Um jogo de dois Botafogos. No primeiro tempo, o Botafogo da Sul-Americana, lento e desatento, saiu perdendo para o Guaraní-PAR. Na etapa final, o Glorioso, líder do Brasileirão, entrou em campo e amassou o adversário para alcançar a vitória por 2 a 1. As entradas de Matías Segovia e Tiquinho Soares foram importantes para a mudança de postura e de posicionamento do time no ataque. Na próxima quarta-feira (9), Alvinegro vai decidir a classificação para as quartas de final no Paraguai com a vantagem do empate.
O técnico Bruno Lage mostrou confiança no grupo alvinegro para manter o bom futebol e alcançar a classificação no duelo eliminatório. O português rodou algumas das principais peças do elenco antes da sequência de jogos difíceis contra Cruzeiro, Internacional e São Paulo nas próximas rodadas do Brasileirão. Lucas Perri, Marçal e Tiquinho Soares foram poupados. Depois de boa atuação contra o Patronato, Gatito fez sua segunda partida seguida pela Sul-Americana. Na lateral-esquerda, Hugo fez seu quarto jogo como titular na competição. No ataque, com um gol e três assistências nos últimos quatro jogos, Janderson seguiu ganhando espaço como reserva imediato de Tiquinho.
Se no Campeonato Brasileiro o Botafogo faz uma campanha avassaladora e tem 84% de aproveitamento, na Copa Sul-Americana o time não vem alcançando o mesmo desempenho. Nos oito jogos anteriores da competição, o Glorioso venceu três (apenas uma no Nilton Santos) e empatou cinco (58% de aproveitamento). A equipe tem se mostrado mais relaxada e menos focada nos duelos continentais. Sem o mesmo senso de urgência pelo resultado, o time não repete a intensidade do Brasileirão.
Primeiro tempo
Ficou claro desde o início que seria um jogo de propostas distintas. O Guaraní marcando no próprio campo e procurando pressionar bastante a bola para conseguir explorar os contra-ataques. O Botafogo com muita posse de bola procurando espaços no sistema defensivo adversário para criar chances de gol. Nessa disputa, o time paraguaio saiu na frente e abriu o placar logo aos dois minutos de jogo. Raúl Cáceres conduziu e levou melhor sobre a marcação frouxa do meio-campo alvinegro, tocou para Néstor Camacho que aproveitou um latifúndio às costas de Hugo para cruzar e encontrar Romeo Benítez na segunda trave. Desatenção coletiva e gol que deixou o cenário favorável ao jogo dos paraguaios.
O Botafogo conseguiu sua primeira chegada mais aguda aos 20 minutos. Marlon Freitas lançou Di Placido na linha de fundo e Eduardo ficou a milímetros de finalizar o cruzamento do argentino para o gol. Foi a primeira vez que a equipe conseguiu explorar a profundidade e usar as laterais do campo para chegar ao ataque. A marcação por encaixes individuais do Guaraní criou dificuldades para o Glorioso, que não conseguiu apresentar trocas de posições e movimentações para provocar erros no sistema defensivo adversário. Eduardo e Gustavo Sauer tiveram pouco espaço para receber a bola de frente para o gol e tiveram atuação discreta no primeiro tempo.
Bruno Lage aproveitou uma parada para atendimento de Adryelson aos 34 minutos para reposicionar o time em campo. O Botafogo já apresentava melhoras na segunda metade da etapa inicial, trocando passes com a bola no chão, mas encontrando muita dificuldade em criar oportunidades de gol. O time terminou o primeiro tempo com 76% da posse de bola e apenas quatro finalizações, nenhuma na direção do gol, enquanto o adversário finalizou cinco vezes e chegou perto do segundo gol. Depois das instruções do treinador, ficou claro o objetivo de usar toda a amplitude do campo para espaçar e abrir a defesa paraguaia, com Sauer e Victor Sá bem abertos nas laterais.
Segundo tempo
Três mudanças no Glorioso na volta do intervalo: entraram Philipe Sampaio, Matías Segovia e Tiquinho nos lugares de Adryelson, Gustavo Sauer e Janderson. A troca dos zagueiros foi devido à condição física de Adryelson. Segovinha foi a opção do treinador para explorar de forma mais incisiva a faixa direita do ataque. Tiquinho entrou pelo potencial de suas movimentações provocarem hesitações no encaixe defensivo adversário. As trocas no ataque deram resultado e o time ultrapassou o número de finalizações do primeiro tempo em apenas 18 minutos, exigindo duas boas defesas de Rodrigo Muñoz.
Com volume de jogo, o Botafogo encurralou o Guaraní em sua área e voltou a ser o time intenso que lidera o Brasileirão. Na sexta finalização do segundo tempo, aos 19 minutos, Hugo empatou o jogo. Bem posicionado na entrada da área, o lateral pegou o rebote de um corte da defesa e, de primeira, acertou um chute de rara felicidade. O gol premiou a postura ofensiva da equipe que transformou o jogo em um ataque contra defesa, impondo um controle absoluto da partida.
A presença de Tiquinho como referência no ataque faz crescer o rendimento de Eduardo. Flutuando pela intermediária para encontrar espaços vazios e abrir espaços para infiltrações, o centroavante facilita e potencializa o futebol dos companheiros de time. Outro que aproveitou bem as brechas criadas pela mobilidade do ataque comandado por Tiquinho foi Marlon Freitas. Melhor em campo no primeiro tempo, o volante foi o jogador com a melhor capacidade de passes de ruptura e lançamentos do time. Marlon terminou o jogo com 19 passes longos certos em 22 tentativas.
As últimas alterações de Lage foram as entradas de Júnior Santos no lugar de Victor Sá e Lucas Fernandes na vaga de Tchê Tchê. Houve tempo para Júnior Santos ter participação decisiva na reta final do jogo. O atacante saiu da esquerda e fez movimentação em diagonal, infiltrando a área pelo lado direito. O movimento de desmarcação que faltou no primeiro tempo criou um clarão na defesa paraguaia e fez Gil Romero chegar de forma atabalhoada para cometer o pênalti. Tiquinho cobrou a penalidade e anotou seu terceiro gol na Copa Sul-Americana. Vitória justa para o Glorioso que finalizou 15 vezes no segundo tempo.
O Botafogo vai até Belo Horizonte enfrentar o Cruzeiro no próximo domingo (6), às 18h30. Os mineiros têm a terceira pior campanha como mandante no Brasileirão, com três vitórias, um empate, cinco derrotas e apenas quatro gols marcados em nove jogos.
Números do jogo: (Sofascore)
Posse de bola – BOT 73% x 27% GUA
Passes certos – BOT 537 (87%) x 153 (69%) GUA
Finalizações – BOT 19 (6 no gol) x 9 (2) GUA
Finalizações dentro da área – BOT 10 x 4 GUA
Grandes chances criadas – BOT 2 x 2 GUA
Grandes chances perdidas – BOT 1 x 1 GUA
Defesas do goleiro – BOT 1 x 4 GUA
Cruzamentos – BOT 8/37 (22%) x 6/19 (32%) GUA
Bolas longas – BOT 47/67 (70%) x 27/57 (47%) GUA
Desarmes – BOT 9 x 9 GUA
Interceptações – BOT 9 x 6 GUA
Cortes – BOT 13 x 37 GUA
Disputas de bola vencidas – BOT 52 x 41 GUA
Disputas aéreas vencidas – BOT 13 x 18 GUA
Faltas – BOT 12 x 4 GUA
Cartões amarelos – BOT 1 x 3 GUA