* Desculpem voltar a 2023. Mas sabe quantos pontos o Palmeiras perdeu no Campeonato Brasileiro do ano passado para times como América-MG, Coritiba, Goiás e Cuiabá? Zero. E o Botafogo? Dez. Diferença sentida na pontuação final. Com todo o respeito às equipes, mas foram citadas porque estão fora do G-4 e da lista dos que se fortaleceram bastante nos últimos anos, como Fortaleza, Athletico-PR, Bahia e Red Bull Bragantino.
* O Criciúma é um desses casos. Tem qualidade, é forte em seus domínios, mas o Palmeiras foi lá mesmo desfalcado e venceu. Já o Botafogo foi inferior e perdeu justamente o jogo. É a consistência que o time deve assumir para brigar mais por títulos e ser campeão.
* O Palmeiras encara derrotas em jogos grandes (como contra Botafogo, Flamengo ou nos clássicos) de forma natural, porque sabe que não vai desperdiçar pontos em partidas contra equipes, com todo respeito mais uma vez, “menores”. Já o Botafogo se abala quando perde jogos grandes e tropeça contra times da parte de baixo da tabela.
* Contra o Criciúma, o Botafogo perdeu oportunidade preciosa de vencer ou de, no mínimo, somar um ponto. Boa parte tem a ver com o time ter mudado seu estilo. Elogiado pelo jogo físico, consistente, transição e bola parada, com jogadores altos, o Botafogo mudou muito por conta de opções próprias.
* Óscar Romero é um exemplo claro da mudança de jogo. Não é físico, não tem deslocamento em velocidade, não recebe a bola no espaço. Gosta da bola no pé, tem boa técnica, mas não marca tanto e quando perde a posse vira risco para o próprio time. Como nos dois gols do Criciúma.
* Eduardo e Tiquinho Soares não entregam mais tanto fisicamente, não têm essa capacidade de apertar a marcação e jogar com intensidade alta. Tchê Tchê, como segundo volante, não oferece a solidez que o meio-campo precisa. Tem a parte física de correr muito, ser formiguinha, estar em vários lugares, mas pelo meio não preenche tanto o espaço e fica com sua movimentação limitada.
* Essa mudança de posição de Tchê Tchê, aliás, traz outra observação. A melhor função encontrada por Artur Jorge para ele foi de meia-esquerda, porque preenchia o setor e fechava no meio-campo para jogar, além de aparecer na frente. Aí, quem foi atuar pelo lado esquerdo foi Luiz Henrique, completamente torto. Qual o sentido de pagar 20 milhões de euros em um ótimo ponta-direita e quase não escalá-lo por ali? Por mais que o jogador possa render mais tecnicamente, ele tem que ser cobrado é em sua real posição.
* Depois, quem entrou aberto pela esquerda foi Eduardo. Piorou. Não é a dele. Quase não apareceu no jogo, com exceção de duas chances desperdiçadas de cabeça. E é outro que não está bem nem tecnicamente nem fisicamente. Mas por que mudar tanto a posição dos atletas?
* Por fim, cabe falar que poderia haver maior dosagem da minutagem dos jogadores. Júnior Santos chegou a 35 partidas na temporada 2024, sendo que quase nunca é substituído. O segundo com mais jogos é Marlon Freitas, com 32. É torcer para que o Raio não tenha se machucado, mas claramente já estava bem desgastado. Outro exemplo é Cuiabano, que no Grêmio era criticado pela parte física e no Botafogo vem fazendo jogos seguidos como titular, sem descanso. A perna já parece pesar nas últimas atuações, que não foram tão boas quanto as anteriores.