Análise: Botafogo repete erros, perde o foco e desperdiça chance de vitória no Chile

Elenco em Magallanes x Botafogo | Copa Sul-Americana 2023
Reprodução/Paramount+

Atuação frustrante não é mais manchete neste início de temporada do Botafogo e na estreia na Sul-Americana não foi diferente. Jogando com um jogador a mais durante quase todo o segundo tempo, o Alvinegro não passou de um empate em 2 a 2 com o Magallanes, antepenúltimo colocado do Campeonato Chileno. O Glorioso esteve à frente do marcador por duas vezes, mas cedeu o empate em erros individuais e coletivos. Mais uma vez, faltaram organização, concentração e ímpeto dentro de campo. Fora de campo, da parte de Luís Castro, faltaram alternativas para mudar o jogo na etapa final. 

O Botafogo voltou a disputar uma competição continental quatro anos depois da última participação na Copa Sul-Americana. Para este retorno ao futebol internacional, o treinador Luís Castro seguiu mexendo nas três posições indefinidas no time titular. No meio-campo, Gabriel Pires voltou ao onze inicial depois de um mês – ou cinco jogos – começando entre os reservas. Neste período, Marlon Freitas e Lucas Fernandes não tiveram um rendimento regular e Gabriel reconquistou seu espaço. No entanto, o meia repetiu atuações pouco inspiradas, em um ritmo abaixo do jogo.

Nas pontas, as apostas da vez foram Gustavo Sauer e Victor Sá. Depois de não aproveitar as chances que recebeu no começo da temporada, Sauer parecia fora dos planos de Castro. Até marcar o gol da vitória sobre o Audax no último domingo, amargou cinco jogos seguidos do Carioca sem sair do banco de reservas. Victor retornou ao time após cerca de três semanas afastado por lesão. A opção pelo ponta na vaga de Luis Henrique pode ter passado pela maior capacidade de recomposição, mas Victor não fez um bom jogo com ou sem a bola.

O time chileno procurou construir as jogadas a partir da defesa desde os primeiros minutos, mas mostrando alguma incerteza e hesitação nas trocas de passe. O Botafogo subiu a marcação e tentou a recuperação da bola no campo de ataque para aproveitar os vacilos do adversário e logo teve sucesso. Foram três desarmes no campo ofensivo nos primeiros dez minutos. Aos cinco minutos, o goleiro Gastón Rodríguez errou o domínio e Tiquinho foi esperto para marcar o gol. 

Contudo, o Glorioso não soube aproveitar o bom momento para crescer no jogo e tentar aumentar a vantagem. O time diminuiu a pressão e permitiu a troca de passes do Magallanes que chegou a ter 65% de posse no primeiro tempo. A combinação de uma marcação frouxa com a falta de proteção à última linha de defesa tem sido um dos pesadelos alvinegros neste início de ano. Mesmo com um miolo de zaga muito seguro, adversários mais frágeis tecnicamente conseguem colocar o Botafogo contra as cordas ao explorar as debilidades na transição defensiva do time. 

Aos 16 minutos, o Magallanes empatou o jogo. Um erro de domínio de Victor Sá gerou um lançamento que parecia sob controle, mas Di Placido vacilou e cedeu a bola aos chilenos. Correndo para trás, a defesa alvinegra, especialmente Tchê Tchê e Gabriel Pires, não conseguiu proteger a entrada da área e assistiu a um cruzamento rasteiro encontrar Canales livre para marcar o gol. Sem Danilo Barbosa, não há no elenco um meia capaz de entregar de aliar força física, poder de marcação e qualidade com a bola nos pés.

O Botafogo voltou a ter chances com Tiquinho e Victor Sá, mas foi para o intervalo devendo muito futebol. Contra um adversário que gosta de ter a bola, faltaram passes e movimentações para quebrar as linhas de marcação em contra-ataque. Foram 15 tentativas de lançamento e apenas três acertos. O aproveitamento de passes (81%) também foi abaixo da média, indicando a dificuldade de buscar aproximações e linhas de passe mais claras para avançar no campo.

O segundo tempo começou com uma expulsão no lado do Magallanes aos seis minutos. Carlos Villanueva acertou Eduardo por trás e foi expulso após intervenção do VAR. Com um a mais, o Botafogo teve tudo para tomar conta do jogo. No minuto seguinte, Tiquinho fez ótimo pivô e serviu Gabriel Pires, que apareceu pisando na área pela primeira vez. Pires perdeu o gol, mas sua maior presença no ataque foi uma boa notícia. Aos 12, mais uma chance perdida pelo meia em jogada de Gustavo Sauer. Na cobrança de escanteio, Gabriel escorou de peito e Eduardo encheu o pé para marcar o segundo gol.

Com mais espaço e mais peças no campo de ataque, Tiquinho cresceu no jogo e mostrou seu potencial subutilizado no time espaçado e desorganizado deste início de ano. Com movimentações ao seu redor, o centroavante tem muita qualidade para distribuir passes disruptivos e ser não apenas um finalizador, mas também um garçom que deixa seus companheiros na cara do gol.

Apesar da vantagem em campo e no placar, o Botafogo não conseguiu controlar o jogo. O Magallanes conseguiu criar chances em jogadas em que a defesa alvinegra estava posicionada, mas desatenta. Di Placido, em especial, teve uma atuação defensiva muito ruim e deixou o campo tendo vencido apenas uma disputa de bola das seis em que esteve envolvido. O lateral foi substituído por Rafael. Para renovar o fôlego e tentar se impor no jogo, Castro também trocou Gabriel Pires e Gustavo Sauer por Marlon Freitas e Carlos Alberto.

Novamente, a oscilação radical de foco e intensidade dentro do jogo custou caro ao Botafogo. Assusta a quantidade de erros de fundamento básicos que surgem quando o time sente-se pressionado durante um jogo. Uma sucessão de passes errados, domínios ruins, escolhas de jogadas inexplicáveis. Aos 29 minutos, de um passe errado provocado pela desatenção de Tchê Tchê, Contreras empatou novamente a partida.

Os chilenos baixaram as linhas para segurar o bom empate diante das circunstâncias. Contra a defesa postada, ficou nítida a ausência de ideias para furar o bloqueio. O Botafogo não conseguiu nem mesmo pressionar, levantar bolas na área, empurrar ‘na marra’ o adversário contra o próprio gol. Lucas Fernandes e Luis Henrique foram as últimas substituições, mas pouco acrescentaram.

O Botafogo volta a campo no próximo domingo em seu último compromisso pelo Campeonato Carioca. Em Volta Redonda, a equipe enfrenta o Audax e pode garantir com um empate a vaga direta para a Copa do Brasil de 2024.

Números do jogo: (Footstats)

Posse de bola – MAG 52% x 48% BOT

Passes certos – MAG 297 (86%) x 325 (88%) BOT

Finalizações – MAG 9 (4 no gol) x 15 (7) BOT

Cruzamentos – MAG 3/12 (25%) x 5/19 (26%) BOT

Lançamentos – MAG 13/40 (32%) x 9/29 (31%) BOT

Desarmes – MAG 7 x 10 BOT

Interceptações – MAG 3 x 3 BOT

Rebatidas – MAG 37 x 30 BOT

Dribles – MAG 4 x 2 BOT

Perdas de posse de bola – MAG 23 x 17 BOT

Faltas – MAG 17 x 10 BOT

Cartões amarelos – MAG 2 x 4 BOT

Cartões vermelhos – MAG 1 x 0 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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