* O roteiro se repete. Diante de um adversário fechado, o Botafogo “joga fora” o primeiro tempo com um jogo de controle territorial, passes e poucas infiltrações e finalizações. Todos esperam mudanças no intervalo, mas elas só vêm a partir dos 12 minutos da etapa final. Antes mesmo de ter resultado ou não, cerca de dez minutos depois, vêm novas alterações, que desfiguram o time. E não são criadas soluções para vencer retrancas. Foi assim contra Criciúma, Cuiabá e agora diante do Atlético-MG.
* Artur Jorge, que tem todos os méritos pela recuperação do Botafogo em um cenário difícil, pela vaga na final da Libertadores e pela liderança do Campeonato Brasileiro, ainda tem pecado na falta de ideias contra ferrolhos adversárias. Até porque elas não podem passar por Eduardo e Tiquinho Soares.
* Eduardo está com 35 anos, voltando de lesão, sem ritmo e sem entrosamento. Não é exatamente um jogador decisivo. E não tem as características físicas do atual Botafogo, a intensidade, a força. Fica em um híbrido entre meia e atacante, toca pouco na bola, não cria, não finaliza e não produz. É uma peça que pouco adiciona. Ele precisa de um tempo para se recuperar que hoje o Botafogo não tem.
* Em Tiquinho ainda se nota, em alguns momentos, um inconformismo, uma vontade de tentar produzir jogadas, mas às vezes parece que o corpo não acompanha. Tem sua utilidade no jogo aéreo e no pivô, mas é outro em nível físico abaixo, tem que ser usado em situações específicas.
* O que poderia fazer Artur Jorge de diferente? Em jogo com adversário bem recuado, de pouco adianta ficar tocando a bola pelo meio, com uma sensação de domínio, sem agredir. É ficar rodando em frente a uma parede. Matheus Martins abre caminhos pela ponta-esquerda, Luiz Henrique pela direita, Cuiabano é um lateral com mais força e presença ofensiva que Alex Telles. Ah, e Mateo Ponte teve mais entrada na área e precisão em finalizações que Vitinho em determinados momentos.
* A bola parada tem que ser muito bem treinada e virar opção importante. Nesse contexto, Óscar Romero poderia ser mais útil. Em jogo de transições e intensidade, tem dificuldades, mas vendo o campo de frente, podendo achar um passe diferente, uma finalização ou um cruzamento, tem qualidade. Em tempo: Jeffinho não é ponta-direita, ainda mais sem ritmo. Júnior Santos pode ser.
* A hora é de ter o mental forte. Como esse Botafogo já teve durante a maior parte da temporada, ainda embora haja quem queira colocar a pilha de que não. Ninguém é líder do Brasileirão e elimina Palmeiras, São Paulo e Peñarol na Libertadores à toa. Não dá para dizer que o momento decisivo é só agora, os outros também foram. Concentra, recupera energia e entra mais forte nos jogos seguintes.
* O Botafogo caiu muito facilmente na pilha do Atlético-MG, que não quis jogo, só deixar o tempo passar, provocar e segurar o empate. Esquece as bobeiras de Deyverson, as declarações de rivais, os seguranças adversários. Só quem tinha a perder com isso era o Botafogo. E perdeu: dois pontos e dois jogadores expulsos (Alexander Barboza e Luiz Henrique).
* Este mesmo lado mental já fez o Botafogo se recuperar e se reerguer mais de uma vez na temporada. Que seja assim. Afinal, o Botafogo vai ter que ter cabeça boa para superar obstáculos e adversários que não querem jogar, querem apenas impedir que o Glorioso jogue. A luta e o sonho continuam.