Análise: Botafogo segura melhor ataque do campeonato e conquista vitória categórica sobre Palmeiras no talento de Tiquinho

Elenco em Palmeiras x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

A liderança do Botafogo no Brasileirão não é por acaso. O Glorioso enfrentou o então vice-líder Palmeiras fora de casa e venceu por 1 a 0, gol de Tiquinho Soares. Com um terço do campeonato disputado, o Alvinegro se impôs em um dos palcos mais hostis do futebol brasileiro e afastou, definitivamente, qualquer dúvida sobre a capacidade da equipe seguir disputando o título nacional. O time suportou a pressão no primeiro tempo, saiu em vantagem e mostrou maturidade na etapa final para conquistar a vitória.

Luís Castro não surpreendeu na escalação inicial. As boas notícias foram a presença de Adryelson no time titular, depois de ter deixado o campo com dores na última quinta-feira, e o retorno de Eduardo após cumprir suspensão automática. Com a previsão de um confronto duro e muito disputado nas beiradas do campo, o treinador escolheu manter Júnior Santos entre os titulares, apesar da má fase do ponta. Castro confiou na recuperação da confiança de Júnior e na entrega tática do ponta, auxiliando Rafael na difícil tarefa de marcar Dudu.

Análise Palmeiras 0 x 1 Botafogo

O Botafogo começou o jogo com mais posse de bola, tentando tirar a velocidade do jogo e frear a pressão inicial do Palmeiras. A estratégia de não entrar no ritmo proposto pelos donos da casa visava não oferecer brechas e espaços nas costas da defesa para que os paulistas atacassem em velocidade. Pelo lado direito do sistema defensivo alvinegro, Dudu foi muito acionado e travou bom duelo com Rafael. O lateral teve ótima postura defensiva e terminou o primeiro tempo com cinco cortes e três desarmes.

Com a bola, o Glorioso pouco criou. Eduardo teve dificuldades de encontrar espaço entre a marcação de Zé Rafael e Richard Rios para poder receber a bola em zonas livres de pressão. Com o principal articulador de jogadas sumido, as bolas longas na direção de Tiquinho Soares foram a única alternativa para sair do campo de defesa. A partir dos 15 minutos, o ritmo do jogo mudou e o Palmeiras passou a ficar mais com a bola, procurando inversões para encontrar os pontas em situações de um contra um.

O Palmeiras já acumulava cinco finalizações aos 27 minutos, incluindo uma boa chance de gol desperdiçada por Rony. O Botafogo ainda não tinha finalizado e pouco frequentava o campo de ataque. Júnior Santos conseguiu excelente arrancada em contra-ataque, ultrapassando dois adversários e parando na falta do terceiro. No rebote da cobrança, a bola encontrou os pés de Tiquinho que cortou a marcação e bateu cruzado de canhota para vencer o goleiro Weverton. No primeiro chute a gol, o Glorioso saiu na frente.

A vantagem no placar deu tranquilidade para o Botafogo assumir de vez a postura reativa, baixar as linhas e esperar o momento certo de atacar. O Alviverde abusou dos cruzamentos (14 no primeiro tempo) e conseguiu criar lances perigosos a partir do jogo aéreo. Enquanto Adryelson foi a fortaleza habitual na proteção da área, Lucas Perri mostrou uma insegurança incomum em alguns lances e chegou a falhar no cruzamento que terminou em cabeçada de Gustavo Gomez para o gol, depois anulado pelo VAR por impedimento.

O Glorioso foi para o intervalo com a vantagem mínima e apresentando a maturidade coletiva que tem garantido pontos na classificação. Dentro do contexto de cada partida, nem sempre é possível jogar com plasticidade, envolvendo o adversário, controlando as ações do jogo. Um time bem estruturado, com consciência de virtudes e limitações, sustenta a pressão para que as individualidades possam se destacar e fazer a diferença. Assim, o Botafogo segurou o melhor ataque do campeonato e aproveitou o talento de Tiquinho.

O segundo tempo começou com as entradas de Danilo Barbosa e Matías Segovia nos lugares de Tchê Tchê e Júnior Santos. Tchê Tchê deixou o campo por já ter recebido um cartão amarelo. Já a troca dos pontas foi uma escolha por estilos diferentes. Castro entendeu que seria mais útil para a equipe um jogador com maior capacidade de circulação, leitura de espaços e jogo apoiado que um ponta de força e ataque vertical. Uma diferença fundamental: Segovia pensa primeiro na construção coletiva, enquanto Júnior no lance individual. Sempre partindo da direita para dentro, o paraguaio procurou envolver os companheiros em tabelas e triangulações.

O Botafogo manteve a segurança defensiva que limitou o Palmeiras a cruzamentos — já menos perigosos no segundo tempo —, melhorou o aproveitamento nos passes e foi capaz de trabalhar melhor a bola no ataque. Aos 14 minutos, em contra-ataque fulminante puxado por Segovia e Eduardo, Victor Sá perdeu chance incrível de marcar o segundo. Os paulistas se lançaram ao ataque e deixaram espaço na defesa para os contra-ataques. Castro trocou Victor Sá por Luis Henrique para renovar o fôlego e manter a capacidade de atacar a verticalidade.

Rafael também deixou o campo, substituído por Di Placido. Com pouco tempo em campo, aos 34 minutos, o argentino vacilou na marcação e cometeu pênalti. Na cobrança, Rafael Veiga chutou para fora. A “sorte” acompanhou a competência do sistema defensivo alvinegro. O Palmeiras, com toda a urgência pelo resultado, finalizou somente sete vezes — uma única na direção do gol — no segundo tempo. Desde o empate em 0 a 0 com o São Paulo em janeiro, válido pela terceira rodada do Paulistão, o Alviverde não saia de um jogo no Allianz Parque sem marcar gols.

Análise Palmeiras 0 x 1 Botafogo

O Botafogo volta a campo na próxima quinta-feira (29), às 21h, contra o Magallanes pela Copa Sul-Americana. O Alvinegro joga para manter a primeira colocação do grupo e garantir a classificação direta para as oitavas de final da competição. O Magallanes é o lanterna do Campeonato Chileno e não vence há nove jogos.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – PAL 64% x 36% BOT
Passes certos – PAL 384 (82%) x 197 (71%) BOT
Finalizações – PAL 15 (4 no gol) x 6 (2) BOT
Gols esperados (xG) – PALI 2.81 x 0.75 BOT
Finalizações dentro da área – PAL 11 x 5 BOT
Grandes chances criadas – PAL 2 x 1 BOT
Grandes chances perdidas – PAL 2 x 1 BOT
Desarmes – PAL 17 x 18 BOT
Interceptações – PAL 6 x 5 BOT
Cortes – PAL 10 x 50 BOT
Cruzamentos – PAL 8/49 (16%) x 1/8 (13%) BOT
Bolas longas – PAL 26/52 (50%) x 18/54 (33%) BOT
Disputas de bola vencidas – PAL 64 x 65 BOT
Disputas aéreas vencidas – PAL 23 x 18 BOT
Faltas – PAL 17 x 14 BOT
Cartões amarelos – PAL 0 x 3 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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