O Botafogo lidera o Campeonato Brasileiro com dez pontos para o vice-líder ao final da 14ª rodada. Caçador de invencibilidades, o time voltou a enfrentar e vencer um concorrente direto ao bater o Grêmio por 2 a 0 em Porto Alegre. O Glorioso sofreu com o ataque Tricolor no primeiro tempo e as intervenções do treinador-interino Cláudio Caçapa foram fundamentais para a equipe alcançar a vitória na segunda etapa. Com participação decisiva nos dois gols, Matías Segovia foi peça central no triunfo alvinegro. Na defesa, o Alvinegro chegou ao quinto jogo seguido sem sofrer gols na competição.
Caçapa deu sequência ao trabalho e manteve a escalação que derrotou o Vasco por 2 a 0 no último domingo. A única mudança foi a entrada de Di Placido no lugar de Rafael na lateral direita. Depois de 39 dias afastado por uma lesão no ligamento colateral lateral do joelho direito, Marçal voltou a ser relacionado e começou a partida entre os reservas. Hugo foi mantido como titular na lateral-esquerda. Outra novidade entre os suplentes foi o meia-atacante uruguaio Diego Hernández, que treina com o grupo desde maio e foi regularizado na abertura da janela de transferências.
O Grêmio iniciou a 14ª rodada como o time com o melhor ataque como mandante, com 17 gols marcados na Arena, uma média de 2,43 gols por jogo. Esse ímpeto ofensivo dos gaúchos dentro de casa foi aplicado desde os primeiros minutos da partida. Em uma formação com três zagueiros que oferece muita liberdade aos alas, o Tricolor explorou muito as laterais do campo, utilizando inversões para criar situações de superioridade no lado mais despovoado do gramado. O Glorioso não conseguiu defender a profundidade que os alas adversários ofereciam e viu João Pedro e Reinaldo levarem a melhor sobre Di Placido e Hugo. Logo aos três minutos, Reinaldo teve a primeira chance de finalizar cruzado e levar perigo ao gol de Lucas Perri.
O Botafogo encontrou dificuldades para encaixar a marcação e manter a posse do adversário distante da área. Foram sete finalizações do Grêmio na primeira metade da etapa inicial, incluindo uma boa oportunidade desperdiçada por Luis Suárez. Na tentativa de equilibrar numericamente a última linha da defesa alvinegra, Júnior Santos chegou a fazer o papel de um lateral-direito em certas ocasiões, compondo uma linha de cinco improvisada com Di Placido fechando por dentro. Contudo, essa e outras compensações do sistema defensivo em busca de ajustes provocaram uma desorganização incomum na melhor defesa do campeonato.
O Glorioso conseguiu esfriar o jogo e oferecer menos chances a partir dos 20 minutos. O respiro na defesa permitiu que a equipe buscasse saídas no ataque, no momento em que Eduardo e Tiquinho apareceram mais no jogo. Aos 24, o Alvinegro chegou a abrir o placar em jogada de bola parada, mas o gol foi anulado por impedimento após quatro minutos de análise do VAR. Aos 37, Eduardo bateu de fora da área depois de boa jogada individual e conseguiu a única finalização do time na direção do gol no primeiro tempo. Novamente, Júnior Santos e Luis Henrique ajudaram pouco na fase ofensiva, com decisões ruins e erros técnicos.
O Grêmio voltou a ter volume de jogo na reta final do primeiro tempo e obrigou Lucas Perri a trabalhar. Não defendendo finalizações, já que os gaúchos também acertaram apenas um dos 12 chutes no gol. O goleiro alvinegro foi importante cortando cruzamentos por cima e por baixo. Outro destaque foi Adryelson: impecável na proteção da área, foi para o intervalo com oito cortes e foi protagonista de um duelo em alto nível com Suárez.
O Botafogo sobreviveu ao primeiro tempo e essa também é uma virtude dos times vitoriosos. O popular “saber sofrer” é a capacidade de não sucumbir à pressão do adversário para seguir competindo nos momentos de dificuldade. Caçapa entendeu as dificuldades e promoveu duas alterações no intervalo, com as entradas de Marçal e Matías Segovia. Marçal era uma alteração óbvia para melhorar o enfrentamento com João Pedro no setor, especialmente por Hugo ter sido advertido com um cartão amarelo no primeiro tempo. Já ‘Segovinha’ foi uma alternativa para explorar a vantagem no um contra um para cima de Kannemann no espaço às costas de Reinaldo.
Com as mudanças, o Glorioso melhorou e equilibrou o jogo. A nítida opção de ataque pelo lado direito ofereceu maior capacidade de troca de passes e, consequentemente, de retenção da posse de bola no campo de ataque. Foram quatro finalizações nos 12 minutos iniciais do segundo tempo, entre elas uma grande chance com Tchê Tchê que parou no goleiro Gabriel Grando. No entanto, o Tricolor não parou de atacar e também conseguiu mais oportunidades claras de gol. Primeiro com Suárez acertando a trave aos cinco minutos; depois, aos 17, quando Perri impediu o gol do centroavante uruguaio e de Reinaldo no rebote.
Aos poucos, o Botafogo foi tomando conta do jogo, ocupando o campo de ataque a partir da ótima circulação da bola de um lado ao outro do gramado. A organização coletiva impulsionou o desempenho de todos os jogadores alvinegros. O Grêmio, sem alternativas, passou a jogar em contra-ataques e Renato Gaúcho fez substituições nesse sentido. Mas se os donos da casa não conseguiram aproveitar seu momento de superioridade para marcar gols, o Glorioso foi cirúrgico para transformar o controle (o time tinha 64% da posse de bola no segundo tempo no momento do gol) em vantagem no placar. Em jogada pelo lado direito, aos 29 minutos, Matí Segovia lutou pela posse contra o zagueiro, Di Placido retomou, foi à linha de fundo para cruzar e encontrou Eduardo livre na área para finalizar cruzado de perna direita e vencer o goleiro. Nono gol do meia na temporada.
Fundamental destacar o trabalho de ‘Segovinha’ no segundo tempo. O lance do gol surge a partir de uma infiltração do paraguaio atacando a última linha adversária. O jovem ponta oferece mais ao time do ponto de vista técnico, tático e, até mesmo, mental, em comparação ao que Júnior Santos pode agregar com sua força e velocidade. Segovia já se credencia à titularidade para mostrar se pode sustentar esse nível de atuação com regularidade.
O Grêmio não teve resposta ao gol sofrido e o Botafogo solidificou seu bom momento para assegurar a vitória. Caçapa reforçou a marcação no meio-campo com as entradas de Danilo Barbosa e Danilo Barbosa. Carlos Alberto substituiu Tiquinho e foi a última alteração. O atacante repetiu o roteiro da vitória sobre o Vasco e assegurou os três pontos com um gol nos minutos finais. Em jogada com Marlon Freitas, Matí Segovia foi o arco e lançou bola certeira para o volante em profundidade. Mais uma prova de que o paraguaio é mais que apenas um driblador. Marlon cruzou para trás e encontrou Carlos Alberto livre para definir a vitória.
O Botafogo segue direto para a Argentina onde enfrenta o Patronato na próxima quarta-feira (12), às 19h, pela Copa Sul-Americana. Em 12º lugar na segunda divisão argentina, o Patronato não poupou seus titulares e perdeu por 2 a 0 para o Alvarado neste sábado. O time da cidade de Paraná conquistou vaga na Libertadores ao vencer a Copa Argentina de 2022, derrubando River Plate e Boca Juniors pelo caminho.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – GRE 51% x 49% BOT
Passes certos – GRE 384 (80%) x 394 (83%) BOT
Finalizações – GRE 22 (4 no gol) x 15 (6) BOT
Gols esperados (xG) – GRE 1.55 x 1.14 BOT
Finalizações dentro da área – GRE 14 x 6 BOT
Grandes chances criadas – GRE 3 x 2 BOT
Grandes chances perdidas – GRE 3 x 1 BOT
Defesas do goleiro – GRE 4 x 4 BOT
Cruzamentos – GRE 8/22 (36%) x 1/8 (13%) BOT
Bolas longas – GRE 18/40 (45%) x 40/74 (54%) BOT
Desarmes – GRE 15 x 15 BOT
Interceptações – GRE 9 x 15 BOT
Cortes – GRE 11 x 32 BOT
Disputas de bola vencidas – GRE 36 x 45 BOT
Disputas aéreas vencidas – GRE 5 x 12 BOT
Faltas – GRE 8 x 13 BOT
Cartões amarelos – GRE 2 x 5 BOT