Depois de ser o terceiro melhor visitante do Campeonato Brasileiro em 2022, o Botafogo começou a trajetória fora do Nilton Santos com o pé direito. O Glorioso foi até Salvador e venceu o Bahia por 2 a 1, com gols de Junior Santos e Tchê Tchê. O time criou poucas chances de gol, mas foi letal para aproveitar as oportunidades e sair com os três pontos. A organização defensiva e a maturidade coletiva também foram destaques na noite de segunda. Ao lado do Fluminense, o Alvinegro lidera o Brasileirão com 100% de aproveitamento.
Castro apostou na continuidade e repetiu a escalação da vitória sobre o Universidad César Vallejo na última quinta-feira. Esperando um confronto mais disputado nas extremidades do campo, Júnior Santos e Victor Sá mantiveram a titularidade pelo trabalho com e sem a bola.
No meio-campo a formação mais leve composta por Danilo Barbosa, Lucas Fernandes e Eduardo agradou e ganhou sequência. Rafael continuou improvisado na lateral-esquerda.
No embalo da torcida, o Bahia começou o jogo explorando a velocidade nas beiradas do campo, com Jacaré e Chávez levando a melhor sobre a marcação alvinegra. A forte marcação dos baianos também causou dificuldades para o Botafogo que não encontrou espaço para criar nos primeiros 15 minutos de jogo. Nesse começo de partida, o time da casa registrou não apenas mais posse, mas também mais desarmes. Somente aos 17 o Glorioso encaixou a primeira descida de contra-ataque com Victor Sá, mas não finalizou.
A primeira finalização saiu apenas aos 28 minutos e foi justamente a do gol. Junior Santos construiu ótima jogada individual pelo lado direito, tabelou com Tiquinho e finalizou de perna esquerda. A bola ainda desviou e matou o goleiro Marcos Felipe. Junior vinha fazendo um jogo de muito comprometimento defensivo auxiliando Di Placido na marcação. Sua capacidade física para oferecer verticalidade pelo lado do campo é o que o difere das outras opções do elenco e justifica a predileção do treinador pelo seu futebol.
O jogo mudou depois do gol alvinegro porque o Bahia sentiu demais o gol. O Botafogo, mais maduro, conseguiu controlar a velocidade da partida, fechar os espaços em um bloco de defesa no próprio campo e frustrar o adversário e sua torcida. Contudo, os problemas na construção ofensiva continuaram e o time terminou o primeiro tempo com uma única finalização, a do gol. Os donos da casa voltaram a ameaçar em lances de velocidade, mas sem o mesmo ritmo, ficaram 17 minutos sem finalizar.
Aos 41, o Tricolor empatou o jogo na sequência de um erro de Di Placido. O lateral saiu da última linha de defesa para dar combate em um adversário na entrelinha e foi batido por um toque rápido, deixando desguarnecido o lado direito da defesa. Sem marcação, Chávez recebeu, cruzou e a bola chegou nos pés de Jacaré depois de cruzar toda a área. O ala cortou a marcação e bateu forte para empatar o jogo.
O Botafogo apostou muito nas ligações diretas com Tiquinho Soares e teve pouco a bola para organizar ataques a partir das trocas de passe. Nesse cenário, os meias mais habilidosos, Lucas Fernandes e Eduardo, contribuíram pouco com a equipe na fase ofensiva. Apesar de ter apenas 39% de posse na primeira etapa, o Glorioso teve mais perdas de posse de bola que o Bahia (61 x 63), resultado de um jogo sem fluidez que busca jogadas improváveis.
Para o segundo tempo, Philipe Sampaio substituiu Adryelson, que sentiu um desconforto muscular. O jogo voltou em um ritmo mais baixo, o que permitiu ao Botafogo ter mais a bola, aumentar o aproveitamento nos passes e sofrer menos com a velocidade do rival. No ataque, a falta de finalizações persistiu. Depois de um chute de Junior Santos de fora da área, aos seis minutos, o time só voltou a finalizar aos 17 com Philipe Sampaio. Ambas as finalizações foram para fora. Com uma linha de defesa mais lenta formada por Sampaio e Cuesta, o Bahia forçou lançamentos em profundidade e Perri foi forçado a trabalhar duas vezes.
Castro fez todas as substituições disponíveis até os 25 minutos da etapa final. Primeiro, trocou Lucas Fernandes e Victor Sá por Tchê Tchê e Luis Henrique. Depois, saíram Danilo Barbosa e Junior Santos para as entradas de Marlon Freitas e Matías Segovia. Com um jogo mais à feição do Glorioso, o treinador quis ter dois volantes com chegada no campo de ataque e dois pontas com características de buscar o drible em situações de um contra um.
As mudanças deram certo e o Botafogo chegou ao gol da vitória aos 32 minutos. Marlon Freitas inverteu para Luis Henrique, o ponta soltou rápido para Tchê Tchê e o volante encontrou Tiquinho Soares na referência. Depois da tabela rápida, Tchê Tchê soltou o pé da entrada da área e marcou um bonito gol. A segunda assistência de Tiquinho no jogo mostra que o centroavante precisa de companhia e movimentações ao seu redor para fazer mais que apenas lutar contra a defesa para reter a posse em ligações diretas. A capacidade de pivô do atacante é muito acima da média e pode ser central na organização ofensiva da equipe.
Na próxima quinta-feira (27), às 19:30h, o Botafogo recebe o Ypiranga no Nilton Santos pelo jogo de volta da terceira fase da Copa do Brasil. O Glorioso venceu o primeiro jogo por 2 a 0 e pode perder por um gol de diferença para avançar na competição.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BAH 60% x 40% BOT
Passes certos – BAH 540 (84%) x 287 (79%) BOT
Gols esperados (xG) – BAH 0.91 x 0.20 BOT
Finalizações – BAH 13 (5 no gol) x 5 (3) BOT
Finalizações dentro da área – BAH 4 x 3 BOT
Defesas do goleiro – BAH 1 x 4 BOT
Desarmes – BAH 20 x 23 BOT
Interceptações – BAH 12 x 14 BOT
Cortes – BAH 16 x 30 BOT
Cruzamentos – BAH 3/21 (14%) x 1/13 (8%) BOT
Bolas longas – BAH 33/51 (65%) x 21/50 (42%) BOT
Dribles – BAH 10/24 (42%) x 19/32 (59%) BOT
Perdas de posse de bola – BAH 150 x 146 BOT
Duelos ganhos – BAH 53 x 70 BOT
Duelos aéreos ganhos – BAH 14 x 12 BOT
Faltas – BAH 18 x 9 BOT
Cartões amarelos – BAH 1 x 2 BOT