Análise: mudanças de Tiago Nunes na escalação melhoram o Botafogo, mas Santos empata em distração defensiva

Análise: mudanças de Tiago Nunes na escalação melhoram o Botafogo, mas Santos empata em distração defensiva
Vitor Silva/Botafogo

O Botafogo foi organizado, intenso e focado contra o Santos no Nilton Santos. Marcou um gol cedo, controlou o adversário durante a maior parte do tempo, mas não matou o jogo e colocou tudo a perder no fim. Em 90 minutos, o torcedor alvinegro saiu da euforia pela volta à liderança do Brasileirão para a frustração da certeza de estar fora da disputa. Há três meses sem vencer como mandante, o Alvinegro conquistou quatro pontos dos últimos 24 disputados.

O desempenho frustrante na estreia de Tiago Nunes contra o Fortaleza fez o treinador mudar peças e mexer na estrutura do time. Com Di Placido em baixa e sem laterais-esquerdos disponíveis para o jogo, Tiago armou a equipe sem qualquer lateral/ala de ofício. Na divulgação da escalação, as entradas de Danilo Barbosa e Gabriel Pires levantaram entre os torcedores suposições sobre o posicionamento e as funções dos jogadores em campo.

Com a bola rolando, foi possível desvendar os planos do treinador. Danilo Barbosa, Adryelson e Cuesta formando uma linha de três zagueiros. Tchê Tchê foi um ala pela direita e contou com ajuda de Júnior Santos, que jogou como um segundo atacante com muitas responsabilidades defensivas. Na esquerda, Victor Sá foi um ala com liberdade para virar um ponta na fase ofensiva, enquanto Eduardo baixou para criar jogo pelas beiradas do campo a fim de abrir a defesa adversária. Marlon Freitas e Gabriel Pires atuaram pela faixa central.

Análise Botafogo x Santos

Primeiro tempo

A estratégia inicial resultou em um bom começo de jogo para o Botafogo. Com uma posse de bola propositiva e uma troca de passes rápidos e verticais, o time conseguiu ocupar o campo de ataque e se impor sobre o adversário. A dinâmica entre Eduardo e Victor Sá no setor esquerdo funcionou muito bem e potencializou virtudes do meia que andam sumidas, especialmente, a capacidade de dar velocidade à bola. Mais recuado, recebendo a bola de frente com toda a visão do campo, Eduardo cresceu e foi o principal distribuidor do jogo alvinegro.

Foi pelo lado esquerdo que o Glorioso abriu o placar logo aos dez minutos de jogo. Victor Sá, confiante no um contra um, foi derrubado na lateral da área. Eduardo cobrou a falta e Danilo Barbosa subiu para finalizar com uma cabeçada de manual. Testada forte, para o chão, sem chances de defesa para João Paulo. Foi o terceiro gol do jogador no campeonato, o terceiro de cabeça.

O Botafogo reduziu o ímpeto ofensivo após o gol e procurou manter a organização para evitar sofrer com as transições em velocidade. O time manteve o maior controle da posse de bola, mas, sem o mesmo volume de jogo dos minutos iniciais, não conseguiu criar oportunidades de marcar o segundo gol. O Santos criou poucas tramas ofensivas quando Soteldo e Marcos Leonardo encontraram espaço para jogar. No entanto, o Alvinegro Praiano pecou no último passe e pouco incomodou Lucas Perri na primeira etapa.

O Glorioso esteve longe de repetir atuações dominantes de outros momentos do Brasileirão, mas voltou a competir no primeiro tempo. Mostrou organização, apesar do pouco tempo de treino com o novo sistema de jogo, e foi concentrado e intenso para frustrar as iniciativas do adversário. Danilo, Marlon, Eduardo e Victor Sá estiveram entre os destaques individuais. Já Tiquinho Soares esteve abaixo do restante do time, com pouco envolvimento no jogo coletivo.

Análise Botafogo x Santos

Segundo tempo

O Santos de Marcelo Fernandes foi surpreendido pela formação do Botafogo. No intervalo, o treinador mexeu duas vezes para tentar voltar para o jogo. O Glorioso manteve a postura da fase final da primeira etapa e o duelo seguiu no ritmo morno, controlado. Embora o adversário tivesse mais posse de bola, seguiu com muita dificuldade de provocar desequilíbrios no sistema defensivo alvinegro. O Santos teve Lucas Lima e Soteldo por dentro para ser mais criativo e conseguir acionar Marcos Leonardo, que teve atuação discreta, encurralado entre os zagueiros.

A primeira boa chegada da equipe aconteceu aos 14 minutos, em uma improvável cobrança de falta de Júnior Santos que, depois de um bate rebate, proporcionou finalização de Eduardo e terminou com o próprio Júnior cabeceando para o zagueiro Messias cortar em cima da linha. Com moral até para cobrar faltas, Júnior fez um jogo de ótimo entendimento tático, sem decisões equivocadas ou jogadas forçadas que, por vezes, atrapalham o seu desempenho.

O Botafogo teve o contra-ataque disponível no segundo tempo, mas aproveitou pouco. Aos 20 minutos, para dar mais velocidade ao time, Tiago trocou Eduardo e Tiquinho por Luis Henrique e Janderson. Quatro minutos depois, foi a vez de Di Placido entrar no lugar de Victor Sá. A equipe se organizou com Di Placido na direita e Tchê Tchê como um ala pela esquerda. Júnior Santos e Luis Henrique foram as alternativas de desafogo pelas beiradas.

O comportamento defensivo alvinegro foi impecável durante quase todo o jogo. Bastos e Matías Segovia entraram aos 39 minutos e tiveram participação direta no gol de empate santista. Em um lapso de concentração, a defesa foi pega desorganizada em uma cobrança curta de falta de Soteldo aos 44 minutos. O venezuelano conseguiu espaço pela esquerda, passou fácil pela abordagem defensiva ruim de Segovia e cruzou na cabeça de Messias, que ganhou de Bastos no alto. O gol foi um banho de água fria depois de uma atuação sólida da equipe.

Análise Botafogo x Santos

O Botafogo enfrenta o Coritiba na próxima quarta-feira, às 21h30, no Estádio Couto Pereira, em jogo com portões fechados. O Coxa teve o rebaixamento para a Série B sacramentado na 36ª rodada.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – BOT 46% x 54% SAN
Passes certos – BOT 297 (81%) x 355 (81%) SAN
Finalizações – BOT 18 (5 no gol) x 8 (5) SAN
Gols esperados (xG) – BOT 1.52 x 0.26 SAN
Finalizações dentro da área – BOT 10 x 4 SAN
Grandes chances de gol – BOT 3 x 1 SAN
Grandes chances perdidas – BOT 2 x 0 SAN
Defesas do goleiro – BOT 4 x 3 SAN
Cruzamentos – BOT 7/19 (37%) x 3/14 (21%) SAN
Bolas longas – BOT 29/60 (48%) x 34/61 (56%) SAN
Desarmes – BOT 17 x 24 SAN
Interceptações – BOT 9 x 4 SAN
Cortes – BOT 18 x 13 SAN
Disputas de bola vencidas – BOT 53 x 58 SAN
Disputas aéreas vencidas – BOT 16 x 17 SAN
Dribles – BOT 6/19 (32%) x 3/13 (23%) SAN
Faltas – BOT 14 x 15 SAN
Cartões amarelos – BOT 2 x 3 SAN

Fonte: Redação FogãoNET

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