O apreço de Bruno Lage pela linha alta liga alerta; Luís Castro já cometeu esse ‘erro’ no Botafogo

Linha alta Botafogo em jogo com Atlético-MG
Reprodução/Painel Tático/GE

* Vamos pegar carona em um ponto abordado pelo blog “Painel Tático”, do “GE”, assinado por Leonardo Miranda. O Botafogo tem um ponto a corrigir que deixa o alerta ligado: a linha alta de Bruno Lage.

* Ao querer uma equipe “mais pressionante”, o técnico adiantou as linhas para marcar mais na frente. Só que há problemas nisso desde a estreia do treinador. Escreve Leonardo Miranda sobre a derrota para o Atlético-MG:

Boa parte dos problemas do jogo vieram da descompactação da defesa. O Botafogo joga num 4-2-3-1, e se defende com duas linhas de quatro: uma linha de quatro defensores e outra de quatro meio-campistas. Essas duas linhas precisam ficar juntas para diminuir o espaço de jogo do adversário e bloquear o caminho até o gol. Tiquinho e Eduardo ficam na frente, ajudando na pressão do adversário – diz o jornalista.

* Quando se marca em linha alta, há questões que precisam estar bem claras. Os jogadores da frente precisam pressionar os defensores adversários o tempo todo. É a característica de Eduardo e Tiquinho Soares? Não. Quando a bola passa e “quebra linhas”, é preciso parar o jogo e fazer faltas. É característica desse Botafogo? Não. Quando um adversário tem a posse no meio, é preciso “pressionar o portador da bola”. É característica desse time? Não tanto. Os defensores precisam estar prontos para fazer linha de impedimento ou correr para trás. É características deles? Também não.

Linha alta Botafogo contra Atlético-MG

 Linha alta do Botafogo contra Atlético-MG: Otávio já havia achado Paulinho antes, mas a conclusão foi fraca e parou em Gatito (Imagem: Reprodução/ge.globo)

* O exemplo disso tudo fica claro no gol de Paulinho na imagem que ilustra o texto lá no início. Quando Pedrinho recebe, ninguém encurta o espaço da marcação. É a chamada “bola descoberta”, que facilita achar o ótimo passe para o atacante se descolar dos defensores e fazer o único gol do jogo.

* “Ah, mas é pouco analisar um gol para tirar conclusões”. O fato é que esta questão não vem desta partida. Lembram qual a estreia de Bruno Lage no Botafogo? Empate em 2 a 2 com o Santos, com dois gols do adversário em transições ofensivas. Contra o São Paulo, no empate em 0 a 0, o técnico português destacou a quantidade de vezes que sua defesa colocou os rivais em impedimento – inclusive houve dois gols anulados. Contra o Flamengo, Bruno Henrique recebeu em profundidade diversas vezes e deu muito trabalho.

Linha alta Botafogo em jogo com Santos

Linha alta do Botafogo em jogo com Santos no primeiro gol de Marcos Leonardo (Imagem: Reprodução/ge.globo)

* Alguém pode falar que deu certo contra Coritiba e Bahia. É verdade. Mas será que também não tem a ver com a fragilidade destes times? Eram jogos que pendiam para o lado do Botafogo seja qual fosse a estratégia ou escalação, e os adversários não eram fortes no contra-golpe.

* Antes, o Botafogo simplesmente não sofria assim. Tanto com Luís Castro quanto com Cláudio Caçapa, no Campeonato Brasileiro, o time se posicionava mais atrás, se protegia bem e saía forte no contra-ataque. Se fechava pelo meio, obrigava o adversário a trabalhar pelos lados e cruzar bolas na área, o que fazia Adryelson e Victor Cuesta realizarem diversos cortes.

* Vale lembrar que essa linha alta era defendida e utilizada por Luís Castro em boa parte de sua trajetória no Botafogo. Aprendeu da pior forma que não era essa a característica de seus jogadores, ao sofrer derrotas duras. Até no início deste ano, inclusive, ainda posicionava seus jogadores bem à frente. Quem lembra como foi a expulsão de Adryelson no clássico com o Vasco no Estadual? Falta em Alex Teixeira na intermediária, quando este iria na cara do gol. Contra o Sergipe, em diversas ocasiões os adversários chegaram em ótimas condições, e Lucas Perri salvou.

Linha alta Botafogo contra o Sergipe

Linha alta do Botafogo contra o Sergipe só não virou gol sofrido porque Perri fez milagres (Imagem: Reprodução/ge.globo)

* No Brasileirão, Luís Castro repetiu a estratégia que o fez vencer vários jogos fora de casa em 2022. Time postado defensivamente, linhas próximas e saídas rápidas em transições. É a cara desse Botafogo, é a marca desse Botafogo. Não quer dizer que seja um problema jogar em linha alta, mas não pode ser a única nem a principal opção, ainda mais de um time que se acostumou a atuar mais de outra forma.

* Marcar mais atrás ainda ajuda o Botafogo ofensivamente. Não desgasta tanto os jogadores, atrai os adversários para o campo alvinegro e abre espaço para a transição ofensiva, tão forte neste time e presente inclusive em gols já sob comando de Bruno Lage, como contra Coritiba, Internacional e Bahia. Tão importante quanto acertar nas escalações, é manter o estilo de uma equipe que chegou à liderança do Campeonato Brasileiro batendo tantos recordes.

Fonte: Redação FogãoNET

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