Análise: chegada de Tiago Nunes não gera o ‘fato novo’ esperado no início e Botafogo repete postura apática na maior parte do jogo contra o Fortaleza

Elenco em Fortaleza x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

O Botafogo foi até a capital cearense podendo reassumir a liderança do Campeonato Brasileiro, mas não mostrou o ímpeto de um time que almeja ser campeão. O empate em 2 a 2 com o Fortaleza manteve o Alvinegro em segundo lugar, um ponto atrás do Palmeiras e agora sem depender de si mesmo para levantar a taça. Na estreia de Tiago Nunes, a última cartada do time para mudar a sorte dos últimos meses, o Glorioso continuou instável, desorganizado e — o pior — conformado com o insucesso. Com um único chute na direção do gol em todo o jogo, a equipe voltou a apresentar graves limitações criativas para superar defesas fechadas.   

A aposta em Tiago Nunes mirou em reorganizar o time e conseguir extrair o melhor dos principais jogadores novamente. O treinador gosta de um estilo de jogo rápido e vertical e encontrou no Glorioso atletas que já renderam bem nesse modelo em um passado recente. Até por isso, nenhuma novidade na escalação titular contra o Fortaleza. Na breve avaliação de Tiago, os problemas da equipe não passam por um ou outro atleta, mas pela recuperação da confiança e de uma estrutura de jogo.

O Tricolor do Pici parecia o adversário perfeito para a estreia do treinador. Desde a classificação para a final da Copa Sul-Americana, o time venceu um único jogo contra o América. Nos últimos oito jogos, acumula seis derrotas e dois empates — um deles resultou na perda do título continental para a LDU na disputa de pênaltis. A fase ruim fez o Fortaleza desabar na classificação, entrando na luta contra o rebaixamento para a Série B.

Primeiro tempo

A iniciativa do jogo nos minutos iniciais foi do Glorioso. A equipe mostrou uma saída bem sustentada e conseguiu boas trocas de passe para avançar no campo de ataque. No entanto, esse bom começo foi logo ofuscado no primeiro erro defensivo alvinegro. Todo o lado direito da defesa marcou a bola e foi envolvido por uma simples movimentação ofensiva do Fortaleza, Calebe invadiu a área com muita liberdade e cruzou rasteiro para Yago Pikachu abrir o placar.

O Botafogo sentiu o gol e passou a mostrar o nervosismo dos últimos jogos. O time manteve a posse de bola acima dos 80%, enquanto o adversário recuou para obrigar o Glorioso a apresentar recursos para furar o bloqueio. Sem soluções coletivas para atacar, a posse alvinegra ficou concentrada nos pés dos defensores.

Mas a sorte sorriu para o Glorioso por um breve momento. Aos 19 minutos, após cruzamento do lado esquerdo, Tiquinho ganhou no alto, escorou para o centro da área e o zagueiro argentino Emanuel Brítez cabeceou contra a própria meta, em lance de absoluta afobação. O empate caiu no colo do Botafogo quando o time tinha dificuldade em criar oportunidades para finalizar.

O gol não mudou a postura dos donos da casa na partida. O Leão do Pici manteve as linhas baixas para encurtar os espaços, teve os contra-ataques sempre muito bem desenhados e assim castigou a desorganizada transição defensiva alvinegra. Aos 23 minutos, Hugo substituiu Marçal, lesionado, e levou apenas um minuto para receber um cartão amarelo. O Fortaleza chegou ao segundo gol explorando o lado esquerdo da defesa. Mais uma vez, Calebe não encontrou dificuldades para cruzar. Mais uma vez, a bola cruzou a área sem ninguém para cortar antes da cabeçada de Guilherme. 

O Botafogo teve 73% da posse de bola, 265 passes trocados e finalizou apenas quatro vezes na primeira etapa. Um chute a cada 66 passes certos. O adversário, que teve nove finalizações, precisou de menos de dez passes certos, em média, para chutar. O único lance de perigo criado pelo Glorioso foi uma finalização de Adryelson na trave após cobrança de falta aos 30 minutos.

Segundo tempo

Tiago Nunes não mexeu no intervalo e o cenário do jogo não mudou. O Botafogo com uma posse de bola infértil, uma troca de passes lenta e previsível, e o Fortaleza bem postado na defesa, armado para contra-atacar. Depois de 14 minutos sem nenhum chute a gol, o treinador promoveu três substituições: Di Placido por Gabriel Pires; Júnior Santos por Luis Henrique e Diego Costa por Tiquinho Soares. Com Marlon preso junto aos zagueiros e Victor Sá como um ala-direito, Tiago tentou ter uma dupla de meias formada por Gabriel e Eduardo com maior capacidade de passes agudos para acionar o ataque.

Contudo, as alterações tiveram pouco impacto no jogo. O Botafogo seguiu incapaz de finalizar, sem mostrar a urgência pelo resultado que a situação do jogo e do campeonato pediam. Além de estar fisicamente muito abaixo dos adversários, a questão psicológica do grupo parece irrecuperável. É difícil compreender a apatia coletiva que toma conta do time em boa parte do jogo.

Adryelson sentiu dores e foi substituído por Danilo Barbosa. E o volante que entrou para atuar como zagueiro foi o responsável pela primeira finalização alvinegra na direção do gol em todo o jogo. Aos 32, em cobrança de escanteio, Danilo subiu mais alto que a marcação e cabeceou forte para empatar o jogo. O gol injetou confiança e acordou o Glorioso para a necessidade de vencer o jogo.

Como o empate não servia para nenhum dos dois, o final do jogo foi aberto, com ambas as equipes buscando a vitória. O Botafogo tentou chegar em jogadas individuais. O Fortaleza, mais organizado, assustou em contra-ataques.

Análise Fortaleza x Botafogo

O Botafogo recebe o Santos no próximo domingo (26), às 16h, no Estádio Nilton Santos. Na luta para evitar o rebaixamento, o Alvinegro Praiano não perde há seis jogos, incluindo duas vitórias como visitante.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – FOR 31% x 69% BOT
Passes certos – FOR 171 (72%) x 472 (86%) BOT
Finalizações – FOR 15 (4 no gol) x 9 (1) BOT
Gols esperados (xG) – FOR 1.97 x 0.67 BOT
Finalizações dentro da área – FOR 10 x 6 BOT
Grandes chances criadas – FOR 2 x 2 BOT
Grandes chances perdidas – FOR 0 x 2 BOT
Defesas do goleiro – FOR 0 x 2 BOT
Cruzamentos – FOR 6/15 (40%) x 5/16 (31%) BOT
Bolas longas – FOR 14/50 (28%) x 21/42 (50%) BOT
Desarmes – FOR 17 x 17 BOT
Interceptações – FOR 8 x 3 BOT
Cortes – FOR 26 x 11 BOT
Disputas de bola vencidas – FOR 56 x 59 BOT
Disputas aéreas vencidas – FOR 17 x 16 BOT
Faltas – FOR 17 x 19 BOT
Cartões amarelos – FOR 2 x 4 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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