Pitacos: considerações de uma grande vitória do Botafogo em um Brasileirão equilibrado; o que pode melhorar?

Elenco em Botafogo x São Paulo | Campeonato Brasileiro 2023
Vítor Silva/Botafogo

* A vitória do Botafogo sobre o São Paulo foi fundamental em diversos aspectos. Por ser estreia em um Campeonato Brasileiro que será marcado pelo equilíbrio, por ser retorno do Estádio Nilton Santos, por ser primeiro jogo na grama sintética, por ter a presença de John Textor, pela união com a torcida e para evitar o aumento da desconfiança que ficou no início da temporada sobre a equipe e sobre Luís Castro.

* O Botafogo teve começo forte e intenso, com pressão, gol, quase o segundo e quase uma expulsão do São Paulo (Mendéz deveria ter levado o cartão vermelho). A marcação em linha alta e o jogo aéreo voltaram a funcionar.

* Qual foi o problema depois? Primeiro, uma desorganização defensiva no primeiro ataque do São Paulo. Quando Danilo Barbosa roubou a bola, o time começou a sair da defesa, mas o passe do volante foi esticado demais para Eduardo. Virou um contra-ataque do contra-ataque com a zaga alvinegra exposta, e foi fatal.

* Depois, o São Paulo adotou um jogo parecido com o do Botafogo de Eduardo Barroca em 2019. Muita posse de bola, controle e raras chances de conclusão. Ter o porrete não para atacar, mas para evitar ser atacado. De qualquer forma, esse estilo gerou desconforto ao time alvinegro.

* Por quê? Porque o Botafogo tem jogadores de ataque que, embora tenham muita qualidade, não têm como característica tanta intensidade para defender. Casos de Tiquinho Soares, Eduardo e Gustavo Sauer no primeiro tempo. Sem conseguir pressionar, o time se via envolvido. E sofria com a alta velocidade de Caio Paulista e Wellington Rato contra Sauer e Di Placido.

* Melhorou na etapa final com Luis Henrique na vaga de Sauer (e Júnior Santos de volta à direita), pois já passavam a ser dois pontas com mais capacidade física. E eles ainda tinham vigor para incomodar o São Paulo em jogadas individuais.

* Quando entraram os dois Segovias, o Botafogo voltou a correr mais riscos. Porque novamente o lado direito ficou fragilizado na marcação. Matías Segovia, o Segovinha, vai ter dificuldades naturais na recomposição, pelo tamanho. Por outro lado, mostrou uma qualidade técnica impressionante e intimidade com a bola. Se teve dificuldade para defender, teve muita facilidade para atacar.

* O gol da vitória se inicia em jogada dele pela direita com passe de calcanhar, muda de lado, até que chega ao cruzamento preciso de Victor Cuesta e cabeçada de Eduardo para a rede. Três pontos importantíssimos.

* E o que pode melhorar? As laterais continuam a ser problema. Marçal é a única opção realmente confiável. Os outros se alternam, sem se firmar. Contra o São Paulo, o time teve três laterais-esquerdos diferentes, nenhum de origem: Rafael, Daniel Borges e Luis Segovia. A direita ainda não está resolvida. Falta também maior encaixe e sequência a uma dupla de volantes, posição que tem tido mudanças e na qual Danilo Barbosa começa a ganhar espaço.

* Nas pontas, a escolha vai ter que ser por característica de acordo com cada tipo de jogo. Gustavo Sauer e Matías Segovia têm qualidade com a bola e dificuldade com o vaivém de jogar como extremo. Luís Henrique e Júnior Santos têm mais força física. Mas Júnior precisa de espaço para correr e costuma atuar melhor do lado direito, enquanto Luis Henrique prefere a esquerda. Victor Sá e Carlos Alberto são incógnitas.

* Simples não é, mas o Botafogo vai precisar dosar e saber a hora de preservar Eduardo e Tiquinho Soares. A qualidade técnica e o entrosamento são inquestionáveis. Mas os dois são peças-chave, não vão aguentar jogar os 90 minutos em todas as partidas e não têm reserva do mesmo nível. Com a janela fechada, as soluções terão que vir de dentro.

* De qualquer forma, o principal é que o Botafogo mostrou que pode competir bem na Série A, o que havia ficado em dúvida devido a atuações ruins contra times de Série D.

Fonte: Redação FogãoNET

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