Análise: com Lucio Flavio no comando, Botafogo vence o Fluminense e resgata foco e intensidade na luta pelo título brasileiro 

Lucio Flavio e Joel Carli em Fluminense x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

A vitória de 2 a 0 sobre o Fluminense após a demissão de Bruno Lage pode representar um momento chave de virada na temporada do Botafogo. O time treinado por Lucio Flavio e o auxiliar Joel Carli recuperou a intensidade e a organização coletiva que potencializa as principais características dos jogadores para facilitar as tomadas de decisões. Criticado pelas atuações recentes, Júnior Santos foi o destaque com um gol e uma assistência em lances em que pode usar sua força e velocidade em progressão, sem precisar “pensar” tanto no desenvolvimento das jogadas.

Lucio Flavio fez o esperado na escalação inicial: fechou com os jogadores mais experientes do elenco e não apostou em improvisações. Assim, Di Placido e Marçal retornaram às laterais, Tchê Tchê voltou ao meio-campo e Tiquinho Soares ao comando de ataque. A tarefa era retomar a confiança coletiva com os jogadores que já apresentaram um nível de desempenho alto na temporada.

A ponta direita seguiu como a maior interrogação na cabeça de quem comanda o Alvinegro. A comissão técnica depositou confiança e Junior Santos manteve a condição de titular, apesar das atuações pouco inspiradas dos últimos meses. Mesmo quando produz pouco com a bola, o atacante é quem melhor ajuda na marcação e deixa o time menos exposto na transição defensiva.

Primeiro tempo

Além do meio poder de combate, Júnior Santos também tem outro trunfo em relação aos concorrentes na posição: força e velocidade para atacar a linha de fundo. Em menos de um minuto de bola rolando, essas virtudes do atacante criaram ótima chance de gol para o Botafogo. Júnior pressionou e recuperou a bola no campo de ataque, foi rápido para receber a bola na cobrança de lateral e cruzou na cabeça de Eduardo, que parou em grande defesa de Fábio. Ser consistente ainda é o maior desafio para o jogador ser uma opção confiável.

O cenário do jogo seguiu conforme o previsto, com o Fluminense com a maior posse de bola, construindo a partir da defesa e o Botafogo apostando na marcação alta e na transição rápida para criar oportunidades de gol. A pressão defensiva alvinegra esteve bem encaixada e causou muitos problemas na saída de bola tricolor. O Glorioso voltou a chegar com perigo pelo lado direito aos 12 minutos, em jogada de Di Placido e Júnior Santos finalizada por Victor Sá.

O Botafogo abriu o placar aos 19 minutos em um lance com muitos destaques. Tchê Tchê recuou para fazer a saída como um lateral direito, liberando Di Placido para avançar. No meio-campo, Eduardo atuou mais recuado, mais como um meia de criação que como um segundo atacante. A amplitude de Di Placido e o recuo de Eduardo abriram espaço para Júnior Santos buscar a faixa central. Tchê Tchê limpou bem a marcação e lançou Júnior, que não foi acompanhado pelos adversários. O atacante teve calma para tomar a decisão correta e driblar o goleiro antes de marcar o gol.

O Glorioso já era melhor antes do gol e cresceu ainda mais em campo com a vantagem. Já sem executar a mesma pressão alta, o time baixou o bloco de marcação para explorar a transição em velocidade sempre pelo lado direito. Com o rival baqueado, o Botafogo aproveitou para ampliar. Mais uma vez, Eduardo recuou em vez de atacar a última linha, atraiu a marcação e abriu um clarão na defesa adversária. O meia esbanjou categoria no domínio e acionou Junior Santos em velocidade, que conduziu até o momento exato de tocar para Tiquinho encobrir Fábio e marcar seu 15º gol no Brasileirão.

Fernando Diniz mexeu no time após o segundo gol e o Fluminense melhorou, passou a encontrar espaço na entrelinha, às costas dos volantes alvinegros. Contudo, foram poucas oportunidades de gol do Tricolor, que finalizou de fora da área na maior parte das vezes. Um chute de John Kennedy da entrada da área que acertou a trave já nos acréscimos foi a oportunidade mais perigosa do rival no primeiro tempo. As ótimas atuações de Adryelson e Cuesta na proteção da área foram importantes para manter o perigoso ataque adversário longe do gol de Lucas Perri.

Segundo tempo 

Manter a intensidade defensiva e o foco no jogo vertical de velocidade na transição ofensiva foi o trabalho do Botafogo na etapa final. O segundo tempo começou em um ritmo mais lento, com erros técnicos de ambos os lados travando os ataques. Depois de toda a entrega dos primeiros 45 minutos, o desgaste físico cobrou o preço e muitos jogadores caíram de rendimento. Na defesa, Lucio Flavio acertou a ocupação de espaços e melhorou a marcação na entrada da área, onde o Fluminense não encontrou a mesma facilidade do final do primeiro tempo. 

O cansaço começou a ficar evidente nas tomadas de decisão ruins em lances importantes. Júnior Santos e Victor Sá desperdiçaram contra-ataques em hesitações e dribles desnecessários. Tchê Tchê também cansou e foi substituído por Gabriel Pires aos 14 minutos. Gabriel não conseguiu manter o mesmo nível de concentração e combate no meio-campo e deixou o time mais exposto. 

No entanto, em nenhum momento o Fluminense foi capaz de coordenar suas ações ofensivas para pressionar o Alvinegro. O rival não conseguiu transformar seus 65% de posse de bola no segundo tempo em volume de jogo, mesmo com as diferentes configurações tentadas por Diniz. Com a tranquilidade do resultado a favor, as mudanças do Botafogo foram mais convencionais. Para renovar o fôlego nas pontas, Carlos Alberto e Luis Henrique substituíram Júnior Santos e Victor Sá aos 28 minutos

Luis Henrique teve a grande chance de gol do segundo tempo aos 32. O ponta recebeu ótimo passe de Gabriel Pires, invadiu a área com liberdade pelo lado esquerdo, mas finalizou em cima do goleiro. Já na reta final, Lucio Flavio reforçou a marcação com as entradas de Hugo e Danilo Barbosa nos lugares de Marlon Freitas e Tiquinho Soares. O Glorioso conteve as investidas finais do rival e limitou o ataque tricolor a apenas sete finalizações (apenas duas no gol e cinco de fora da área) na etapa final.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – FLU 66% x 34% BOT

Passes certos – FLU 539 (88%) x 326 (78%) BOT

Finalizações – FLU 19 (5 no gol) x 12 (5) BOT

Gols esperados (xG) – FLU 0.92 x 1.91 BOT

Finalizações dentro da área – FLU 6 x 10 BOT

Grandes chances criadas – FLU 1 x 4 BOT

Grandes chances perdidas – FLU 1 x 2 BOT

Cruzamentos – FLU 2/17 (12%) x 4/14 (29%) BOT

Bolas longas – FLU 20/31 (65%) x 30/64 (47%) BOT

Desarmes – FLU 17 x 16 BOT

Interceptações – FLU 9 x 14 BOT

Cortes – FLU 8 x 19 BOT

Disputas de bola vencidas – FLU 52 x 40 BOT

Disputas aéreas vencidas – FLU 6 x 4 BOT

Faltas – FLU 15 x 14 BOT

Cartões amarelos – FLU 2 x 2 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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