Um dos maiores clubes do planeta, o Botafogo foi pioneiro no Brasil ao virar SAF e ter seu futebol transferido para as mãos de um estrangeiro. O Glorioso colheu frutos em 2024 de uma experiência inédita, mas agora vive frustrações com tantos experimentos.
Num período curtíssimo, em se falando de futebol profissional, o Botafogo saiu da Série B para ser campeão da América e do Brasil com um dos melhores desempenhos esportivos da história do país. E não foram poucos os cases de sucesso do Alvinegro.
A começar pelo estafe. John Textor investiu forte em pessoal, trouxe gente muito qualificada, apostou na área de scouting e análise, e o Botafogo virou exemplo, fazendo excelentes contratações a baixo custo ou “de graça” – Igor Jesus, Savarino, Marlon Freitas, Gregore, Barboza, Alex Telles, Cuiabano, etc.
Trouxe treinadores portugueses com bons predicados (Luís Castro, Bruno Lage, que não deu certo, Artur Jorge). Investiu no gramado sintético. Apostou num futebol vertical, com força, velocidade e inteligência, características repetidas por Textor ao definir o Botafogo Way que tanto queria e quer.
Agora, por outro lado, não sabemos se por uma certa dose de soberba, vivemos o lado ruim do ineditismo. Ficamos reféns de decisões erradas, de apostas duvidosas, de convicções equivocadas. Escolhas que tinham grande chance de não darem certo – e quando é assim, acabam não dando mesmo.
Tais falhas todos sabemos. Vender jogadores é fundamental para fazer a roda girar, mas não dava para manter uma espinha dorsal por mais tempo? Como se diz por aí, dinheiro não aceita desaforo. Você enfraquece o trabalho, acaba impactando em insucessos e, consequentemente, em prejuízos financeiros.
É hora de parar com experimentos. O Botafogo com certeza iria errar e acertar, como uma SAF que o Brasil ainda está começando a entender. Ter seu futebol nas mãos de uma única pessoa, que não fala sua língua, é uma experiência. Mas já deu tempo de aprender.
É tempo do Botafogo se unir internamente e de suas lideranças somarem forças, corrigirem os erros internamente e arrumarem a rota. E isso passa por uma gestão ativa junto a Davide Ancelotti e sua comissão técnica, até porque é difícil imaginar uma troca de comando agora.
Faltam pouco mais de dois meses e meio para acabar a temporada e não há mais tempo para errar.