O Botafogo perdeu para o Internacional por 3 a 1 e encerrou a triste temporada de 2023 com uma sequência de 11 jogos sem vencer. O aproveitamento 29,8% – três vitórias, oito empates e oito derrotas – no segundo turno contrastou com os 82,5% da primeira metade do Brasileirão. A campanha alvinegra nos últimos 19 jogos do campeonato foi melhor apenas que a dos rebaixados Goiás, Coritiba e América. No Beira-Rio, o Glorioso repetiu erros defensivos provocados por desatenções e a absoluta ineficiência ofensiva para criar ocasiões de gol.
Entre lesões, suspensões e escolhas da comissão técnica, Tiago Nunes escalou um time misto para a despedida da temporada. O treinador voltou a montar a equipe em um 4-3-3. Enquanto Danilo Barbosa atuou em sua posição original no meio-campo, o miolo de zaga foi formado por Philipe Sampaio e Victor Cuesta, com Tchê Tchê e Hugo completando a linha de defesa nas laterais. Marlon Freitas e Eduardo foram os meias com mais responsabilidades ofensivas. No ataque, uma formação inédita e toda reserva: Carlos Alberto, Janderson e Luis Henrique.
Primeiro tempo
O duelo entre a decepção alvinegra e a falta de motivação colorada resultou em um jogo morno, disputado entre as intermediárias do campo. O Botafogo não teve jogadas pelas laterais e circulou a bola com passes lentos e sem objetivo. O Glorioso até conseguiu as primeiras finalizações e chegou perto de abrir o placar com uma cabeçada de Cuesta defendida por Rochet. Mas o frágil e disperso sistema defensivo da equipe não resistiu às primeiras chegadas mais agudas dos gaúchos.
Aos 18 minutos, Maurício girou em cima da marcação frouxa de Hugo na esquerda e cruzou para a área. Philipe Sampaio perdeu contato com Enner Valencia e com a bola, caiu na dividida com o atacante e deixou o equatoriano livre para marcar o gol. Na primeira finalização do jogo, o Internacional expôs a defesa desnorteada do Glorioso. Aos 23, a apatia do sistema defensivo ficou ainda mais clara em uma troca de passes dos gaúchos que envolveu todo o sistema defensivo e terminou com Alan Patrick marcando o gol enquanto todos os alvinegros apenas observavam o lance. O gol foi anulado por impedimento com auxílio do VAR.
Mesmo com resultados parciais que favoreciam o Botafogo na disputa por uma vaga direta na próxima Libertadores, o time não foi capaz de oferecer qualquer resposta em campo. Sem qualquer opção para atacar a profundidade, o abatimento coletivo foi refletido em tentativas indolentes de atacar. Luis Henrique foi, mais uma vez, o rosto da displicência alvinegra. Disperso, o ponta foi pego em impedimento duas vezes, ganhou apenas 25% das disputas de bola e perdeu a posse sete vezes.
O Glorioso não produziu nada coletivamente. Fora a cabeçada de Cuesta, aos 12 minutos, Rochet só precisou trabalhar em um lançamento para Janderson em profundidade que terminou em uma saída errada do goleiro. O centroavante foi peça nula no jogo da equipe no primeiro tempo. Tocou apenas 16 vezes na bola, errou metade dos oito passes que tentou e levou a pior no duelo com Mercado, sem conseguir prender a bola ou criar brechas na defesa adversária com movimentações.
Segundo tempo
O Botafogo foi para o intervalo a dois pontos de distância de Atlético Mineiro e Flamengo que também perdiam os seus jogos ao final da primeira etapa. Tiago não mexeu durante o intervalo, mantendo o trio de ataque titular Júnior Santos, Victor Sá e Tiquinho Soares no banco de reservas. E o Glorioso conseguiu empatar o jogo no primeiro minuto de bola rolando. Janderson subiu alto para aparar cruzamento de Marlon Freitas e colocar a bola no canto direito do goleiro colorado.
Ânimo novo na disputa por um lugar no G4? Não! Apenas três minutos depois, Perri voltou a errar em uma saída de bola e, em um cruzamento de Gabriel Barros, a deficiência de fundamentos defensivos de Hugo custou caro de novo. Alan Patrick não foi incomodado pelo lateral, dominou de pé direito e finalizou cruzado com a mesma perna no contrapé do goleiro alvinegro.
E não parou aí. Aos sete minutos, foi a vez de Cuesta errar o domínio e Pedro Henrique correr todo o campo de ataque sem qualquer combate até finalizar na saída de Perri. O Botafogo saiu de um empate que o colocava na luta pela vaga direta à fase de grupos da Libertadores para a realidade melancólica do time no segundo turno do campeonato.
O treinador esperou os 20 minutos da etapa final para fazer as primeiras substituições. Colocou o trio Júnior Santos, Victor Sá e Tiquinho nas vagas de Carlos Alberto, Luis Henrique e Marlon Freitas. Mudanças que organizaram o time em um 4-2-4 que pouco deu resultado em situações de desvantagem na temporada. JP e Matheus Nascimento substituíram Eduardo e Janderson para ter um meio-campo mais dinâmico e fôlego novo no ataque.
O que nenhuma mudança conseguiu foi resgatar a energia, a alma que o Botafogo perdeu no decorrer do segundo turno do campeonato. O Glorioso atingiu a sua pior sequência de jogos sem vencer da história dos pontos corridos, igualando os 11 jogos sem vitórias das temporadas 2004 e 2009.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – INT 54% x 46% BOT
Passes certos – INT 494 (87%) x 411 (87%) BOT
Finalizações – INT 7 (3 no gol) x 9 (5) BOT
Gols esperados (xG) – INT 1.29 x 0.39 BOT
Finalizações dentro da área – INT 7 x 5 BOT
Grandes chances criadas – INT 2 x 0 BOT
Grandes chances perdidas – INT 0 x 0 BOT
Cruzamentos – INT 4/5 (80%) x 6/24 (25%) BOT
Bolas longas – INT 20/41 (49%) x 32/54 (59%) BOT
Desarmes – INT 13 x 10 BOT
Interceptações – INT 8 x 12 BOT
Cortes – INT 22 x 3 BOT
Disputas de bola vencidas – INT 37 x 38 BOT
Disputas aéreas vencidas – INT 10 x 10 BOT
Faltas – INT 10 x 10 BOT
Cartões amarelos – INT 1 x 2 BOT