contra o Coritiba no Nilton Santos. Depois de 12 rodadas sem vitórias, o Coxa registra duas vitórias e um empate nos últimos três jogos. A equipe recebe o Fluminense nesta segunda-feira (24), às 19h, no fechamento da 16ª rodada.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – SAN 37% x 63% BOT

Passes certos – SAN 207 (71%) x 408 (81%) BOT

Finalizações – SAN 7 (2 no gol) x 18 (7) BOT

Gols esperados (xG) – SAN 0.90 x 0.96 BOT

Finalizações dentro da área – SAN 4 x 10 BOT

Grandes chances criadas – SAN 2 x 2 BOT

Grandes chances perdidas – SAN 0 x 1 BOT

Defesas do goleiro – SAN 4 x 0 BOT

Cruzamentos – SAN 2/8 (25%) x 10/27 (37%) BOT

Bolas longas – SAN 27/70 (39%) x 19/39 (49%) BOT

Desarmes – SAN 19 x 8 BOT

Interceptações – SAN 18 x 5 BOT

Cortes – SAN 22 x 13 BOT

Disputas de bola vencidas – SAN 60 x 66 BOT

Disputas aéreas vencidas – SAN 10 x 21 BOT

Faltas – SAN 20 x 23 BOT

Cartões amarelos – SAN 3 x 3 BOT

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