* O Botafogo mostrou pontos positivos e negativos no empate em 2 a 2 com o São Paulo, nesta quarta-feira, no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro. Jogo no qual poderia ter vencido, assim como poderia ter perdido. Eis aí um problema. O time hoje é refém do acaso, não mais senhor das ações.
* Quando o Botafogo de Renato Paiva entra em campo, é impossível saber o que vai acontecer. Desde a escalação, passando por postura, até o nível da atuação, a equipe é completamente imprevisível e alterna momentos bons com outros ruins.
* Com Luís Castro (nos bons momentos) e com Artur Jorge, com modelos diferentes, se sabia o que esperar do Botafogo. Agora, não. A principal questão de ordem tática é o que time é espaçado demais, tanto para atacar quanto principalmente para defender.
* O Botafogo cedeu espaços demais ao São Paulo, não protegeu a frente da sua área e ainda foi vulnerável ao jogo aéreo. A impressão é que havia mais campo para o adversário jogar do que para o time alvinegro.
* E é preciso falar também que há diversas atuações individuais ruins que atrapalham o desenvolvimento do jogo do Botafogo. Desta vez, Alexander Barboza perdeu a noção do espaço e do posicionamento nos dois gols. No primeiro, ao jogar para escanteio uma bola que já sairia. Na segunda, ao correr para cima de John, em vez de manter a posição de defensor pela esquerda.
*nNo meio, Marlon Freitas tem acrescentado pouco, com excesso de passes laterais e pouca chegada à frente. Além disso, ele tem dificuldade na marcação, só cerca, em vez de diminuir o espaço, como foi no gol de Ferreirinha. Já o lado direito com Vitinho e Artur foi hesitante demais e pouco produziu.
* Mas há também pontos positivos a serem comentados. Um deles é que Renato Paiva não mandou o time a campo com três volantes e Patrick de Paula como 10. Outro é que enfim escalou Cuiabano como titular. Ele vinha pedindo passagem e teve boa atuação.
* Vale destaque também a volta de Savarino para ser o 10. O venezuelano se destacou, se movimentou bastante, fez gol, finalizou bolas perigosas, deu assistência, construiu. Ali é a posição dele.
* Matheus Martins não foi tão bem tecnicamente, mas foi melhor que em outros jogos e ajudou. O principal é que de fato um ponta-esquerda, tem as movimentações pelo setor, fez jogadas interessantes com Cuiabano e Savarino e tem fôlego para a recomposição. O esquema pede um ponta por ali. A ver se Matheus Martins evolui com sequência ou se é o caso de Jeffinho entrar.
* Renato Paiva precisa entender melhor a dinâmica de tempo do futebol brasileiro. Não adianta muito reclamar de acréscimos. O treinador só costuma fazer a primeira alteração aos 15 minutos do segundo tempo e outras bem no fim. Sobram poucos minutos para os jogadores que entram.
* Em tempo, Paiva foi vaiado por substituir Gregore e colocar Patrick de Paula. Mas a alteração se mostrou acertada. O time ganhou em controle de bola no meio, gerando mais ações ofensivas. Poderia ter saído Marlon Freitas? Poderia. Mas não foi errado arriscar um pouco mais.
* Por fim, vale falar de um lance que foi decisivo. Um chamado momento psicológico do jogo. O Botafogo era melhor e teve um pênalti marcado pelo árbitro Davi de Oliveira Lacerda de Alan Franco em Cuiabano. O VAR Rodrigo D’Alonso Ferreira resolveu sugerir, praticamente ordenar, o cancelamento da marcação. Uma bizarrice.
* Basta analisar que Cuiabano foi jogar, disputar a bola, Alan Franco não. Não correu para a bola, tentou proteger, errou o tempo, acabou acertando o lateral do Botafogo com o joelho na perna e com o braço nas costas. Pênalti claro. E lance de interpretação, não havia por que o VAR chamar.
* Após a anulação do pênalti, o Botafogo se desconcentrou, o São Paulo teve um gol anulado por impedimento (em campo e no VAR, pois há um jogador que interfere nas ações de Jair e John) e ficou à frente no placar com André Silva.
* Se o pênalti fosse marcado e convertido, a tendência era de um jogo tranquilo para o Botafogo. Não foi. De qualquer forma, não dá para contar muito com a arbitragem, o Alvinegro sempre tem que superá-la, como foi em 2024. E parece ainda faltar muito ao time atual para isso.