* Tchê Tchê chegou quando, literalmente, tudo era mato. O Botafogo sequer treinava no CT Lonier, trabalhava no campo anexo do Estádio Nilton Santos. Era um time vindo da Série B, sem grandes nomes, sem reforços de peso, com uma incógnita sobre o que seria a SAF com John Textor.
* E Tchê Tchê aceitou o desafio. Foi o primeiro grande reforço da era SAF, o primeiro jogador multicampeão a topar fazer parte do projeto desse novo Botafogo. Abriu a porta para outros chegarem.
* Tchê Tchê parecia destinado a jogar no Botafogo. Das fotos quando criança usando camisa do clube a uma promessa religiosa de que atuaria no Rio de Janeiro, era o homem certo na hora certa. Chegou, se identificou, conquistou e sai com a missão cumprida. Ate o filho Rhavier se tornou rapidamente botafoguense e teve festa de aniversário no Estádio Nilton Santos.
* Como não lembrar do “olha o Tchê Tchê!” da narração Luís Roberto de um dos gols de Tiquinho Soares sobre o Flamengo em 2022? Como não valorizar um jogador que atuou de primeiro volante, segundo volante, extremo pela direita, extremo pela esquerda, segundo atacante, lateral-direito e lateral-esquerdo? Como não respeitar alguém que foi capitão no Botafogo? Como não enaltecer um líder interno, elogiado por todos os companheiros?
* Nada foi fácil. Tchê Tchê começou na reserva com Luis Castro, pareceu demorar a convencer o treinador, fez trabalhos específicos para aumentar força e intensidade, foi primeiro volante em 2022 e segundo volante em 2023. Em 2024, perdeu um pouco do espaço, natural pela característica de imposição física do time e por Gregore e Marlon Freitas terem tomado conta da posição, mas foi importante ainda assim. Jogou de extremo pela esquerda em uma série de vitórias do Botafogo, foi bem como lateral-direito, converteu sua cobrança de pênalti contra o São Paulo, honrou a camisa.
* Tchê Tchê, que já era grande, sai ainda maior do Botafogo, com seu quarto título no Campeonato Brasileiro e o primeiro na Libertadores. O projeto realmente segue adiante, faz sentido buscar jogadores mais jovens, com maior valor de mercado e com mais intensidade neste momento. A gratidão não pode ser motivo para ninguém permanecer, mas vai ser eterna. Tchê Tchê não segue no clube em 2025, mas está eternizado na galeria de grandes campeões. Fica aqui o nosso muito obrigado.