* Primeiro o elogio: o Botafogo agiu corretamente ao suspender o aluguel do Nilton Santos para outros clubes. Com a crescente reclamação da torcida, vandalismo, cadeiras quebradas, arma dentro do estádio, personalização de rivais e logística e operação comandadas por adversários, viveu uma semana turbulenta. O ápice foi jogar como visitante contra o Fluminense e ter uma série de dificuldades para os botafoguenses. Se demorou a agir, ao menos a diretoria teve pulso para corrigir o rumo.
* Contudo, nem era preciso tanto. Bastaria seguir o próprio regulamento do Campeonato Carioca. Leia o artigo 39:
“Art. 39 – Os clubes proprietários, administradores, cessionários, permissionários ou que detenham o controle de operação dos estádios que forem indicados para a disputa do campeonato definirão as condições de utilização, logística e demais operações, caso o estádio venha a ser utilizado por terceiro clube para exercer seu mando de campo, especialmente nos jogos em que os clubes detentores da operação estejam envolvidos.”
* Ou seja, bastaria o Botafogo se impor e fazer exigências. Possivelmente não se atentou previamente. Nada de bandeirinha de rival, nada de operação de venda que prejudique o torcedor alvinegro, multa pesada em casos de vandalismo. O clube tem o poder de definir em sua casa. Quem não quiser, que jogue no Aterro. Simples assim.
* Ter um estádio próprio é um diferencial competitivo. Não é simplesmente ter um campo para 22 homens correrem atrás de uma bola. É um sentimento de pertencimento, é a casa do torcedor, é o orgulho. O Botafogo não pode nunca ser visitante em sua própria casa. É um crime quase (essa frase lembra algo).
* Você já viu o Grêmio sendo mandante contra o Internacional no Beira-Rio? Ou o Palmeiras colocando sua bandeirinha de escanteio na Arena Corinthians? Pois é, não existe. Isso para ficar só em exemplos próximos.
* Por fim, vale lembrar que apesar de o mando ser do Fluminense, não será o clube tricolor que ficará com as receitas e despesas (mais provável que dê prejuízo). A divisão é igualitária nos clássicos cariocas, como já foi no Fla-Flu. Até mesmo o aluguel (de R$ 150 mil?) será lançado como despesa no borderô, a vantagem do Botafogo será pagar sua parte a si próprio (ou a Cia Botafogo). Ou seja, mais um motivo para o Alvinegro não ter aceito tão facilmente ser visitante dentro de sua própria casa, um dos principais motivos de toda a polêmica da semana.