* O Botafogo marcou um golaço com “Acesso Total“, ideia de Antonio Bento Ferraz aprovada pelo clube. É incomum ver bastidores tão a fundo quanto nesta série, que está em seu terceiro episódio no SporTV e no Globoplay para assinantes do combo com canais. Vale ver cada minuto e cada episódio.
* O terceiro capítulo, exibido nesta sexta, é o mais forte e impactante até o momento. E merece algumas considerações.
* A primeira é sobre o protagonismo e a liderança que o diretor de futebol Eduardo Freeland exerce internamente. Ele chama a responsabilidade, cobra dos jogadores, chega a falar que “quem não acreditar pode fazer fila na sua sala e sair” e, com palavras às vezes duras mas certeiras, mostra que entende a realidade atual do Botafogo. Como ao dizer “esse clube foi do caralho e vai voltar a ser”, “muita coisa nesse clube puxa para baixo” (sobre o clima negativo e o pessimismo que por vezes pairam) ou “O tamanho do Botafogo nunca vai deixar de ser gigante, mas aconteceu tanta merda em tantas décadas que o clube está neste momento”.
* Freeland também mostra lucidez e correção ao se incomodar com a diretoria por negociar com Lisca antes mesmo de demitir Marcelo Chamusca. Até mesmo um dirigente sugere abrir sondagem por treinador enquanto há outro no cargo. Freeland diz: “Se ele (Lisca) for sério, espero que seja, vai virar as costas. Porque se estão fazendo assim com outro vão fazer comigo. Se temos certeza de uma situação, vamos executar e começar um novo ciclo”.
* É óbvio que o diretor teve erros no Botafogo, como contratações duvidosas e insistência por tanto tempo em Marcelo Chamusca. Mas aqui a análise é mais sobre o “Acesso Total”. Aliás, a demissão de Chamusca, quando exibida, é comemorada quase como gol por torcedores. E ao ver a série nota-se que não havia razão para ele não ter acontecido antes. O vestiário “frio e sem alma” era uma prévia do que acontecia em campo. Quando tentava ser mais explosivo, o técnico não conseguia inflamar o time.
* Nesse aspecto, quem merece destaque é Diego Loureiro. Com apenas 23 anos, ele mostrou uma liderança incomum para a idade, brigou, criticou, incentivou, puxou para cima. Deu um esporro histórico no time após a derrota para o Brusque: “Tomar vergonha na cara, perder para essa porra de time. Não jogaram nada o tempo todo. Vamos começar a correr quando? Tem que começar a doer mais. Toda vez chegamos no vestiário com cara de bunda, com derrota e empate no final. Aqui é Botafogo, porra”. Além dele, Kanu é outro líder nato fundamental.
* É preciso comentar a lamentável postura de Lisca. A série mostra o quanto o Botafogo se esforçou, aumentou suas propostas, chegou perto de contratar o treinador e soube pelas redes sociais do acerto com o Vasco. O técnico “fez leilão” nas palavras dos dirigentes alvinegros, cozinhou por uma semana e foi para o rival. Menos mal que os deuses do futebol foram justos: Lisca foi um fiasco no Vasco, rapidamente rodou. Nem ele nem o clube cruzmaltino subiram. E o Botafogo se deu bem com Enderson Moreira.
* No fim, é impossível não se emocionar e se alegrar com os jogadores comemorando com o Durcesio Mello no vestiário após a vitória por 2 a 0 sobre o Vasco, de Lisca. “A coisa virou, hein?”, resume o presidente, que combinou pagamento de bicho depois do clássico, para alegria dos atletas.
* Até escrevemos demais, demos muito spoiler, mas se não assistiu vá assistir “Acesso Total”. Os canais Globo têm dado bastante destaque em sua programação e nas redes sociais, com trechos e divulgação. O Botafogo e a torcida merecem. A partir do quarto episódio, Enderson Moreira chega, a história fica mais bonita ainda, culminando com acesso e título da Série B.