Análise: com Gustavo Sauer inspirado, Botafogo esboça evolução ofensiva na vitória sobre o Audax

Análise: com Gustavo Sauer inspirado, Botafogo esboça evolução ofensiva na vitória sobre o Audax
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo bateu o Audax por 5 a 2 na partida decisiva da Taça Rio e garantiu vaga na Copa do Brasil de 2024. Mas a melhor notícia foi a atuação ofensiva da equipe, com jogadas coletivas e um esboço de padrão de jogo. Defensivamente, o Glorioso não foi bem, o que não comprometeu o resultado e o desempenho geral. Em meio a um momento de dúvidas sobre a capacidade de Luís Castro retomar a evolução do futebol alvinegro, há pontos importantes do funcionamento da equipe a serem estudados e repetidos na sequência do trabalho. Com dois gols marcados, Gustavo Sauer foi o craque do jogo e volta a ser esperança na ponta-direita.

Diante da maratona de jogos que aguarda o clube em abril e da vantagem conquistada no primeiro jogo, Castro escalou um time com muitos jogadores reservas para o jogo decisivo da Taça Rio. Chance de ouro para jogadores pouco utilizados ou que ainda buscam regularidade para ganhar a vaga como titular. A dupla de zaga formada por Philipe Sampaio e Luis Segovia entra no primeiro caso. Suplentes de dois dos mais regulares atletas alvinegros, precisam aproveitar as poucas oportunidades para mostrar que podem ser alternativas.

Já jogadores como Rafael, Marlon Freitas, Gustavo Sauer e Luis Henrique, ainda que em estágios diferentes de confiança do treinador, puderam mostrar serviço e se credenciar como possíveis titulares nos próximos compromissos da equipe. Marlon, que vinha atuando como segundo homem do meio-campo, jogou bem como um volante mais posicional, com mais responsabilidades na construção na base das jogadas.

O Botafogo teve uma atitude diferente dos últimos jogos desde os primeiros minutos. O time conseguiu ditar o ritmo de jogo, controlar as ações e criar espaços para fugir da pressão e atacar em progressão. Os problemas dos pontas em 2023 são coletivos e individuais. Coletivos porque o time não consegue criar situações de vantagem numérica e situacional pelas beiradas. Individuais porque, desde a saída de Jeffinho, ninguém consegue encontrar soluções fora do óbvio para quebrar sistemas defensivos. Contra o Audax, a equipe conseguiu colocar Sauer e Luis Henrique em situações de um contra um em velocidade, com condições de superar os adversários e funcionar como escapes para a fluidez do time.

O gol que abriu o placar, aos 11 minutos do primeiro tempo, surgiu dessa capacidade de atacar a profundidade. Matheus Nascimento ganhou uma disputa de bola no meio-campo, acionou Gustavo Sauer em progressão e correu para atacar a última linha da defesa adversária. A jogada terminou com Lucas Fernandes pisando na área e marcando o gol no rebote. Sete minutos depois, foi a vez de Raí atacar a profundidade, receber a bola de Sauer e abrir com Rafael na direita. O lateral caprichou no cruzamento e achou Lucas Fernandes na segunda trave para anotar o seu segundo gol no jogo. Movimentações padronizadas, passes disruptivos e povoamento da área são características fundamentais no futebol de um time competitivo.

O jogo serviu também para Raí e Matheus Nascimento mostrarem não apenas o potencial que todos conhecem, mas também a maturidade para serem peças úteis em um time bem encaixado. Raí jogou centralizado, caindo para o lado direito, onde fez boas combinações com Rafael e Sauer. O meia também conseguiu fazer o papel de aproximação com o centroavante para buscar um jogo apoiado e aparecer como opção de finalização. Matheus fez um jogo bastante participativo, de imposição física e técnica, e terminou o primeiro tempo com três finalizações

Mas não foram apenas boas notícias no primeiro tempo. Com 2 a 0 no placar, o Botafogo recuou, diminuiu o ritmo e perdeu o controle das ações. O Audax cresceu no jogo e, novamente, algumas fragilidades do sistema defensivo alvinegro foram expostas. Aos 28, o time de Angra dos Reis marcou o seu gol após um conjunto de erros da defesa. Segovia saltou pouco e perdeu a disputa no alto, faltou imposição física na abordagem defensiva de Hugo e Philipe Sampaio foi mal na cobertura. O Glorioso, que tinha 71% da posse de bola no momento do segundo gol, terminou a etapa inicial com 49%.

O Audax teve chance de empatar o jogo, sempre explorando as laterais do campo e o cruzamento contra um miolo de zaga não tão seguro na defesa da área quanto o titular. Mas foi o Botafogo que aproveitou a oportunidade que teve e ampliou a vantagem. Aos 41 minutos, lindo passe de Marlon Freitas por elevação e finalização firme de Gustavo Sauer. O meia que foi arco nas jogadas dos dois primeiros gols, foi flecha que furou a defesa no terceiro. O importante destacar é que nos três gols houve movimentações atacando a profundidade. Um pequeno indício do padrão tão cobrado da equipe para alcançar desempenhos mais sólidos.

Um número que ilustra a boa atuação ofensiva do Botafogo no primeiro tempo foram as dez finalizações. A média do time no Carioca é de 12,2 por jogo. A equipe ainda registrou apenas seis perdas de posse de bola, retrato de um jogo coletivo bem encaixado, sem precisar forçar jogadas improváveis.

No segundo tempo, o Glorioso manteve um ritmo lento, mas ainda sem o controle do jogo. Mais uma vez forçando a bola na área, o Audax marcou o segundo aos seis minutos em outro erro coletivo da defesa alvinegra que, em uma cobrança de escanteio curta, não tinha ninguém cobrindo o lado direito. O que o Audax não conseguiu foi impor uma pressão forte na busca pelo empate.

Mesmo em uma atuação preguiçosa na volta do intervalo, o Botafogo marcou aos 20 minutos. O nome do jogo, Gustavo Sauer, driblou dois e finalizou forte para fazer um belo gol. Dois gols marcados e participações importantes em outros dois gols. A melhor atuação de Sauer com a camisa alvinegra faz ressurgir o nome do ponta como esperança para qualificar tecnicamente a equipe. Gustavo precisa manter-se saudável para poder ganhar regularidade como titular.

Com a vitória garantida, ainda deu tempo de marcar o quinto, com Philipe Sampaio de cabeça. O famoso jargão ‘venceu e convenceu’ talvez seja exagerado para definir a atuação da equipe nesta noite de domingo. O adversário era fraco, mas nem contra adversários fracos o Botafogo vinha se impondo. Agora, regularidade é a palavra do momento para tirar o time da fase ruim. Na próxima quarta-feira, contra o Ypiranga pela Copa do Brasil, é preciso repetir a boa atuação ofensiva e melhorar defensivamente.

Fonte: Redação FogãoNET

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