A vitória sobre o Coritiba caiu no colo do Botafogo, mas a fase é tão ruim que o time parece se recusar a ganhar. Em um Couto Pereira sem público, o jogo sem brilho das duas equipes foi modorrento por mais de 90 minutos. Nos acréscimos do segundo tempo, o Alvinegro marcou um gol de pênalti e foi incapaz de segurar a vitória novamente. O empate em 1 a 1 deixou a equipe a três pontos do líder Palmeiras, enquanto Grêmio e Red Bull Bragantino podem encurtar a distância para o G4 para apenas um ponto.
O bom desempenho no primeiro tempo contra o Santos justificou a manutenção do sistema com três zagueiros. Tiago Nunes teve o desfalque de Danilo Barbosa e lançou Bastos como titular no trio defensivo. O treinador gostou de ter o meio-campo mais povoado com Marlon Freitas, Gabriel Pires e Eduardo como alternativa para ter mais criatividade e combatividade no setor. Tchê Tchê consolidou a posição de titular como ala pelo lado direito.
Primeiro tempo
O Botafogo criou a primeira boa chance de gol com menos de dois minutos de jogo. Grande jogada de Tchê Tchê, que recuperou a bola, puxou contra-ataque pela faixa central e lançou Eduardo em profundidade. O meia atacou a última linha e, em dois toques, ajeitou com o peito e finalizou de canhota para a defesa do goleiro Pedro Morisco. Eduardo voltou a aparecer mais como um segundo atacante, chegando na área, atacando os espaços gerados pelas flutuações de Tiquinho Soares.
O Glorioso teve o controle do jogo nos primeiros 15 minutos. Aos 13, a pressão alta na marcação resultou em mais uma chance de gol. Gabriel Pires retomou a posse no ataque, tabelou e deixou Victor Sá em condições de abrir o placar. O ponta finalizou cruzado de perna direita, mas parou novamente no goleiro alviverde. Gabriel Pires foi o nome mais importante do time na primeira etapa. O meia controlou os gatilhos de pressão no campo de ataque e distribuiu três passes que terminaram em finalizações.
Aos poucos, o Botafogo foi perdendo o foco no jogo. A queda nos índices de concentrações foi refletida nos erros de passe e perdas de posse. Bastos e Júnior Santos estiveram em noite de muitos erros técnicos. Marlon Freitas e Tiquinho, em uma rotação abaixo da esperada. O Coritiba cresceu na partida, encontrou espaço pelo lado direito do sistema defensivo alvinegro e começou a conseguir finalizações contra o gol de Lucas Perri.
E a situação piorou. Eduardo foi expulso aos 31 minutos por um pisão no tornozelo do adversário. Antes desatento, o Botafogo passou a ser a equipe abatida que tanto incomoda o torcedor. Um desavisado que acompanhou o jogo sem saber da posição dos times na tabela poderia achar que o Coritiba disputava o título e o Glorioso atuava para cumprir tabela. Os donos da casa não chegaram ao primeiro gol pelas limitações de seus atacantes.
Já nos acréscimos, Júnior Santos arrancou de forma atabalhoada e provocou a expulsão de Jamerson, deixando as equipes em igualdade numérica novamente.
Segundo tempo
Tiago Nunes teve a possibilidade de usar a expulsão como uma injeção de ânimo para colocar o Botafogo de volta no jogo. O treinador trocou Bastos por Hugo, desfazendo o sistema com três zagueiros. Com a posse de bola, Hugo teve liberdade para atacar a última linha, abrindo espaço para Cuesta aparecer no campo de ataque como elemento surpresa. Logo aos dois minutos, o zagueiro descolou ótimo cruzamento para encontrar Tiquinho Soares dentro da área.
O Glorioso mudou de postura e reassumiu o protagonismo do jogo. O time encurralou o Coritiba em sua própria intermediária, teve mais de 70% de posse, circulando a bola e conseguindo finalizações. Nos primeiros 20 minutos, foram sete finalizações — todas fora do alvo, é verdade — contra nenhuma dos donos da casa. Faltou maior capricho na definição das jogadas.
Aos 22, Tiago mexeu nas beiradas do campo. Entraram Carlos Alberto e Luis Henrique nos lugares de Júnior Santos e Victor Sá. No primeiro lance com a dupla em campo, Luis jogou na área, Carlos Alberto pegou a sobra no lado oposto e cruzou rasteiro. Gabriel Pires, cansado, não teve o ímpeto necessário para atacar a bola e fazer o gol. O lance foi a única fagulha criada pela dupla.
O cansaço foi determinante na reta final do jogo. O meio-campo perdeu combatividade e passou a oferecer muito espaço para o Coxa na transição. A velocidade de circulação da bola no ataque alvinegro também caiu vertiginosamente. Lucas Fernandes, sem jogar há três meses, era a única opção para o setor no banco de reservas. O meia substituiu Gabriel Pires aos 36.
Como os cruzamentos eram a única alternativa de ataque do Botafogo, o treinador colocou Janderson no lugar de Tchê Tchê. A equipe lançou 22 bolas na área com apenas cinco acertos. Luis Henrique, Janderson e Carlos Alberto tiveram oportunidades de finalização, mas hesitaram, mostraram falta de confiança.
Depois do gol perdido por Cuesta aos 49 do segundo tempo, parecia que nada entraria. O roteiro ainda guardava um final inacreditável. No último lance do jogo, Luis Henrique fez grande jogada individual e tocou para Carlos Alberto que foi derrubado dentro da área. O pênalti cobrado por Tiquinho Soares tiraria o Botafogo do buraco, quebrando a sequência de oito jogos sem vencer. Mas a euforia virou pesadelo e o time não conseguiu segurar o resultado. O Coritiba empatou com Edu aos 54 minutos de jogo.
O Botafogo enfrenta o Cruzeiro no próximo domingo (3), às 18h30, no Nilton Santos.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – CFC 47% x 53% BOT
Passes certos – CFC 345 (82%) x 391 (85%) BOT
Finalizações – CFC 13 (2 no gol) x 24 (6) BOT
Gols esperados (xG) – CFC 1.72 x 2.15 BOT
Finalizações dentro da área – CFC 10 x 14 BOT
Grandes chances criadas – CFC 3 x 2 BOT
Grandes chances perdidas – CFC 2 x 1 BOT
Cruzamentos – CFC 7/13 (54%) x 11/37 (30%) BOT
Bolas longas – CFC 37/65 (57%) x 46/62 (30%) BOT
Desarmes – CFC 8 x 20 BOT
Interceptações – CFC 14 x 6 BOT
Cortes – CFC 32 x 9 BOT
Disputas de bola vencidas – CFC 47 x 59 BOT
Disputas aéreas vencidas – CFC 20 x 20 BOT
Faltas – CFC 15 x 11 BOT
Cartões amarelos – CFC 4 x 1 BOT
Cartões vermelhos – CFC 1 x 1 BOT