Análise: Botafogo não tem resposta para mudanças do Fluminense e sucumbe no segundo tempo

Análise: Botafogo não tem resposta para mudanças do Fluminense e sucumbe no segundo tempo
Vitor Silva/Botafogo

O primeiro clássico do ano reservou emoções distintas para o torcedor alvinegro. Com um sistema tático diferente, o Botafogo saiu na frente no Nilton Santos, mas viu o Fluminense crescer no jogo e virar a partida no segundo tempo. A derrota por 2 a 1 foi a primeira da temporada e jogou luz nas muitas carências técnicas do elenco alvinegro.

O Botafogo voltou a campo apenas três dias depois da partida contra o Nova Iguaçu, quando venceu sem apresentar um bom futebol. Atento ao desempenho da equipe e em busca de soluções dentro do elenco, Enderson Moreira mexeu na estrutura do time e trocou o 4-2-3-1 pelo 4-4-2 para enfrentar o Tricolor. E foram muitas alterações na escalação. O capitão Joel Carli voltou à zaga depois de cumprir suspensão. Hugo substituiu Jonathan Silva na lateral-esquerda. O volante Barreto estreou como titular na temporada, entrando no lugar de Breno. Na meia-direita, mais uma vez Luiz Fernando teve a oportunidade de mostrar serviço e ganhar sequência. E no ataque, talvez, a mudança mais aguardada, com a entrada de Erison para formar uma dupla com Matheus Nascimento.

Análise Fluminense x Botafogo Análise Fluminense x Botafogo Análise Fluminense x Botafogo

As saídas de jogadores mais baixos e franzinos, como Jonathan, Ronald e Raí, indicou o desejo do treinador por um time fisicamente mais forte para ser competitivo diante do rival. A opção por uma dupla de ataque, com o constante apoio de Diego Gonçalves, também foi ajuste para enfrentar um adversário com três zagueiros e evitar o isolamento de Matheus Nascimento, como ocorreu em jogos anteriores. Na direita, Luiz Fernando e Daniel Borges apoiaram bastante, explorando o espaço às costas do ala tricolor.

Para um dos principais problemas da equipe neste começo de temporada, a criação e o controle do jogo no setor de meio-campo, Enderson parece não ter opções no elenco para corrigir. A entrada de Barreto não solucionou a falta de apoio dos volantes na construção ofensiva do Glorioso. Fabinho subiu ao ataque com consistência, mas, por suas características, contribuiu com ultrapassagens e presença na área para finalizar. Falta na composição do grupo alvinegro um volante com visão de jogo e qualidade de passe para apoiar o ataque.

O Fluminense teve mais posse de bola (66% no primeiro tempo), mas encontrou muita dificuldade para encontrar espaços no campo ofensivo na primeira meia hora de jogo. Compacto atrás, o Botafogo encontrou em Erison e Matheus Nascimento duas boas peças para começar os contra-ataques. Com força e capacidade de girar sobre a marcação, a dupla de ataque foi fundamental para o funcionamento do jogo direto que permitiu a saída da equipe em transição rápida. Em um contra-ataque, Diego Gonçalves teve a primeira chance de gol aos seis minutos de jogo. O adversário teve em Luis Henrique a única alternativa de velocidade capaz de desequilibrar o sistema defensivo alvinegro. Os principais ataques tricolores surgiram de cruzamentos e da insegurança que a defesa do Botafogo vem apresentando nesse tipo de jogada.

O Glorioso abriu o placar após o retorno da parada técnica, aos 21 minutos. Cruzamento de Daniel Borges e cabeçada de Kanu para vencer o goleiro Marcos Felipe. Quarta assistência do lateral em 2022, líder na estatística do campeonato. O zagueiro tomou gosto pelo gol e marcou o seu segundo no Cariocão. Só depois de sofrer o gol o Fluminense aumentou a pressão e obrigou Gatito a trabalhar com frequência. O Botafogo perdeu o encaixe e a pressão no sistema defensivo e passou a permitir as chegadas perigosas do adversário. O time terminou o primeiro tempo com apenas duas finalizações e 71 passes trocados, contra apenas seis finalizações e 246 passes tricolores. Apesar de jogar a maior parte do tempo se defendendo, o Alvinegro não conseguiu um número significativo de desarmes (7) devido à queda de intensidade na metade final da primeira etapa.

Análise Fluminense x Botafogo

No retorno do intervalo, Enderson não promoveu qualquer mudança na equipe, enquanto Abel Braga mexeu duas vezes pensando em dar mais mobilidade e velocidade ao seu ataque. O Fluminense cresceu no jogo e passou a dominar a partida. O Botafogo, que teve um aproveitamento de 84% nos passes no primeiro tempo, viu esse número cair para 79% nos primeiros 20 minutos do segundo tempo. Sem acertar passes, com Luiz Fernando e Diego Gonçalves mais comprometidos com a defesa que com o ataque, a equipe não conseguiu articular nenhuma jogada ofensiva.

E os erros de posicionamento no sistema defensivo em jogadas de bola cruzadas na área voltaram a cobrar o seu preço. Aos oito minutos, em jogada de escanteio, Willian aproveitou bate-rebate na área e, livre na pequena área, empatou o jogo. Dez minutos depois, novo escanteio e Luccas Claro subiu sem marcação para virar o jogo. A dificuldade da defesa alvinegra nos cruzamentos vem sendo apontada com frequência neste início de temporada e prejudicou muito o time no primeiro duelo do ano contra um adversário mais qualificado.

Só depois de sofrer os dois gols, Enderson Moreira mexeu no time. A escolha pelas entradas de Jonathan, Vitinho e Raí para mudar o jogo evidenciam a necessidade dos tão aguardados reforços. O treinador colocou o time novamente no 4-2-3-1 buscando amplitude para voltar a conseguir jogar pelas laterais. Entraram também Breno e Gabriel Conceição. Com o adversário retraído, procurando jogar em contra-ataque, o Botafogo teve muita posse de bola nos minutos finais de jogo, mas não houve ideias, movimentações ou capacidade técnica para transformar a posse em jogadas de gol. Sem criar qualquer oportunidade de gol no segundo tempo, a equipe não incomodou o goleiro adversário e terminou com uma única finalização na etapa final.

Análise Fluminense x Botafogo

O primeiro clássico do ano foi o segundo de uma sequência cansativa de cinco jogos em 16 dias na qual o Botafogo vai enfrentar todos os rivais, contando ainda com uma viagem longa nesse período. Já no próximo domingo, às 20h, o Glorioso enfrenta o Vasco no Castelão, em São Luís (MA).

Números do jogo: (Footstats)

Posse de bola – BOT 42% x 58% FLU
Passes certos – BOT 211 (87%) x 377 (89%) FLU
Finalizações – BOT 3 (1 no gol) x 17 (7) FLU
Assistências para finalização – BOT 1 x 12 FLU
Desarmes – BOT 11 x 13 FLU
Interceptações – BOT 7 x 0 FLU
Cruzamentos – BOT 3/17 (18%) x 6/28 (21%) FLU
Lançamentos – BOT 14/41 (34%) x 6/21 (29%) FLU
Viradas de jogo – BOT 1 x 4 FLU
Dribles – BOT 8/10 (80%) x 3/3 (100%) FLU
Perdas de posse de bola – BOT 27 x 18 FLU
Faltas – BOT 13 x 17 FLU

Fonte: Redação FogãoNET

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