Análise: falha técnica, coletivo fraco e despreparo emocional; os erros do Botafogo na derrota para o Flamengo

Análise: falha técnica, coletivo fraco e despreparo emocional; os erros do Botafogo na derrota para o Flamengo
Vitor Silva/Botafogo

No acender das luzes, o Botafogo perdeu para o Flamengo por 1 a 0 em Brasília. Após um erro de Daniel Borges no primeiro minuto de jogo, o Glorioso saiu atrás e não foi capaz de mostrar força para reagir no decorrer do jogo. O time voltou a mostrar descontrole emocional em um jogo quente que terminou com três expulsões do lado alvinegro. Com a derrota, a equipe pode ver Vasco, Volta Redonda e Bangu se aproximarem na classificação a duas rodadas do fim da Taça Guanabara.

Com os desfalques de Adryelson e Cuesta, Luís Castro foi forçado a escalar um miolo de zaga inédito formado por Carli e Segovia. O capitão argentino teve sua primeira oportunidade como titular no ano. Já o zagueiro equatoriano, dono da maior média de passes por jogo do time (47) e do melhor aproveitamento (98%), recebeu a terceira chance entre os titulares. O treinador ainda contou com os retornos de Marçal e Patrick de Paula.

Análise Botafogo x Flamengo

O Botafogo já começou o jogo perdendo por 1 a 0. Com apenas 15 segundos de jogo, Daniel Borges errou um passe simples e ligou o contra-ataque rubro-negro. O jovem Matheus Gonçalves partiu em velocidade para cima de Carli, que deu muito espaço para o adversário temendo um corte rápido. O atacante conduziu até o bico da pequena área e finalizou forte, sem chances de defesa para Lucas Perri. Pelo segundo jogo consecutivo, a fragilidade das opções da lateral-direita são expostas, o que aumenta a expectativa para o anúncio da contratação de Leonel Di Placido junto ao Lanús.

O gol marcado no primeiro lance condicionou o jogo. Aumentou o senso de urgência, a pressão sobre os jogadores alvinegros e derreteu a confiança de Daniel Borges, muito explorado pelo adversário como o ponto de maior fragilidade da linha defensiva. Everton Cebolinha e Marinho passaram sem dificuldade pelo lateral-direito do Botafogo. O Flamengo pode recuar as linhas para um bloco médio, sempre com muita pressão na bola para forçar o erro e aproveitar o espaço para atacar em velocidade.

O Glorioso teve problemas para construir jogadas ofensivas devido à ineficácia do jogo pelas beiradas do campo. O time buscou inversões para encontrar situações de um contra um, mas esbarrou ora nos erros de passe ora na desatenção de Piazon. Com a lesão de Patrick de Paula, Lucas Fernandes foi para o campo aos 32 minutos da primeira etapa. Castro optou por ter mais um jogador com boa capacidade de passe para dividir a responsabilidade da criação com Gabriel Pires. O Botafogo abusou dos cruzamentos precipitados a partir da intermediária e teve apenas dois acertos em 13 tentativas no primeiro tempo. Os lançamentos também não tiveram eficiência: apenas dois certos em 18 tentados.

O Alvinegro teve uma finalização certa em toda a etapa inicial, uma chance clara de gol desperdiçada por Tiquinho. A equipe teve mais posse de bola (57%), trocou mais passes (184 x 78), mas não conseguiu ser perigosa nos arredores da área adversária. O Flamengo conseguiu as jogadas mais agudas e perdeu chances de ampliar por decisões erradas de seus jogadores mais jovens.

Sem alterações no intervalo, o Botafogo seguiu com as mesmas dificuldades no segundo tempo. Com problemas para escapar da pressão do adversário, a bola passou pouco pelo meio-campo enquanto lançamentos e cruzamentos sem critério se acumularam. O Flamengo buscou disputar o controle da velocidade do jogo, evitando a trocação franca e alternando momentos de retenção da posse com esticadas verticais.

Castro mexeu aos 15 minutos, promovendo as entradas de Cuesta e Carlos Alberto nos lugares de Carli e Piazon. Carlos Alberto foi uma tentativa de explorar as transições em velocidade com mais eficiência, mas o aproveitamento ruim nos passes longos continuou sendo um entrave para a fluidez do jogo alvinegro. Com dois zagueiros canhotos em campo, Segovia foi quem atuou pelo lado direito e mostrou algum desconforto com o posicionamento, sem a mesma naturalidade no domínio orientado na perna direita para fugir da pressão.

A fraca atuação coletiva do Botafogo expôs o desempenho técnico abaixo do esperado de alguns dos principais jogadores do time. Marçal, Gabriel Pires e Tiquinho Soares estiveram aquém do melhor que já apresentaram com a camisa alvinegra. Tchê Tchê foi a estrela solitária da equipe, garantindo a qualidade no passe e criando linhas de passe na saída de bola. Com a saída de Daniel Borges para a entrada de Matheus Nascimento, o time passou a atuar em um 3-3-4, com Marçal como terceiro zagueiro. O Glorioso chegou a empatar o jogo com Carlos Alberto, mas o lance foi invalidado pelo VAR por impedimento.

Excessivamente pilhado, o Botafogo voltou a mostrar fragilidade emocional em um jogo grande. A arbitragem terrível, confusa e egocêntrica de Tarcizo Pinheiro Caetano não é motivo para o descontrole apresentado pelos jogadores. Pelo segundo clássico seguido, o time termina com dois jogadores a menos em campo – fora a expulsão de Carli no banco de reservas -, além de sete cartões amarelos.

Análise Botafogo x Flamengo

O Botafogo estreia na Copa do Brasil contra o Sergipe na próxima quinta-feira (2), às 20h, na Arena Batistão. Em 11 jogos na temporada, entre Copa do Nordeste e Campeonato Sergipano, o time de Aracaju registra seis vitórias, dois empates e três derrotas.

Números do jogo: (Footstats)

Posse de bola – BOT 58% x 42% FLA
Passes certos – BOT 348 (89%) x 144 (77%) FLA
Finalizações – BOT 11 (2 no gol) x 8 (4) FLA
Desarmes – BOT 11 x 13 FLA
Interceptações – BOT 2 x 2 FLA
Rebatidas – BOT 25 x 49 FLA
Cruzamentos – BOT 3/24 (12%) x 2/7 (29%) FLA
Lançamentos – BOT 6/33 (18%) x 16/39 (41%) FLA
Dribles – BOT 5/7 (71%) x 6/8 (75%) FLA
Perdas de posse de bola – BOT 26 x 15 FLA
Faltas – BOT 14 x 21 FLA
Cartões amarelos – BOT 7 x 3 FLA
Cartões vermelhos – BOT 3 x 0 FLA

Fonte: Redação FogãoNET

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