Tudo deu errado para o Botafogo na noite de quinta-feira no Maracanã. Com dois jogadores expulsos ainda no primeiro tempo, o Glorioso lutou, mas foi batido pelo Vasco por 2 a 0. O Clássico da Amizade foi marcado por discussões e brigas dentro do campo que abalaram o foco dos jogadores alvinegros e provocaram atos de destempero. A segunda derrota da equipe no Carioca mantém o time na vice-liderança do campeonato.
As duas equipes entraram com propostas similares de jogo, alinhadas em um 4-3-3, passando a um 4-4-2 no momento defensivo e buscando a pressão na saída de bola. Na comparação entre os trios de meio-campistas, o Botafogo tinha mais qualidade e entrosamento, mas os três volantes vascaínos se impuseram com base na força e o Vasco teve o controle do ritmo do jogo nos minutos iniciais. O sistema defensivo alvinegro, forçado a correr para trás, sofreu com as transições em velocidade.
Com apenas cinco minutos, Adryelson trocou empurrões com o vascaíno Galarza, o que deu início a uma confusão e terminou com cartão amarelo para os dois jogadores. O lance subiu a temperatura do jogo, mexendo com a concentração dos atletas. Aos onze minutos, Victor Sá foi desarmado na ponta-esquerda, o Vasco saiu rapidamente em contra-ataque escapando da pressão, ninguém conseguiu parar a jogada com falta e a defesa ficou exposta. Um passe vertical encontrou Alex Teixeira às costas da última linha de marcação e o atacante foi puxado por Adryelson, que recebeu cartão vermelho direto. Precipitação do zagueiro que poderia recuperar-se no lance contra um adversário pouco veloz.
Com um jogador a menos, o cenário ficou mais complicado para o Glorioso. Castro trocou Marlon por Philipe Sampaio, organizando a equipe em um 4-4-1, apenas com Tiquinho na frente. O time baixou as linhas e procurou concentrar os jogadores em uma faixa de 20 metros para diminuir os espaços para o adversário. Recuado para cumprir suas funções defensivas, Victor Sá não conseguiu ser uma válvula de escape em velocidade para se aproximar de Tiquinho, o que deixou o centroavante isolado. O Botafogo finalizou uma única vez a gol no primeiro tempo, em cobrança de falta de Gabriel Pires já nos acréscimos.
Depois de poucos minutos em campo, Sampaio passou mal e deixou o campo de ambulância, aumentando o drama alvinegro. O capitão Joel Carli entrou no jogo para a festa da torcida e para tentar liderar o time no momento de dificuldade. Mas o grande destaque da conturbada primeira etapa foi Lucas Perri, que garantiu o empate com duas defesas importantes.
Brigado, discutido, paralisado a todo momento, o primeiro tempo pareceu interminável. Os minutos finais ainda reservaram fortes emoções. Depois da marcação de um pênalti cometido por Carli, nova confusão em campo. O pênalti foi desmarcado após consulta ao VAR, mas uma agressão de Rafael foi registrada pelas câmeras e o lateral foi expulso. É possível considerar toda a frustração do jogador pelas dificuldades provocadas pelas lesões nos últimos anos, porém, é inadmissível partir dele, um dos mais experientes do grupo, um ato de destempero que prejudica o time em campo.
Como encarar os 45 minutos restantes com dois jogadores a menos foi o desafio colocado para Luís Castro no intervalo. O treinador tirou Lucas Piazon e Tiquinho para as entradas de Daniel Borges e Danilo Barbosa. A escolha foi ter Victor Sá mais adiantado para tentar alguma transição em velocidade. Sem a bola, o sistema defensivo formou uma linha de cinco, com Danilo ao lado dos zagueiros, e outra com três (Tchê Tchê, Gabriel Pires e Victor Sá) se desdobrando para pressionar a bola na entrada da área.
O trabalho inglório dos nove jogadores alvinegros era não apenas passar todo o tempo defendendo, mas conseguir também reter a posse e encontrar espaços na defesa adversária, quando possível. Nesse sentido, Gabriel Pires fez um jogo de muita maturidade no segundo tempo. Buscou a bola entre os zagueiros, tentou envolvimento com Tchê Tchê e aproximação com Sá no campo de ataque. Cuesta, Hugo e Tchê Tchê também se destacaram no cenário de superação da etapa final.
Apesar da vantagem numérica, o Vasco teve dificuldades para tramar jogadas ofensivas para envolver a defesa alvinegra e recorreu aos cruzamentos para tentar o gol. Com Lucas Perri protagonista, o Glorioso resistiu por dez minutos. Cruzamento na área, Danilo Barbosa calculou mal o tempo e a trajetória da bola, sendo batido por Alex Teixeira no alto. O gol não abateu o Botafogo que seguiu organizado em um 5-3 que preencheu bem a faixa central, mas encontrou dificuldades naturais de marcar as beiradas do campo e evitar os cruzamentos. Aos 24 minutos, no 15º cruzamento cruzmaltino no segundo tempo, Pedro Raul fez de cabeça o segundo gol e definiu o placar.
O Glorioso seguiu lutando até os minutos finais para evitar uma goleada e chegou a ter um gol anulado com Joel Carli. Mérito dos atletas que mostraram resiliência para encarar a desvantagem, além de profissionalismo e respeito com a camisa alvinegra.
O Botafogo volta a campo apenas depois do Carnaval, no sábado (25), quando vai enfrentar o Flamengo em Brasília.