* Por que não se fala na imprensa do tanto que o Botafogo vem sofrendo com a arbitragem no Campeonato Brasileiro? Qual a dificuldade de se ter o mesmo critério e jogos sem tantos erros?
* Será o Botafogo vítima de represália pelas denúncias de John Textor de corrupção e manipulação de resultados no futebol brasileiro? Quantos pontos já foram perdidos? Como melhorar essa relação com a arbitragem?
* Essa série de perguntas é por conta de mais um erro grave e inadmissível que foi a não expulsão de Hugo Moura pela entrada violenta na canela de Tchê Tchê em Vasco 1 x 1 Botafogo, neste sábado, em São Januário, pelo Campeonato Brasileiro. É possível que o juiz Ramon Abatti Abel não tenha visto o lance, mas e o VAR Wagner Reway? O árbitro de vídeo tinha a chance de salvar o de campo, só que não o fez.
* John Textor é duramente criticado pela imprensa por causa das denúncias de manipulação. O que ninguém fala que o que fez foi uma reação, não uma ação. Não partiu do nada do empresário americano. Veio a partir de uma série bizarra de erros contra o Botafogo em 2023 (sem contar outros a favor de determinados times), como contra Flamengo (não expulsão de Bruno Henrique, participação de jogador impedido em gol e não marcação de falta em Tchê Tchê no segundo gol), Atlético-MG (gol mal anulado de Diego Costa), Corinthians (expulsão rigorosa de Marçal), Goiás (juiz esfriou o jogo para mexer em equipamento de comunicação), Athletico-PR (gol em impedimento), Cuiabá (gol com auxílio de toque com o braço) e Palmeiras (expulsão de Adryelson).
* Já este ano, o Botafogo vem sofrendo com erros de arbitragem novamente. Diversos pontos já ficaram pelo caminho. Contra o Bahia, a anulação do gol de Júnior Santos com uma linha de impedimento que “sobe no braço” de Damián Suárez. Contra o Fortaleza, uma marcação de bola que saiu (não tinha saído) quando Savarino ficaria sem goleiro na pequena área. Contra o Fluminense, a não expulsão de Martinelli (o Botafogo venceu mesmo assim). Contra o Athletico-PR, pênalti não marcado em Júnior Santos. Contra o Vasco, a absurda não expulsão de Hugo Moura. Até quando o time alvinegro vai ter que enfrentar os adversários e a arbitragem?
* Agora, já que há um discurso comum de que “a arbitragem erra para os dois lados”, tente achar erros a favor do Botafogo. Em 2023, praticamente não houve. Em 2024, vai pelo mesmo caminho. Rivais forçam a barra para reclamar de uma possível falta de Diego Hernández em Fabrício Bruno no clássico com o Flamengo, em que o Botafogo já vencia por 1 a 0. Ou questionam um gol bem anulado do Criciúma (por falta de Barreto em Gregore) e outro por impedimento (visto pelo assistente e pelo VAR). Esse último lance, com câmera em diagonal, não há como ter certeza de nada, resta confiar na ferramenta e na tecnologia. Mas jornalistas e rivais, nessa hora, desconfiam.
* Dito isso, vamos a Vasco x Botafogo. É válido falar que ninguém mereceu a vitória. Mas o Glorioso sai frustrado porque levou gol bobo de empate no fim. Era jogo para, mesmo sem jogar bem, vencer. Fica o gosto ruim pela bobeada no final e pela arbitragem.
* Artur Jorge, talvez pela falta de opções, vem escalando um Botafogo muito travado, sem movimentação e sem soluções ofensivas. Dos quatro jogadores de frente, três não são agressivos, não atacam espaço, não são tão incisivos (Tchê Tchê, Eduardo e Tiquinho Soares). Um não está em sua melhor fase (Luiz Henrique). O time fica lento e previsível.
* Por alguns minutos (nove, para ser mais exato), Artur Jorge colocou um Botafogo mais parecido com o do seu início. Foi quando teve dois meias armadores (Eduardo e Óscar Romero), um ponta (Luiz Henrique) e um centroavante com mobilidade (Júnior Santos). Coincidência ou não, foi quando chegou ao gol de Bastos.
* Só que o técnico desmontou tudo seis minutos após o gol. Ao colocar três volantes de uma vez (Danilo Barbosa, Patrick de Paula e Kauê), bagunçou o meio-de-campo e acabou com o ataque. Tirou duas referências técnicas (Marlon Freitas e Eduardo) e um jogador que poderia se dar bem com mais espaços (Luiz Henrique). O jogo já estava ganho, era só administrar, controlar a posse, marcar o jogo aéreo e contra-atacar. Mas o técnico não foi bem. Quatro minutos após as mexidas, levou o empate. Faria mais sentido até colocar Alexander Barboza, para marcar Vegetti e tirar a principal jogada do adversário.
* Não é porque há a possibilidade de fazer cinco substituições que todas precisam ser feitas. Ainda mais quando não se está com o elenco tão farto de opções no momento. Patrick de Paula, que está mal, entrou como meia avançado. Kauê, que fez seu primeiro jogo com Artur Jorge, entrou aberto pela esquerda. Não seria melhor pedir para Marlon Freitas, Eduardo e Luiz Henrique aguentarem mais 15 minutos para segurar uma vitória?
* Por erros da arbitragem e por erros próprios, o Botafogo jogou fora uma oportunidade de ouro de assumir a liderança. Ao menos, pontuou. Que fique a lição para os próximos jogos.