O Botafogo poupou titulares e trouxe ótima vantagem para decidir em casa a classificação para as oitavas de final da Copa Sul-Americana. O Glorioso venceu o Patronato por 2 a 0 no Estádio Presbítero Bartolomé Grella, com gols de Carlos Alberto e Janderson. Em um gramado castigado pela chuva, houve mais luta que futebol e o Alvinegro soube tirar vantagem do melhor preparo físico e da capacidade de foco para vencer. Mesmo sem os principais nomes em campo, time manteve a solidez defensiva e deixou o campo sem sofrer gols pela oitava vez nos últimos dez jogos.
Cláudio Caçapa escolheu jogadores fortes para enfrentar o adversário e o gramado pesado. Adryelson, Tchê Tchê, Luis Henrique e Tiquinho Soares foram poupados e começaram o jogo entre os reservas. Marlon Freitas cumpriu suspensão pela expulsão contra o Magallanes. Na defesa, Philipe Sampaio formou dupla com Cuesta. Breno e Danilo Barbosa deram poder de marcação ao meio-campo alvinegro. Carlos Alberto entrou aberto pelo lado direito do ataque e Janderson foi a referência. Havia a expectativa pela primeira partida como titular de Matías Segovia, mas a preocupação com um jogo demasiadamente físico justificou a manutenção de Júnior Santos.
Se a campanha do Glorioso no Campeonato Brasileiro é fantástica, na Copa Sul-Americana o time não tem sido dominante. Nos seis jogos da fase de grupos, o Botafogo venceu dois e empatou quatro, amargando resultados frustrantes contra adversários tecnicamente inferiores. Esse histórico recente serviu para manter comissão técnica e jogadores atentos, a fim de evitar as zebras que o futebol continental costuma reservar. 12º colocado na segunda divisão argentina, o Patronato surpreendeu na Libertadores ao vencer o Atlético Nacional na Colômbia e garantir o terceiro lugar do grupo.
Primeiro tempo
Quando o jogo começou, o gramado encharcado deixou claro que apenas superioridade técnica e organização tática não seriam o bastante para o Botafogo conquistar um resultado positivo. Os buracos e as poças de água criaram armadilhas que exigiram preparo físico e concentração total na disputa da bola. O Glorioso manteve seu estilo de pressão alta na marcação para forçar erros e tentar recuperar a bola no campo de ataque, mas não teve sucesso. A construção ofensiva aconteceu a partir de lançamentos, ora buscando Janderson na luta contra os zagueiros ora acionando Júnior Santos em profundidade.
O Botafogo demorou cerca de 20 minutos para entrar no jogo e passar a controlar as ações em campo. Pelo lado esquerdo, Marçal assumiu o protagonismo para qualificar a saída de bola e trouxe também Eduardo para o jogo ao buscar mais aproximações. A equipe conseguiu criar situações para cruzar bolas na área e assim finalizou pela primeira vez aos 22 minutos, em cabeçada de Carlos Alberto. Sem condições de praticar o jogo habitual de troca de passes rápidos em progressão, as bolas paradas e os cruzamentos foram a alternativa para chegar próximo ao gol defendido por Matías Budino.
O Glorioso teve outra boa oportunidade em um cruzamento, mas um pênalti não marcado impediu o que poderia ser o gol alvinegro. Cuesta avançou pelo lado esquerdo do campo de ataque, cruzou de canhota para o centro da área e encontrou Carlos Alberto no segundo poste. Puxado pelo ombro no momento da finalização, o atacante não conseguiu se equilibrar para chutar com precisão. O árbitro boliviano não marcou e o VAR foi omisso ao não recomendar a revisão. A chance mais clara do primeiro tempo foi do Patronato, aos 42 minutos, quando Esquivel parou em grande defesa de Perri e Sampaio travou bem o rebote.
Em um jogo truncado e de pouco futebol, o Botafogo não conseguiu criar mais chances de gol no primeiro tempo. A equipe foi para o intervalo com três finalizações (duas para fora e uma bloqueada), 47% da posse de bola e apenas 55% de acerto nos passes (69/109). O aproveitamento de 20% nos dribles (2/10) também mostra a dificuldade da equipe com o gramado. Júnior Santos não foi capaz de usar seu poder físico para ajudar o time e foi quem mais perdeu a bola nos 45 minutos iniciais, desperdiçando a posse 18 vezes.
Segundo tempo
O retorno do intervalo trouxe três mudanças no Alvinegro. Entraram Luis Segovia, Hugo e Gustavo Sauer nos lugares de Victor Cuesta, Marçal e Eduardo. As substituições ocorreram por razões físicas, para evitar o desgaste excessivo de titulares importantes. Sem pilares fundamentais da estrutura da equipe, o Botafogo encontrou mais dificuldades no começo do segundo tempo, com menos posse e ainda mais problemas nas trocas de passe. A defesa apenas observou um cruzamento dos donos da casa que cruzou toda a pequena área com perigo.
Enquanto o jogo desenhava-se complicado, o Glorioso aproveitou uma desatenção do sistema defensivo adversário para sair na frente. Esperto, Janderson usou bem sua força e altura para ganhar a bola pelo alto. Na sequência, Carlos Alberto aproveitou a hesitação de dois defensores, saiu na cara do gol e bateu na saída do goleiro. Terceiro gol do atacante nos últimos três jogos. Se o desempenho técnico estava longe do que a equipe pode oferecer, o Botafogo respondeu usando a força e um nível alto de concentração para marcar o primeiro gol.
A vantagem alvinegra no placar logo expôs a fragilidade do Patronato. Precisando sair em busca do empate, os argentinos mostraram poucos recursos e muita instabilidade psicológica. A desorganização do adversário lançado ao ataque ofereceu muito espaço para o Alvinegro contra-atacar. Diego Hernández substituiu Carlos Alberto fez sua estreia atuando aberto pelo lado direito. Com muita vontade de mostrar serviço, o uruguaio foi muito participativo e, aos 19 minutos, puxou o contra-ataque que culminou no segundo gol. Hernández se livrou da poça, tocou para Di Placido que cruzou na cabeça de Janderson. Sem marcar desde a vitória sobre o Ypiranga na Copa do Brasil, o centroavante fez o seu segundo gol na temporada.
Sem qualquer poder de reação, o Patronato pouco ameaçou. Os argentinos até finalizaram mais no segundo tempo, mas não criaram chances claras de gol. Aos 34, após cruzamento na área, Esquivel chegou a diminuir o prejuízo, porém o VAR anulou o gol por impedimento.
Depois de dois jogos longe do Rio de Janeiro, o Botafogo volta ao Nilton Santos para enfrentar o Red Bull Bragantino no próximo sábado (15), às 21h. Os paulistas superaram um começo ruim e perderam apenas um dos últimos 11 jogos no Brasileirão, chegando ao sexto lugar.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – PAT 61% x 39% BOT
Passes certos – PAT 338 (71%) x 211 (50%) BOT
Finalizações – PAT 12 (3 no gol) x 8 (5) BOT
Finalizações dentro da área – PAT 8 x 6 BOT
Grandes chances criadas – PAT 2 x 4 BOT
Grandes chances perdidas – PAT 2 x 2 BOT
Cruzamentos – PAT 2/17 (12%) x 3/11 (27%) BOT
Bolas longas – PAT 29/78 (37%) x 27/67 (40%) BOT
Dribles – PAT 14/32 (44%) x 12/27 (44%) BOT
Desarmes – PAT 17 x 29 BOT
Interceptações – PAT 14 x 20 BOT
Cortes – PAT 28 x 14 BOT
Disputas de bola vencidas – PAT 49 x 65 BOT
Disputas aéreas vencidas – PAT 6 x 10 BOT
Faltas – PAT 14 x 12 BOT
Cartões amarelos – PAT 3 x 1 BOT