O Botafogo foi até Erechim e venceu o Ypiranga por 2 a 0 no jogo primeiro jogo válido pela terceira fase da Copa do Brasil. Por mais que o placar indique uma ampla superioridade alvinegra, a equipe voltou a apresentar fragilidades, com desempenhos distintos nos dois tempos de jogo. Lucas Perri evitou o pior com duas grandes defesas no primeiro tempo e Eduardo decidiu o jogo com um gol em cada etapa. Olhando para o resultado e sem desconsiderar o nível baixo dos últimos adversários, o Glorioso emendou uma sequência de sete jogos sem perder, sendo cinco vitórias.
Castro não promoveu surpresas na escalação da equipe. Gustavo Sauer e Luis Henrique, os dois pontas em melhor fase no elenco, foram titulares juntos pelo segundo jogo consecutivo. A boa atuação de Marlon Freitas no final de semana credenciou o volante a manter sua vaga na formação do trio de meias. A novidade do jogo estava no banco: recém-recontratado, Junior Santos foi relacionado pela primeira vez e começou a partida entre os reservas.
Na busca por um meio-campo mais físico e combativo, Marlon jogou como primeiro volante, com a função de ajudar na saída de bola e atuar na base das jogadas. Dessa forma, Tchê Tchê ganhou liberdade para jogar mais adiantado e a responsabilidade de aparecer na área como elemento surpresa. Logo aos três minutos de jogo, o camisa seis mostrou que entendeu bem o papel e participou ativamente do primeiro gol alvinegro. Depois de triangulação rápida entre Tiquinho, Sauer e Di Placido na direita, o lateral encontrou Tchê Tchê livre na área. O meia finalizou em cima do goleiro e Eduardo completou de cabeça no rebote. O gol aconteceu porque o Botafogo chegou com quatro jogadores atacando a área. Importante destacar também a movimentação de Tiquinho e a leitura de jogo de Gustavo Sauer na construção do lance do gol.
O lado direito foi o foco do ataque alvinegro desde o início da partida. Tiquinho saiu muito da área para buscar jogo com Sauer e criar espaços para serem atacados na defesa gaúcha. As opções pelo lado esquerdo ficaram ainda mais escassas quando Marçal deixou o campo machucado aos dez minutos e foi substituído por Rafael. A concentração de jogadas pela direita só mudou quando Luis Henrique começou a encontrar soluções individuais para dar sequência nos ataques. Um bonito cruzamento de trivela para uma finalização plástica de Eduardo e uma jogada em que passou por três marcadores antes de chutar forte da entrada da área para defesa do goleiro.
O Botafogo não conseguiu manter o ritmo forte de ataque para continuar em cima do adversário. Logo após o gol, o Ypiranga cresceu no jogo e causou dificuldades para o sistema defensivo alvinegro, obrigando Lucas Perri a fazer boas intervenções. Somente a partir dos 25 minutos da primeira etapa o Glorioso conseguiu trabalhar melhor a posse de bola, aumentar ligeiramente a precisão nos passes e voltar a atacar em progressão com troca de passes curtos e rápidos. A melhor chance de ampliar a vantagem foi desperdiçada por Luis Henrique, aos 37, com a participação do gramado irregular dificultando a finalização.
Apesar da vantagem parcial, o Botafogo não fez um bom primeiro tempo e não foi capaz de se impor técnica e taticamente sobre o adversário. Com 39% de posse de bola e 72% de aproveitamento nos passes, o time não conseguiu aproveitar os espaços oferecidos pelo Ypiranga na transição para estabelecer um jogo consistente de contra-ataques. O sistema defensivo alvinegro repetiu as atuações de pouca intensidade e baixa capacidade de pressão no homem da bola.
Depois dos quatro cartões amarelos recebidos no primeiro tempo, Castro substituiu um dos amarelados com a troca de Tchê Tchê por Danilo Barbosa. O gramado pouco propício à troca de passes pode ter influenciado na escolha do treinador por um jogador mais forte como Danilo e não por um meia com mais recursos técnicos como Gabriel Pires ou Lucas Fernandes. A alteração inverteu as funções dos volantes e exigiu mais de Marlon Freitas, após um primeiro tempo em que teve problemas e não conseguiu participar da construção ofensiva da equipe.
O Botafogo seguiu sem consistência ofensiva e com dificuldades na criação das jogadas, mas teve o mérito de ceder menos oportunidades de gol ao Ypiranga. A melhora na organização do sistema defensivo alvinegro protegeu a última linha da defesa, especialmente os laterais. Junior Santos fez sua reestreia aos 14 minutos do segundo tempo, substituindo Gustavo Sauer. O camisa dez teve mais uma boa atuação, especialmente nos momentos em que se desloca da ponta para o meio e busca aproximação com Eduardo e Tiquinho para troca de passes rápida.
De Junior Santos o torcedor alvinegro sabe o que esperar. Muita disposição, velocidade e pouco refinamento técnico e em leitura de jogo. Assim, o ponta foi útil na segunda etapa para manter o fôlego que Sauer já não era capaz de entregar e oferecer escape na transição ofensiva. O jogador mostrou o combo completo de erros e acertos; perdeu um gol cara a cara com o goleiro, mas participou do segundo gol do Botafogo. Eduardo retomou a posse no ataque, a bola sobrou para Junior que atacou verticalmente a área. No bate-rebate, a bola sobrou para o próprio Eduardo finalizar com qualidade e marcar o seu segundo no jogo.
No próximo sábado (15), o Botafogo estreia no Brasileirão contra o São Paulo no Nilton Santos. Em 15 jogos na temporada 2023, o Tricolor Paulista registrou oito vitórias, quatro empates e três derrotas. No Campeonato Paulista, amargou uma eliminação precoce e venceu apenas um jogo contra adversários da Série A.