No Brasileirão de 2022, o Botafogo conquistou apenas 22 pontos nos 19 jogos como mandante e terminou com a terceira pior campanha dentro de casa. Vencer no Nilton Santos na estreia do campeonato era a chave para deixar esse drama no passado. E o Glorioso bateu o São Paulo por 2 a 1, com gols de Tiquinho Soares e Eduardo. O resultado dá confiança para a equipe escalar posições mais altas na tabela de classificação, mas não esconde as dificuldades e oscilações apresentadas no jogo. A partida também marcou a estreia do novo gramado sintético da casa alvinegra.
Sem os dois laterais-esquerdos do elenco disponíveis, Rafael foi a opção de Castro para a posição. Substituindo Marçal no jogo contra o Ypiranga, o lateral foi o jogador mais seguro da última linha de defesa. Outro que retomou a vaga de titular após entrar bem na partida de quarta-feira foi Danilo Barbosa. O volante tem se mostrado a melhor opção para aumentar a imposição física no meio-campo e a proteção ao miolo de zaga. Também pensando na capacidade física e recomposição defensiva, Junior Santos ganhou a vaga de Luis Henrique na ponta-esquerda. Recém-contratado, Matías Segovia foi relacionado pela primeira vez e começou o jogo no banco de reservas.
O Botafogo começou o jogo amassando o São Paulo. Rápido, intenso e com um volume de jogo impressionante, o Glorioso sufocou o adversário apertando a saída de bola e com um ataque muito vertical. O gramado logo pareceu aliado ao estilo de jogo em alta velocidade que a equipe procurou reproduzir. Logo aos três minutos, depois de intensa pressão alvinegra, Eduardo cobrou falta e Tiquinho completou de cabeça para abrir o placar. Foi o início perfeito para deixar a insegurança quanto ao desempenho como mandante para trás.
Contudo, a postura incisiva e a pressão fulminante duraram pouco mais de dez minutos. Aos 14 minutos, na primeira descida do Tricolor ao ataque, gol de Calleri após falha de Cuesta em cortar o cruzamento. Mais uma vez, o Botafogo sentiu bastante o gol e o bom momento dos minutos iniciais se inverteu. Na sequência do primeiro tempo, foi o São Paulo que controlou as ações e buscou mais o segundo gol, embora tenha mostrado dificuldades no terço final do campo. Foi pelo lado direito da defesa alvinegra que Caio Paulista e Wellington Rato criaram as melhores chances dos paulistas.
Foram dois Botafogos no primeiro tempo. Um focado, intenso e com um encaixe perfeito na pressão da marcação; outro passivo, desarticulado e frouxo na defesa. Sempre que o time subiu as linhas de forma coordenada complicou a vida do adversário, conseguiu retomar a bola no campo de ataque e criar ataques promissores. A questão é que o Glorioso sofre para conseguir regularidade e ter uma atuação constante durante uma partida ou até mesmo em um tempo de jogo. Evidente que manter o ritmo avassalador dos primeiros minutos seria impossível, mas falta à equipe uma alternativa para ser intensa em bloco baixo ou médio, sem oferecer espaços, com pegada na marcação e opções de escape em velocidade.
O Botafogo teve apenas 34% da posse de bola na etapa inicial e mesmo assim desarmou menos que o São Paulo (5 x 9). O Alvinegro também levou a pior nas disputas de bola (22 x 33), retrato da passividade que abateu a equipe no decorrer do jogo. Com a bola, a falta de articulação de jogadas de ataque foi refletida no aproveitamento de passes certos (78%).
Castro voltou com Daniel Borges e Luis Henrique para o segundo tempo nos lugares de Rafael e Gustavo Sauer. Em alta após boas atuações nos últimos jogos, Sauer sentiu a velocidade do jogo e participou pouco com e sem a bola, sobrecarregando a marcação no lado direito. O time esboçou um começo semelhante ao do primeiro tempo, teve uma boa chance com Junior Santos após cruzamento de Di Placido, mas não conseguiu repetir o ritmo forte para dominar o adversário. Logo, o São Paulo voltou a controlar a velocidade do jogo e a posse de bola. O jogo voltou a ter a cara dos 45 minutos iniciais: os paulistas com a bola, sem muitas alternativas para entrar na área alvinegra e o Botafogo muito espaçado e dependente de iniciativas individuais.
Aos 16 minutos, Lucas Fernandes substituiu Tchê Tchê. Foi a tentativa do treinador para ter mais um jogador no meio capaz de acertar passes verticais nos contra-ataques. O Glorioso conseguiu criar situações em contra-ataques, em arrancadas de Luis Henrique e Junior Santos. Apesar da dificuldade em acertar dois gestos técnicos ou tomadas de decisão consecutivas, Junior foi o jogador mais agudo do time. O ponta foi substituído aos 33 minutos pelo paraguaio Matías Segovia. Luís Segovia também saiu do banco e foi o terceiro jogador a fazer a lateral-esquerda da equipe no jogo.
Com Daniel Borges e Matías Segovia no lado direito, o time voltou a ficar vulnerável e o São Paulo criou duas chances de gol por ali. Lucas Perri apareceu bem para evitar a virada tricolor. Quando a correria diminuiu, o Botafogo levou a melhor. Depois de explorar os contra-ataques durante quase todo o jogo, foi em um ataque posicional, com os dez jogadores de linha do campo de ataque que a equipe chegou ao gol da vitória. Victor Cuesta teve espaço para chegar ao ataque e, sem sofrer pressão, encontrou Eduardo na área. De cabeça, o meia marcou seu sexto gol em sete jogos no ano e garantiu os primeiros três pontos do Glorioso no Brasileirão.
O Botafogo volta a campo na quinta-feira (20), às 21h, para enfrentar a Universidad César Vallejo no Nilton Santos, em jogo válido pela segunda rodada da Copa Sul-Americana. Os peruano ocupam a quarta colocação do campeonato local e foram derrotados pela LDU na rodada de abertura da competição continental.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 32% x 68% SAO
Passes certos – BOT 229 (78%) x 574 (89%) SAO
Finalizações – BOT 12 (3 no gol) x 16 (8) SAO
Defesas do goleiro – BOT 7 x 1 SAO
Gols esperados (xG) – BOT 0.84 x 1.86 SAO
Finalizações dentro da área – BOT 6 x 11 SAO
Grandes chances de gol – BOT 2 x 2 SAO
Grandes chances perdidas – BOT 1 x 1 SAO
Desarmes – BOT 10 x 16 SAO
Interceptações – BOT 17 x 6 SAO
Cortes – BOT 18 x 15 SAO
Duelos ganhos – BOT 46 x 61 SAO
Duelos aéreos ganhos – BOT 11 x 10 SAO
Cruzamentos – BOT 3/16 (19%) x 4/18 (22%) SAO
Bolas longas – BOT 20/45 (44%) x 36/58 (62%) SAO
Dribles – BOT 15/22 (68%) x 15/19 (79%) SAO
Perdas de posse de bola – BOT 109 x 114 SAO
Faltas – BOT 20 x 13 SAO
Cartões amarelos – BOT 3 x 2 SAO