Análise: Botafogo supera ansiedade e constrói vitória sobre o Vasco no segundo tempo

Análise: Botafogo supera ansiedade e constrói vitória sobre o Vasco no segundo tempo
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo não fez a sua melhor atuação no Campeonato Brasileiro na vitória de 2 a 0 sobre o Vasco, mas o time deu importante prova de força e resiliência. Com gols marcados no segundo tempo, o Glorioso superou as incertezas provocadas pela saída de Luís Castro do comando da equipe e olhou para a frente, em busca do título nacional. Embora longe dos desempenhos mais inspirados de outros jogos no Nilton Santos, o Alvinegro somou mais três pontos e segue com sete pontos de vantagem na liderança da competição.

Apenas dois dias após a saída de Castro, era esperado que o Botafogo seguisse em piloto automático, mantendo a estrutura e modelo de jogo que trouxeram o time à liderança do campeonato. Por isso, o treinador interino Cláudio Caçapa não inventou e deu continuidade ao trabalho, escalando uma equipe sem surpresas em busca de preservar o aproveitamento de 100% como mandante. A única alteração em relação ao empate com o Magallanes na última quinta-feira foi a saída de Victor Sá, lesionado, para a entrada de Luis Henrique na ponta esquerda.

Análise Botafogo x Vasco

No embalo do ambiente criado pela torcida nas arquibancadas do Nilton Santos, o Botafogo começou o jogo em cima do rival. Nos primeiros 20 minutos de partida, a equipe aproximou-se dos 70% de posse de bola, ocupando o campo de ataque e acuando o Vasco em sua própria intermediária. No entanto, a mistura da alta velocidade com certa ansiedade provocou alguns erros técnicos em passes e domínios que travaram jogadas ofensivas. O Cruzmaltino em postura reativa permitiu ao Glorioso o controle da posse de bola, mas não conseguiu encaixar contra-ataques e encontrou nas bolas esticadas para Pedro Raul a única forma de sair da pressão alta da marcação. Toda a linha de defesa alvinegra mostrou excelente postura defensiva para levar a melhor nas disputas de bola.

O Botafogo chegou com perigo pela primeira vez aos 16 minutos e criou logo duas oportunidades de perigo no jogo aéreo. Primeiro, com Tiquinho Soares buscando o canto esquerdo de Léo Jardim e exigindo ótima defesa do goleiro. Depois, foi a vez de Adryelson aparecer na segunda trave por trás da marcação e cabecear na rede pelo lado de fora. A partir de então, o Glorioso passou a não apenas controlar as ações do jogo, mas também encontrar espaços na defesa adversária. Aos 19, Tiquinho roubou a bola no ataque, Eduardo deu sequência no lance e foi derrubado a um passo de entrar na grande área.

Aos 28 minutos, um golpe duro no Alvinegro. Rafael saltou para disputar a bola e na queda sentiu o joelho. O lateral fazia mais uma excelente partida, firme na defesa ao anular as descidas de Figueiredo e eficaz no ataque, como peça importante da saída de bola. Di Placido entrou não manteve o mesmo nível de atuação. Depois de cinco minutos de blitz, chegando próximo do primeiro gol, o Botafogo voltou a errar muito no acabamento das jogadas. Depois de uma finalização de Eduardo aos 20 minutos, a equipe voltou a finalizar somente aos 43, com Júnior Santos de cabeça. Nos acréscimos, Tiquinho quase marcou um gol antológico de bicicleta.

Na segunda metade da etapa inicial, o Vasco até encontrou espaços para contra-atacar e explorar o espaço às costas da defesa alvinegra, mas esbarrou sempre na limitação técnica dos jogadores e na falta de entendimento coletivo do time. As duas finalizações do Cruzmaltino na direção do gol foram de longa distância e não levaram perigo à meta defendida por Lucas Perri. Já o Botafogo, teve cinco de suas seis finalizações no primeiro tempo dentro da área, reflexo da força do jogo aéreo da equipe.

Sem a melhor fluidez ofensiva próximo à área adversária, o time forçou cruzamentos (17) e alcançou um aproveitamento bom de 29%. O que melhor funcionou no Alvinegro foram os lançamentos e inversões para explorar jogadas de um contra um. Das 32 tentativas de passe longo, 26 foram certas. Uma atuação mais inspirada dos pontas poderia garantir uma vantagem ao time no primeiro tempo. Essa foi apenas a segunda vez que o Botafogo não marcou no primeiro tempo de um jogo no Nilton Santos. A outra foi na vitória sobre o Fluminense por 1 a 0 com gol de Cuesta na reta final.

Caçapa não mexeu durante o intervalo e postergou uma alteração que já parecia óbvia para dar o toque de imprevisibilidade necessário, a entrada de Matías Segovia. Ainda assim, o Botafogo voltou imprimindo um ritmo forte para voltar a encurralar o adversário no próprio campo. Em oito minutos jogados no segundo tempo, mais de 70% da posse de bola e três finalizações. No terceiro chute a gol, Luis Henrique colocou a bola na rede. O ponta reagiu bem a um domínio errado em jogada de contra-ataque, não se afobou e procurou o jogo apoiado. A tabela perfeita com Tiquinho e ótimo movimento diagonal para atacar a área deixou Luís frente a frente com Léo Jardim. Com frieza, o jogador escolheu a melhor finalização para botar o Glorioso em vantagem.

O gol deixou o Botafogo confortável em campo. O desespero do rival, que se lançou ao ataque em busca do empate, gerou desorganização e espaço para o Glorioso atacar em velocidade. A equipe, no entanto, não conseguiu aproveitar os contra-ataques da melhor forma e desperdiçou chances ampliar. O time seguiu levando perigo pelo alto e Júnior Santos teve boa chance de marcar o segundo gol impedida pelo goleiro. O Vasco teve a chance de empatar com Alex Teixeira, aos 23 minutos, após um raro erro de Adryelson, salvo por Lucas Perri em intervenção decisiva. O zagueiro não se abateu com o erro e foi peça fundamental na proteção da área na sequência do jogo.

Danilo Barbosa e Matías Segovia entraram aos 27 minutos, nos lugares de Tchê Tchê e Luís Henrique. Com Danilo, Caçapa procurou reforçar o time em força e altura na defesa. Já Segovinha foi a alternativa para qualificar a técnica e as tomadas de decisão na transição ofensiva. Sem conseguir ‘matar’ o jogo, o Botafogo acabou permitindo que o rival criasse algumas chances de gol, ainda que de forma atabalhoada. No segundo tempo, o Vasco finalizou cinco vezes dentro da área alvinegra.

Kayque e Carlos Alberto foram as últimas alterações do Botafogo já na reta final. Mais de um mês distante dos gramados, o atacante aproveitou a chance e definiu a vitória nos acréscimos. Carlos Alberto apareceu bem pelo lado esquerdo em contra-ataque, passou como quis pela marcação de Puma Rodriguez e finalizou cruzado na saída do goleiro. O jogo foi tenso pelas situações diferentes que os dois times atravessam e acabou decidido pela imposição tática e organizacional do Glorioso. Mais que a superioridade técnica dos jogadores alvinegros, foi a compreensão coletiva de posicionamento e mecanismos táticos que permitiram, por exemplo, uma vantagem de 24 disputas de bola vencidas pelo Botafogo. Quando a individualidade não decide, a personalidade e força coletiva do grupo empurra o time para frente.

Análise Botafogo x Vasco

O Botafogo volta a campo no próximo domingo (9), às 18:30h, contra o vice-líder Grêmio, em Porto Alegre. O Tricolor venceu seis dos últimos sete jogos no Brasileirão e registra cinco vitórias e dois empates na Arena.

Fonte: Redação FogãoNET

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