Análise: em noite pouco inspirada do Botafogo, defesa comandada por Perri e Adryelson garante empate com o Cruzeiro

Lucas Perri em Cruzeiro x Botafogo | Campeonato Brasileiro 2023
Reprodução/Premiere

Em um dia ruim das principais referências técnicas do time, o Botafogo se garantiu na força da sua defesa. No empate em 0 a 0 com o Cruzeiro, o Glorioso saiu sem sofrer gols no Brasileirão pela 11ª vez em 18 jogos. A atuação da defesa na proteção da área foi fundamental nos 35 cruzamentos tentados pelo adversário. Com a bola, a equipe foi mal e finalizou apenas duas vezes. Tiquinho deixou o campo com uma torção no joelho e Bruno Lage quebrou a cabeça para substituir o centroavante

O Botafogo foi a campo com apenas uma mudança no time titular, a entrada de Júnior Santos no lugar de Gustavo Sauer. Lage justificou a troca como uma adaptação ao jogo do adversário. A intenção do treinador foi reforçar as laterais do campo e limitar as subidas do lateral-esquerdo Marlon, um dos principais escapes ofensivos da equipe celeste. Com Júnior explorando o espaço às costas no lateral, Di Placido fez um jogo mais atento à marcação.

Análise Cruzeiro x Botafogo

O Cruzeiro chegou à 18ª rodada do Campeonato Brasileiro com mais pontos conquistados como visitante que como mandante. Dos 23 pontos da equipe, 13 foram ganhos fora de casa. Nos últimos sete jogos como mandante na competição, os mineiros marcaram um único gol e registraram cinco derrotas, um empate e apenas uma vitória.

Primeiro tempo

O Botafogo assumiu uma postura reativa no começo do jogo. Aceitou a posse de bola cruzeirense, que ultrapassou os 70% nos primeiros 20 minutos, com uma abordagem de marcação menos ativa que o habitual, segurando a pressão sobre o adversário para o próprio campo. O Cruzeiro conseguiu acionar bem os laterais William e Marlon a partir de passes longos e abusou dos cruzamentos na direção do centroavante Gilberto. Contudo, os mineiros não transformaram o controle da posse e boa circulação da bola em finalizações.

Lage aproveitou uma pausa para atendimento médico como uma parada técnica a fim de reorganizar a equipe em campo. O ponto fundamental foi tirar a liberdade de Lucas Silva na distribuição da bola, colocando Tchê Tchê e Marlon Freitas na cola do meia. Eduardo teve uma atuação ruim, parecendo sempre em um ritmo abaixo da marcação. Sem a contribuição do meia, a ligação direta para as beiradas do campo foi a única alternativa ofensiva do time, mas o desempenho dos pontas também deixou a desejar. Enquanto Júnior Santos acumulou decisões ruins e perdas de bola, Victor Sá tocou na bola apenas oito vezes no primeiro tempo.

O Glorioso não finalizou na etapa inicial. O time sofreu para articular jogadas no campo de ataque e viu todos os jogadores de frente em uma noite ruim. Até Tiquinho parecia desconfortável em campo. O artilheiro fazia um jogo abaixo de seu potencial, sem conseguir segurar a bola no ataque e errando passes, até deixar o jogo lesionado aos 42 minutos. Lage colocou Lucas Fernandes em campo, adiantando Eduardo para o ataque. Gustavo Sauer, que vinha ganhando oportunidades também como meia centralizado, seguiu no banco.

Análise Cruzeiro x Botafogo

A boa atuação da dupla de zaga segurou o jogo aéreo do ataque mineiro. Adryelson e Cuesta fizeram bem o papel de proteção da área. Dos 16 cruzamentos tentados pelo Cruzeiro no primeiro tempo, apenas dois foram completados. Os laterais Di Placido e Marçal jogaram mais presos à última linha da defesa, mas sofreram com o volume de jogo celeste.

Segundo tempo

Lage precisava mudar e voltou do intervalo com mais uma substituição. Tirou Júnior Santos e promoveu a entrada de Matías Segovia na ponta-direita. A entrada do paraguaio procurou montar uma equipe com maior capacidade de valorizar a posse de bola a partir de aproximações e troca de passes. Mas a ideia não se concretizou e o Botafogo teve ainda mais dificuldades no segundo tempo. Com um Cruzeiro agressivo na marcação alta e sem Tiquinho como referência, o Alvinegro não conseguiu jogar com a bola pelo chão e fez ligações diretas facilmente cortadas pelo adversário.

Defensivamente, o jogo também ficou mais complicado para o Glorioso. William e Matheus Pereira atacaram Marçal e criaram muito pelo setor. O Cruzeiro finalizou quatro vezes (mais que em todo primeiro tempo) nos primeiros 12 minutos da etapa final. A posse de bola alvinegra desabou para 24% e a defesa se viu mais pressionada, sem alívio para respirar.

Carlos Alberto e Janderson substituíram Tchê e Victor Sá. As alterações tentaram devolver ao time o poder de atacar a profundidade. As mudanças vieram no momento em que o Botafogo já tinha arrefecido o ímpeto ofensivo adversário, disputando melhor o jogo no meio-campo. Lucas Fernandes foi recuado no meio-campo para atuar ao lado de Marlon. O meia é mais eficaz como um organizador de jogadas, iniciando a distribuição da bola. Adiantado, falta a Lucas verticalidade e rapidez.

O Glorioso finalizou duas vezes no segundo tempo, uma com Eduardo e outra com Segovinha. O Cruzeiro pressionou no início e no final da etapa final. Na reta final, Lucas Perri garantiu o resultado com duas defesas importantes. A larga vantagem na classificação do Brasileirão deixou o time confortável para assumir a postura de segurar o empate e trazer um ponto na bagagem.

Análise Cruzeiro x Botafogo

O Botafogo vai ao Paraguai decidir a classificação para as quartas de final da Copa Sul-Americana contra o Guaraní na próxima quarta-feira (9), às 19h. Depois da vitória no jogo de ida por 2 a 1, o Glorioso avança de fase com um empate. Com um time misto, os paraguaios perderam para o Olimpia por 5 a 3 neste domingo pelo campeonato nacional.

Números do jogo: (Sofascore)

Posse de bola – CRU 67% x 33% BOT
Passes certos – CRU 474 (85%) x 195 (70%) BOT
Finalizações – CRU 13 (4 no gol) x 2 (1) BOT
Gols esperados (xG) – CRU 0.96 x 0.08 BOT
Finalizações dentro da área – CRU 8 x 1 BOT
Grandes chances criadas – CRU 3 x 0 BOT
Grandes chances perdidas – CRU 3 x 0 BOT
Defesas do goleiro – CRU 1 x 4 BOT
Cruzamentos – CRU 9/35 (26%) x 2/4 (50%) BOT
Bolas longas – CRU 31/54 (57%) x 18/54 (33%) BOT
Desarmes – CRU 15 x 17 BOT
Interceptações – CRU 7 x 14 BOT
Cortes – CRU 5 x 33 BOT
Disputas de bola vencidas – CRU 54 x 37 BOT
Disputas aéreas vencidas – CRU 19 x 5 BOT
Faltas – CRU 17 x 7 BOT
Cartões amarelos – CRU 1 x 2 BOT

Fonte: Redação FogãoNET

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