Análise: em nova derrota, Botafogo se segura com um a menos, mas Bruno Lage demora a reagir às substituições do Corinthians

Bruno Lage em Corinthians x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

O Botafogo chegou à terceira derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro. Fora de casa, o Glorioso perdeu para o Corinthians por 1 a 0 atuando boa parte do jogo com dez jogadores. A expulsão de Marçal, aos 23 minutos do primeiro tempo, foi determinante para o desempenho ruim e a derrota. Mesmo com um a menos, o time foi bem defensivamente, mas demorou a reagir à entrada de Renato Augusto que mudou a dinâmica do jogo na etapa final. A 14 rodadas do fim do campeonato, o Botafogo segue com sete pontos de vantagem na liderança.

Para tentar colocar fim a série negativa, Bruno Lage tomou duas decisões importantes na montagem do time. No meio-campo, manteve Tchê Tchê como titular ao lado de Marlon Freitas, mesmo com Gabriel Pires à disposição. Depois de longo período afastado por lesão, Gabriel foi titular em dois jogos seguidos no Brasileirão até cumprir suspensão na última rodada. Os dois jogadores acrescentam virtudes diferentes ao time: enquanto Tchê Tchê é mais vertical e conduz mais a bola, Pires oferece força e combate, além de melhorar a capacidade de passe do setor.

No ataque, a opção foi por Victor Sá no lado direito e Luis Henrique na esquerda. O momento ruim de Júnior Santos e Matías Segovia obrigou o treinador a trocar Victor de lado. A formação com os dois pontas também remonta ao segundo tempo do jogo contra o Internacional, o desempenho mais dominante do time treinado por Lage, quando Sá foi determinante para a equipe buscar a virada atuando pelo lado direito.

Análise Corinthians x Botafogo

Primeiro tempo

Em uma sequência de cinco jogos sem vencer, o Corinthians voltou a enxergar o Z4 bem próximo pelo retrovisor. A quatro dias da semifinal da Copa Sul-Americana, Luxemburgo poupou alguns titulares, mas teve que encarar o jogo com a importância que o momento exige. O Botafogo entrou com um time mais entrosado e experiente (média de 29,8 anos entre os titulares contra 25,5 dos paulistas) e aproveitou os espaços oferecidos pelo meio-campo adversário para fazer um bom começo de jogo. As primeiras cinco finalizações do jogo foram do Glorioso.

A partida começou em um ritmo lento e o Botafogo teve dificuldades em dar velocidade à bola para ser mais vertical. O time correu demais com a bola e ficou dependente dos dribles para avançar no campo. O Corinthians, também muito dependente de iniciativas individuais, — especialmente, com o jovem Pedro na esquerda — não conseguiu articular jogadas ofensivas apesar da maior posse de bola e só deu sua primeira finalização aos 24 minutos.

Aos 20 minutos da primeira etapa, um lance mudou e condicionou todo o restante da partida. Marçal foi expulso após uma forte solada em dividida com o adversário. A ação intempestiva do lateral e capitão do time, acendeu a discussão sobre a titularidade na posição. Titular em nove jogos na campanha do Brasileirão, Hugo vem mostrando evolução em seu jogo e parece em melhor fase. Mesmo em momento técnico distante do melhor que já apresentou com a camisa alvinegra, Marçal mantém a vaga com base em sua importância para o grupo e experiência no futebol. Experiência que faltou no lance da expulsão.

Lage deslocou Tchê Tchê para a lateral-esquerda e organizou o time sem a bola com duas linhas de quatro, deixando apenas Tiquinho à frente. O volante coringa deu conta da tarefa de conter o ímpeto ofensivo de Pedro e teve boa atuação defensiva. Coletivamente, o Botafogo soube se defender e não permitiu que o Corinthians tivesse volume de jogo para criar uma pressão. O time teve oportunidades de contra-ataques com o trio Victor Sá, Luis Henrique e Tiquinho, mas não conseguiu encaixar boas movimentações, desperdiçando ocasiões com passes forçados e decisões ruins.

Segundo tempo

A pobreza criativa do adversário e o bom desempenho defensivo alvinegro motivaram Lage a não mexer no intervalo. No Corinthians, Luxemburgo colocou Renato Augusto em campo para ter um jogador criativo no meio-campo. Os donos da casa começaram o segundo tempo com ainda mais posse de bola (72% nos primeiros dez minutos) e com mais poder ofensivo, conseguindo sete finalizações em 12 minutos de jogo. O Botafogo não teve alternativas de saída para o ataque porque Eduardo, Victor Sá e Luis Henrique não se encontravam em campo para articular jogadas.

Aos 13 minutos do segundo tempo, Gil teve duas chances na área para abrir o placar. Depois da cobrança de um escanteio, o zagueiro continuou no ataque enquanto o time se reorganizou ofensivamente. A jogada pelo lado direito da defesa alvinegra contou com uma abordagem ruim de Di Placido, que tentou ir no corpo de Matheus Bidu, mas errou e permitiu que o adversário alcançasse a bola. No cruzamento, Cuesta ficou de olho na bola, perdeu contato com Gil e o zagueiro teve liberdade para cabecear e conferir o rebote.

Assistindo ao time ser pressionado em seu próprio campo, Lage já planejava as substituições quando saiu o gol. Com algum atraso, o treinador mudou para fazer o time voltar a competir. Saíram Marlon Freitas, Luis Henrique e Tiquinho Soares para as entradas de Hugo, Gabriel Pires e Diego Costa. A equipe se reorganizou com Gabriel e Eduardo por dentro, Tchê Tchê aberto pelo lado direito e Victor Sá na esquerda.

O Corinthians se expôs menos aos contra-ataques e evitou dar campo para o Botafogo atacar em velocidade. O Glorioso seguiu com dificuldades de construir a partir dos passes curtos e movimentações. Aos 34 minutos, o time finalizou pela primeira vez na etapa final, em um raro momento em que Gabriel Pires conseguiu quebrar a marcação com um passe vertical e acionar Diego Costa no pivô. O lance terminou com um cruzamento de Hugo que Victor Sá cabeceou para fora. Até essa tentativa de finalização, a equipe ficou 64 minutos sem chutar a gol.

As últimas mudanças no Botafogo foram as entradas de Júnior Santos e Carlos Alberto nas vagas de Di Placido e Victor Sá. Tchê Tchê, que começou como volante, depois foi lateral-esquerdo e meia-direita, foi para sua quarta posição diferente no jogo na lateral direita. Júnior Santos conseguiu, aos 43 minutos, a primeira finalização alvinegra na direção do gol, em cabeçada no centro do gol que terminou nas mãos de Cássio. Nos acréscimos, o atacante teve outra chance de cabecear, mas foi capaz de colocar força na bola.

Análise Corinthians x Botafogo

O Botafogo terá dez dias de descanso e preparação até o próximo jogo contra o Goiás no Nilton Santos. Na luta contra o rebaixamento, o Esmeraldino atravessa um jejum de cinco jogos sem vencer.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – COR 66% x 34% BOT
Passes certos – COR 598 (90%) x 269 (78%) BOT
Finalizações – COR 19 (5 no gol) x 9 (2) BOT
Gols esperados (xG) – COR 1.12 x 0.46 BOT
Finalizações dentro da área – COR 9 x 4 BOT
Grandes chances criadas – COR 2 x 0 BOT
Grandes chances perdidas – COR 1 x 0 BOT
Defesas do goleiro – COR 2 x 4 BOT
Cruzamentos – COR 6/24 (25%) x 5/12 (42%) BOT
Bolas longas – COR 39/56 (70%) x 20/50 (40%) BOT
Desarmes – COR 20 x 11 BOT
Interceptações – COR 6 x 11 BOT
Cortes – COR 11 x 20 BOT
Disputas de bola vencidas – COR 47 x 48 BOT
Disputas aéreas vencidas – COR 10 x 10 BOT
Faltas – COR 18 x 8 BOT
Cartões amarelos – COR 4 x 4 BOT
Cartões vermelhos – COR 0 x 1 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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