Em jogo tenso contra um adversário desesperado, o Botafogo aproveitou suas principais armas para vencer o Avaí por 2 a 1 de virada. A bola parada com a participação de Marçal e Victor Cuesta resolveu um jogo que parecia complicado para o Glorioso. Depois de um primeiro tempo ruim, o time mostrou superioridade tática e técnica para buscar o resultado e impor sua forma de jogar. Ainda poderia ter vencido com mais tranquilidade, se não tivesse desperdiçado chances claras de matar o jogo. Essa foi a sétima vitória fora de casa do segundo melhor visitante no Brasileirão.
Para retomar o bom momento que a equipe vivia antes da derrota para o Palmeiras, Luis Castro optou pela sequência, sem grandes mudanças. A melhor e decisiva notícia foi a volta de Cuesta e Marçal ao time após cumprirem suspensão. A entrada de Rafael na lateral-direita foi a única alteração técnica feita pelo treinador, com Saravia indo para o banco. Nem mesmo Gabriel Pires, depois da atuação comprometedora no último jogo, perdeu espaço. A falta de opções para a posição pode explicar o voto de confiança no meia, uma vez que Del Piage estava suspenso e Danilo Barbosa voltou a ser relacionado após lesão.
O Avaí entrou motivado sabendo que uma vitória tiraria a equipe da zona de rebaixamento do Brasileirão. Dos 28 pontos conquistados pelos catarinenses até esta rodada, 22 foram conquistados na Ressacada. Já o Botafogo sabe que precisa vencer esses jogos para garantir uma das seis vagas para a Copa Sul-Americana ou mesmo seguir sonhando com uma vaga na Libertadores. Importante é jogar uma competição continental na próxima temporada. Por isso, o time entrou ligado procurando o jogo desde o início. A primeira finalização saiu ainda no primeiro minuto da partida, com Jeffinho encontrando espaço na entrada da área.
“Mais alto, Junior”, gritou o treinador enquanto o jogador recuava para compor a segunda linha de marcação. Castro queria o time marcando em cima para dificultar a saída de bola do adversário. Sem a bola, o Glorioso alternou entre o 4-4-2 e o 4-1-4-1, com a variação de posicionamento de Tchê Tchê e Eduardo. Mas foi justamente Junior Santos o personagem central do primeiro lance decisivo do jogo. Aos sete minutos, perdeu a bola no ataque, não conseguiu fazer a recomposição e tentou um carrinho afoito na área para se recuperar na jogada. Resultado: bola na mão e pênalti para o Avaí. Guilherme Bissoli cobrou e abriu o placar para os donos da casa.
O gol não abateu o Botafogo que seguiu melhor em campo, com uma posse de bola vertical e propositiva conseguindo gerar finalizações. A maior parte dos chutes foram de fora da área (quatro dos seis no primeiro tempo) porque o sistema defensivo pouco compactado do Avaí cedeu muito espaço na própria intermediária. Essa superioridade durou até os 20 minutos de jogo, quando o adversário conseguiu tirar a velocidade do jogo, frear a verticalidade e provocar muitos erros no ataque alvinegro. Nesse cenário, mais uma vez Junior Santos teve destaque negativo. Desconectado do restante do time, abusou das jogadas individuais e terminou a primeira etapa com um duelo ganho em cinco tentativas, além de dez perdas de posse de bola.
Um merecido destaque no primeiro tempo vai para a boa atuação de Gabriel Pires. Foi o jogador que mais tocou na bola, com 55 ações, 41 passes certos (aproveitamento de 91%), quatro lançamentos certos em cinco tentativas, dois desarmes e uma interceptação. Ainda lento e sem ritmo, Gabriel não dá a mesma dinâmica que Lucas Fernandes oferece ao time. Contudo, o desempenho terrível da última segunda-feira está longe de ser o padrão do jogador que pode ser útil na distribuição da bola quando a equipe precisa ter a posse de bola. Para buscar o resultado no segundo tempo do jogo, Castro quis mais um jogador de chegada na área e promoveu a entrada de Jacob Mendes no lugar de Gabriel. Outra mudança para a etapa final foi a entrada de Victor Sá no lugar de Junior Santos.
Foi logo aos três minutos, antes que qualquer alteração desse resultado, que o Botafogo chegou ao gol de empate graças à bola parada, na conexão Marçal-Cuesta. Cobrança de falta de Marçal, cabeçada de Cuesta e bola no fundo da rede. Chama a atenção a batida na bola do lateral, na medida para o cabeceio de quem vai atacar. Aliado ao poder de antecipação do zagueiro argentino, a conexão Marçal-Cuesta vai se tornando a combinação mais perigosa do Glorioso no campeonato.
O Avaí sentiu o gol nos minutos iniciais e o Botafogo tomou conta do jogo. Castro conseguiu reorganizar a pressão alta do time para recuperar rápido a posse de bola e empurrar o adversário em seu campo. Com o time organizado e com a cabeça no lugar, ficou evidente a maior qualidade técnica dos jogadores alvinegros e a virada parecia questão de tempo. De fato, ela veio rápido, sete minutos depois do empate. E mais uma vez, Marçal e Cuesta participaram do lance. Escanteio cobrado pelo lateral e finalizado pelo zagueiro, no rebote chute firme de Tiquinho para botar o Glorioso em vantagem.
Depois da virada, o Botafogo tirou o pé e tentou controlar o jogo. Poderia ter resolvido o jogo com mais facilidade se tivesse aproveitado melhor as chances que teve para marcar o terceiro gol. Jeffinho deixou o campo com três oportunidades claras desperdiçadas. Foi essa dificuldade em matar o jogo que manteve uma fagulha de esperança para o Avaí no jogo. Mas o sistema defensivo alvinegro controlou bem o limitado time catarinense, que não conseguiu mostrar recursos para incomodar Gatito. O time permitiu que os donos da casa tivessem a bola sem que soubessem o que fazer com ela.
No próximo domingo (9), às 16h, o Botafogo vai enfrentar o São Paulo no Morumbi. Com os mesmos 40 (o Tricolor tem um jogo a menos), o confronto vai colocar frente a frente dois rivais por uma vaga em competições continentais.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – AVA 56% x 44% BOT
Passes certos – AVA 359 (81%) x 277 (79%) BOT
Finalizações – AVA 6 (2 no gol) x 14 (6) BOT
Finalizações dentro da área – AVA 1 x 9 BOT
Grandes chances criadas – AVA 1 x 4 BOT
Grandes chances perdidas – AVA 0 x 3 BOT
Desarmes – AVA 13 x 16 BOT
Interceptações – AVA 11 x 5 BOT
Rebatidas – AVA 17 x 14 BOT
Cruzamentos – AVA 0/17 (0%) x 6/15 (40%) BOT
Lançamentos – AVA 31/63 (49%) x 23/51 (45%) BOT
Dribles – AVA 8 x 8 BOT
Faltas – AVA 17 x 20 BOT
Cartões amarelos – AVA 2 x 4 BOT