O Botafogo foi ao Paraguai com o time cheio de reservas e segurou o empate em 0 a 0 com o Guaraní-PAR para avançar às quartas de final da Copa Sul-Americana. Em um jogo truncado, com muitos erros de passe e poucas chances de gol, o Glorioso mais uma vez saiu de campo sem sofrer gols graças a mais uma boa atuação dos pilares defensivos da equipe. Marçal foi seguro na marcação, Adryelson terminou o jogo com 14 cortes e Gatito apareceu bem quando foi exigido. O Glorioso vai enfrentar o Defensa y Justicia na próxima fase da competição.
O desgaste físico acumulado nas últimas partidas levou Bruno Lage a poupar jogadores importantes e lançar um time misto. No intervalo de oito dias, o Botafogo fez seu terceiro jogo no mês de agosto, incluindo duas viagens para atuar como visitante. Gatito fez sua terceira partida como titular na Copa Sul-Americana e Lucas Perri foi preservado pelas dores no joelho direito. Na defesa, JP e Philipe Sampaio entraram nos lugares de Di Placido e Victor Cuesta.
Do meio para frente, Tchê Tchê foi o único titular mantido em sua função habitual, formando dupla com Danilo Barbosa. Júnior Santos, outro titular da equipe, foi a opção do treinador para substituir Tiquinho Soares no comando do ataque. Lucas Fernandes voltou a ganhar oportunidade como meia de criação, deixando Gustavo Sauer no banco. Nas beiradas, Matías Segovia e Diego Hernández completaram a escalação.
Primeiro tempo
Com a vantagem conquistada no jogo de ida, Lage montou o Glorioso para jogar em velocidade e aproveitar a necessidade do adversário em sair para vencer o jogo. Segovinha, Hernández e Júnior Santos foram as escolhas para atacar a última linha de defesa do adversário. O ponta paraguaio foi quem mais conseguiu levar vantagem sobre a marcação no começo do jogo, levando o foco da criação para o lado direito do campo. Nesse sentido, a opção tática por Lucas Fernandes foi por um jogador capaz de compor o meio-campo e distribuir passes de ruptura, em detrimento a um segundo atacante mais próximo de Júnior. No entanto, o meia teve dificuldade para encontrar espaço para receber a bola e ser produtivo.
O Botafogo começou o jogo com menos posse, mas aos poucos foi valorizando o tempo de bola nos pés e disputando o controle do ritmo da partida. O time esbarrou em um número alto de erros de passe, natural pela falta de entrosamento dos jogadores em campo. Com dificuldades de entrar na área do adversário, as finalizações de fora da área de Segovia foram a alternativa para tentar o gol. A equipe também explorou os cruzamentos, mas não conseguiu povoar a área para ter mais chances de sucesso nesse tipo de jogada. Isolado, Júnior Santos levou a pior nas disputas com a defesa.
O Guaraní também não apresentou muitas alternativas para chegar ao gol. A ligação direta procurando Federico Santander na referência foi a jogada mais assertiva dos paraguaios. O centroavante conseguiu levar a melhor sobre Philipe Sampaio no alto e criar ataques agudos para os donos da casa. A melhor chance dos aurinegros surgiu de um erro de leitura do zagueiro aos 44 minutos, que permitiu duas finalizações perigosas de Romeo Benítez, uma delas carimbando a trave.
JP machucou o braço direito e deixou o campo aos 21 minutos. Di Placido entrou e ofereceu mais segurança no setor. O lateral também aproveitou o espaço que o adversário cedia na entrada da área e conseguiu uma finalização perigosa. Das cinco finalizações do Glorioso no primeiro tempo (todas para fora), três foram de fora da área. Faltou ao time aproveitar melhor a frouxidão dos paraguaios na marcação para criar oportunidades de finalização. Faltou um meia mais incisivo, com melhor capacidade de leitura de espaços para gerar apoios para tabelas e triangulações.
Segundo tempo
Lage fez uma dupla substituição no intervalo. O treinador tirou Tchê Tchê e Matías Segovia para as entradas de Marlon Freitas e Luis Henrique. A entrada de Marlon se justifica pelo seu ótimo aproveitamento nos lançamentos e seus dez centímetros a mais de altura, importantes na defesa de bolas aéreas. A saída de Segovinha é mais difícil de ser explicada. O ponta caiu de rendimento no decorrer do primeiro tempo, mas foi um dos jogadores mais agudos do time. Possivelmente, Lage procurou reforçar o suporte aos laterais na marcação, com Diego Hernández no lado direito e Luis Henrique na esquerda. O Guaraní tentou 19 cruzamentos na etapa inicial.
A proposta de jogo continuou a mesma e as dificuldades também. O Botafogo seguiu aproveitando pouco as beiradas do campo, sem gerar situações de superioridade, sem ocupar a entrada da área, incomodando pouco o miolo de zaga paraguaio. Aos 18 minutos, Carlos Alberto substituiu Diego Hernández e deslocou Júnior Santos para o lado direito do campo. Ficou evidente a opção do treinador por jogadores de velocidade para aproveitar os contra-ataques. Luis Henrique conseguiu se destacar com confiança nas jogadas individuais e criou boa chance aos 22 minutos. Carlos Alberto conseguiu ser mais efetivo que Santos no comando do ataque.
O Guaraní se lançou ao ataque e ficou cada vez mais exposto aos contra-ataques. A troca de Lucas Fernandes por Gustavo Sauer ocorreu apenas aos 31 minutos, depois da equipe desperdiçar uma situação de quatro atacantes contra apenas dois defensores. Melhor na condução da bola em velocidade, Sauer entrou para refinar a transição ofensiva do time, atrapalhada pelos erros de passe e por decisões ruins na hora da definição. No final, foi Gatito que apareceu com destaque para garantir a classificação.
O Botafogo avança para enfrentar o Defensa y Justicia nas quartas de final da Copa Sul-Americana. O time de Buenos Aires é o sexto colocado no Campeonato Argentino e venceu sete dos oito jogos disputados na competição continental. Os jogos serão disputados nas semanas dos dias 23 e 30 de agosto.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – GUA 43% x 57% BOT
Passes certos – GUA 196 (67%) x 319 (78%) BOT
Finalizações – GUA 14 (3 no gol) x 11 (1) BOT
Finalizações dentro da área – GUA 11 x 7 BOT
Grandes chances criadas – GUA 1 x 1 BOT
Grandes chances perdidas – GUA 1 x 1 BOT
Cruzamentos – GUA 11/36 (31%) x 4/14 (29%) BOT
Bolas longas – GUA 27/63 (43%) x 27/58 (47%) BOT
Dribles – GUA 8/11 (73%) x 11/19 (58%) BOT
Desarmes – GUA 18 x 11 BOT
Interceptações – GUA 8 x 9 BOT
Cortes – GUA 19 x 35 BOT
Disputas de bola vencidas – GUA 59 x 55 BOT
Disputas aéreas vencidas – GUA 23 x 16 BOT
Faltas – GUA 21 x 12 BOT
Cartões amarelos – GUA 2 x 4 BOT