A última rodada da Campeonato Carioca ganhou significado diferente para o Botafogo. Já com a classificação assegurada e com pouco a ser disputado em campo, o empate em 2 a 2 com o Audax virou um grande teste para reservas e jovens jogadores do elenco. O Glorioso fez um jogo coletivamente muito abaixo do esperado e o goleiro Diego Loureiro voltou a comprometer.
Oportunidade para o torcedor alvinegro ver um meio-campo ofensivo formado por Raí, Juninho e Rikelmi. Depois da boa atuação na vitória sobre o Volta Redonda, as expectativas sobre o desempenho de Rikelmi cresceram bastante. A defesa também foi formada por jovens jogadores em busca de um lugar para compor o elenco durante a temporada. O zagueiro Kawan e o lateral-esquerdo Reydson fizeram suas estreias profissionais. No ataque, Erison, um dos artilheiros do time no Cariocão, teve nova chance como titular.
Com a bola rolando, o jogo entregou o que se espera de uma equipe com muitas alterações e, consequentemente, pouco ou nenhum entrosamento: construções ofensivas dependentes de individualidades; sem movimentações e jogadas treinadas para abrir espaços; e falta de objetividade na troca de passes. Nesse contexto, mesmo com maior posse de bola, o Botafogo não conseguiu criar chances de gol.
Raí não se encontrou pelo lado direito e flutuou para a faixa central no decorrer do jogo para tentar participar mais do jogo, como um segundo atacante mais próximo de Erison. Juninho ficou responsável pela meia-direita, função na qual não se saiu bem. Em contrapartida, Rikelmi buscou o jogo e participou bastante, mas abusou das jogadas individuais sem conseguir levar a melhor sobre a marcação. A dupla de volantes Romildo e Breno também não funcionou na primeira etapa. Cederam espaço na entrada da área alvinegra e pouco ofereceram na fase ofensiva.
A partir dos 30 minutos, o Audax cresceu no jogo com base em sua organização. Com um melhor entendimento coletivo, a equipe passou a ameaçar o gol defendido por Diego Loureiro. Foram quatro finalizações nos últimos 15 minutos, três na direção do gol. Em uma delas, após falha clamorosa do goleiro alvinegro, o time da Costa Verde abriu o placar. O Botafogo não acertou nenhuma finalização na direção do gol nos primeiros 45 minutos. A baixa produção ofensiva passou pela incapacidade em conectar passes longos para a fluidez do jogo direto. Em 16 tentativas de lançamentos, apenas duas tiveram êxito.
No retorno do intervalo, o Botafogo voltou com Luiz Fernando no lugar de Juninho. Para abrir o campo e dar mais profundidade pelo lado direito, Lúcio Flávio preferiu um jogador adaptado à função de ponta. Não demorou para a alteração provar-se acertada. Aos cinco minutos, Breno empatou o jogo depois de ótima jogada de Luiz Fernando. Mérito do camisa 19 e também, obviamente, do autor do gol, pisando na área e surgindo como opção ofensiva.
Uma outra mudança teve influência na pequena melhora do Glorioso. No segundo tempo, Raí recuou, assumindo a função de armador. Vindo de trás, auxiliando na organização ofensiva do time, o jovem rende mais que adiantado como um segundo atacante. Ainda assim, o meia produziu pouco para a equipe. Logo, o ímpeto inicial demonstrado na luta pelo empate logo arrefeceu e o excesso de erros de passe, erros técnicos e decisões erradas seguraram a tentativa de pressão alvinegra.
Aos 23 minutos, Barreto e Kayque substituíram Vitor Marinho e Romildo. Breno foi deslocado para a lateral-direita e mostrou dificuldades defensivas. Se a primeira mexida de Lúcio Flávio deu resultado imediato, desta vez não teve o efeito desejado. Kayque entrou errando muitos passes e Barreto deu sequência a sua péssima fase em 2022. Lento, o volante foi pressionado e desarmado na saída de bola aos 31 minutos, em lance que terminou no segundo gol do Audax.
Um minuto depois, mesmo desorganizado, o Botafogo voltou a alcançar o empate. Em lance confuso na área do adversário, pênalti marcado que Erison bateu e converteu seu sexto gol no campeonato. Ainda que seja necessário levar em consideração o contexto adverso para os jovens que entraram em campo, alguns decepcionaram. Vitor Marinho, apesar da participação no primeiro gol, voltou a mostrar muita insegurança, especialmente na defesa. Fora de posição, Juninho teve atuação discreta. Raí ainda vive de lampejos e precisa encontrar seu lugar em campo para ser mais produtivo. Rikelmi pecou pelo excesso de individualidade.
Depois de terminar em quarto lugar na Taça Guanabara, o Botafogo vai enfrentar o Fluminense nas semifinais do Campeonato Carioca. O adversário terá a vantagem de jogar por dois resultados iguais.
Números do jogo: (Footstats)
Posse de bola – BOT 53% x 47% AUD
Passes certos – BOT 235 (89%) x 238 (88%) AUD
Finalizações – BOT 8 (3 no gol) x 13 (6) AUD
Assistências para finalização – BOT 5 x 6 AUD
Desarmes – BOT 19 x 9 AUD
Interceptações – BOT 0 x 2 AUD
Cruzamentos – BOT 3/9 (33%) x 4/22 (18%) AUD
Lançamentos – BOT 6/28 (21%) x 6/24 (25%) AUD
Viradas de jogo – BOT 0 x 0 AUD
Dribles – BOT 6 x 1 AUD
Perdas de posse de bola – BOT 24 x 20 AUD
Faltas – BOT 20 x 15 AUD