Em jogo de muitas polêmicas, o Botafogo saiu derrotado por 3 a 1 para o Náutico no Estádio dos Aflitos. A arbitragem teve papel decisivo no confronto com a marcação de um pênalti para o time da casa nos minutos finais. O Glorioso demorou a entrar no jogo e teve a participação de Rafael Moura no segundo tempo como um dos poucos destaques positivos. Após a primeira derrota na competição, o time segue no G4 com oito pontos em cinco rodadas.
Para enfrentar o campeão pernambucano, líder e dono de 100% de aproveitamento na Série B, Marcelo Chamusca mexeu no time. Ronald, que saiu machucado no primeiro tempo da partida contra o Londrina, desfalcou a equipe e foi substituído por Guilherme Santos. A escolha por Guilherme como substituto, formando uma trinca no meio-campo com Luís Oyama e Pedro Castro, indicou a preocupação do treinador com a transição defensiva e o poderio ofensivo do Náutico. A ausência de Ronald ainda afetou diretamente o estilo de jogo do Botafogo. Jogador com mais dribles por jogo no Alvinegro, o ponta é o principal foco de jogadas de contra-ataque do time e lidera a estatística de dribles certos com média de dois por jogo. Vindo de participações discretas, marcadas por altos e baixos dentro dos jogos, Marco Antônio começou o jogo aberto pelo lado direito.
O início do jogo foi marcado por muita discussão e pouca bola rolando. Logo aos quatro minutos, em uma bola parada, Chay encontrou Paulo Victor na esquerda que procurou Gilvan na área, mas o cruzamento foi baixo e o zagueiro não conseguiu cabecear para o gol. Com a cobertura de Guilherme Santos, PV foi para o ataque e apareceu como boa alternativa ofensiva. Mesmo com alguns erros técnicos na definição de jogadas, o lateral estava no lugar certo para receber e dar opção. Pedro Castro na direita e Guilherme na esquerda também criaram jogadas de perigo a partir de cruzamentos e Rafael Navarro teve boa chance de marcar. Sem a posse de bola e com poucos passes trocados, a bola esticada em profundidade pelas laterais foi a única alternativa alvinegra para buscar o gol. Contudo, como o Botafogo ocupava mal o campo de ataque, na maior parte das vezes Navarro era o único jogador de preto dentro da área para receber o cruzamento. Por isso, foram apenas dois cruzamentos certos em 12 tentados no primeiro tempo.
Depois de pouco futebol nos minutos iniciais, o Náutico colocou a bola no chão e passou a controlar o jogo em todas as fases. A forte pressão na marcação sufocou os jogadores alvinegros. Já o Botafogo, não encaixou a marcação e o adversário teve liberdade para armar jogadas no campo de ataque. A linha com Oyama, Guilherme e Pedro Castro não se sustentou e foi constantemente envolvida por tabelas. Aos 15, em cobrança de escanteio, o time pernambucano colocou seis jogadores dentro da pequena área defendida por Douglas Borges. A batida fechada colocou a bola no meio da confusão e Pedro Castro acabou desviando a bola para dentro do próprio gol. E o gol não diminuiu o ritmo nem recuou o Alvirrubro, que foi melhor em quase toda a primeira etapa. Apenas no final, o Glorioso conseguiu equilibrar o jogo e a posse de bola, que chegou a apenas 30% na primeira meia hora e terminou em 41% no intervalo.
Era preciso, no entanto, aumentar o índice de acerto de passes para criar mais chances de gol. Para acertar passes é fundamental uma boa distribuição de jogadores pelo campo e movimentações treinadas para gerar linhas de passe claras, a fim de oferecer sempre opções simples para os jogadores interagirem. As mudanças de Chamusca para corrigir a equipe foram as entradas de Daniel Borges e Diego Gonçalves nos lugares de Warley e Chay. Mesmo em uma exibição muito discreta, Chay distribuiu dois passes decisivos no primeiro tempo e poderia ser peça importante na busca pelo empate.
O Botafogo cresceu no jogo, mas ainda demonstrava enormes dificuldades na criação. O time subiu as linhas de marcação, teve mais a bola na segunda etapa, porém, sem a inspiração e movimentação necessárias para ser mais criativo. Na base da pressão e do abafa, Pedro Castro teve chance incrível de empatar o jogo e parou no goleiro. Nos contra-ataques, o Náutico levou perigo e teve um pênalti a favor. O ponta Erick foi um fator de desequilíbrio e levou a melhor sobre PV na maioria dos lances. Douglas Borges fez boa defesa na batida de Kieza.
Somente aos 24 minutos do segundo tempo, o treinador colocou mais jogadores no campo de ataque do Botafogo. Pedro Castro estava mal em campo, sem uma função clara, foi substituído por Rafael Moura. Também apagado, Marco Antônio saiu para a entrada de Felipe Ferreira. Quatro minutos foi o tempo que o camisa nove precisou para mudar o jogo. O centroavante pressionou e roubou bem a bola na saída do time pernambucano, passou para Diego Gonçalves que serviu Felipe Ferreira para empatar o jogo.
Mas o jogo que começou brigado e discutido, com participação intensa da arbitragem, terminou com o protagonismo do juiz. Aos 42 minutos, em nova jogada sobre PV, foi marcado outro pênalti para o adversário. A posição da bola foi motivo de muita reclamação do Botafogo, devido à nítida impressão de estar fora do campo no momento do contato. Erro de arbitragem à parte, Paulo Victor foi muito precipitado no lance e tem que redobrar a atenção nos lances de carrinho. O carrinho deve ser a última alternativa do defensor. Dessa vez, Jean Carlos bateu e não desperdiçou, colocando novamente o Náutico em vantagem. Depois do gol, o Glorioso nervoso com a arbitragem não conseguiu se recuperar nos minutos finais. O time se mandou para o ataque e ainda deu tempo do adversário aumentar o placar em jogada de contra-ataque.
Os aspectos mentais de uma arbitragem confusa contribuíram para a derrota alvinegra, mas não foram determinantes. Ficou clara a demora em mexer no time para colocar mais jogadores ofensivos. Perdendo o jogo por 1 a 0, Chamusca demorou 70 minutos para alterar o sistema de jogo inicial que tinha dois jogadores com desempenho bem abaixo do esperado no meio-campo. A equipe segue no G4, porém, em uma competição tão equilibrada, o sinal de alerta deve estar sempre ligado para quedas de rendimento.
O Botafogo volta a campo no próximo sábado, para enfrentar o Sampaio Corrêa, no Maranhão. O jogo contra o CSA, que seria realizado quarta, foi adiado.
Números do jogo:
Posse de bola – BOT 46% x 54% NAU
Passes certos – BOT 216 (75%) x 273 (80%) NAU
Cruzamentos – BOT 5/27 (19%) x 6/14 (43%) NAU
Bolas longas – BOT 23/55 (42%) X 20/43 (47%) NAU
Finalizações – BOT 13 (8 no gol) x 16 (4) NAU
Finalizações dentro da área – BOT 9 X 11 NAU
Chances claras – BOT 4 x 4 NAU
Desarmes – BOT 10 X 16 NAU
Faltas – BOT 23 x 26 NAU