* Longe de querer ser pessimista ou de não considerar as dificuldades impostas a Enderson Moreira no processo de construção de um novo time, cabem ressalvas aqui ao nível de atuação do Botafogo nos primeiros jogos do Campeonato Carioca. Se as vitórias e a liderança vieram, ótimo, muito melhor trabalhar em cima de bons resultados. Mas não dá para não ter uma ponta de preocupação.
* O Botafogo começará a disputar os clássicos, contra times que estão mais fortes e mais encorpados, até pelo tempo de trabalho, como Fluminense e Flamengo. Contra o Vasco, há mais equilíbrio. Serão provas de fogo.
* E o Botafogo está preparado? Não dá para considerar assim. Sequer há um 11 ideal, com dúvidas principalmente na meia e no extrema pela direita. Gatito Fernández, Daniel Borges, Joel Carli, Kanu e Diego Gonçalves mantém o nível de suas respectivas posições em relação a 2021 (Gatito até eleva, por ser melhor que Diego Loureiro). Mas o mesmo não se pode dizer em relação a Jonathan Silva, Fabinho, Ronald (ou Luiz Fernando ou Vitinho) e Raí (ou Felipe Ferreira ou Juninho). Nem mesmo os que têm se destacado, como Breno e Matheus Nascimento, já estão em nível superior aos anteriores donos da posição (Luis Oyama e Rafael Navarro), embora possam superá-los ao longo do tempo.
* Já dissemos aqui: Enderson faz o que possível. Faz omelete com poucos ovos. Perdeu jogadores por fim de contrato, por negociação e por lesão. Ganhou poucos reforços. Precisa de mais para poder trabalhar.
* Na vitória do Botafogo por 2 a 0 sobre o Nova Iguaçu, o único destaque foi Matheus Nascimento. Cresce a cada dia, tem personalidade, confiança e faro de artilheiro. Fez dois belos gols. Mas necessita de companhia.
* O estilo de jogo do Botafogo com Enderson é de transição, recua, atrai o adversário, resiste, sai em velocidade, aproveita as chances. Porém, este ano, há pontos que não encaixaram tão bem no esquema do treinador. Sem Carlinhos, Jonathan Silva não parece a peça ideal para ser o lateral espetado, que ataca e agride. No meio, tem faltado mais aproximação e jogo, o que explica tanta ligação direta. Na ponta direita ninguém se firmou. E o meia central tem encostado tanto no centroavante que fica encaixotado, pouco aparece na partida.
* O Botafogo cedeu espaços demais e foi dominado em parte do jogo por times como Bangu, Madureira e Nova Iguaçu. Como a qualidade dos adversários não é tanta, não criaram tanto problema. Mas imagina atuar assim contra rivais mais fortes?
* A parte boa é que as experiências estão sendo feitas com vitória. E que John Textor está de olho. Diferentemente do que possam crer, o empresário americano não vai achar que está tudo bem, não é bobo. Mas vai precisar contratar bastante para a equipe ganhar nível de competir com os melhores da Série A.









