* Lembra do Botafogo de 2020? Melhor nem recordar muito. Mas o time atual não deixa esquecer e traz de volta à tona um Botafogo lento, previsível, espaçado, mal escalado, com poucas opções de elenco e que era presa frágil para os adversários. Uma lástima. Como foi a derrota por 5 a 3 para a Portuguesa.
* O Botafogo de 2020 evoluiu um pouco, mas continuava sendo visto na época de Marcelo Chamusca. O único que mudou o panorama foi Enderson Moreira, que fez milagre. Agora, até o legado do treinador vai se acabando.
* Por mais que John Textor diga que não, havia sim um estilo de jogo no Botafogo. Forte defensivamente, veloz nas transições, saída de três, lateral-esquerdo espetado, movimentação no espaço, eficiência no ataque. Não era o modelo mais bonito, mas dava certo. E o torcedor tinha se identificado.
* É um direito de John Textor demitir o treinador e ainda não ter contratado reforços. Falta a assinatura do contrato final da SAF. Mas já se vão mais de 15 dias com técnico interino e sem time. Se a ideia é realmente deixar o Campeonato Carioca de lado, não seria melhor assumir isso? Se a SAF não está assinada, essa responsabilidade é da diretoria atual do Botafogo. Deveria se pronunciar.
* A instabilidade certamente pode afetar os jogadores atuais. Ninguém sabe se fica ou se sai, se vai para o Botafogo B, se será dispensado, qual será o treinador, qual será o nível dos reforços. O time já é remendado, com o que sobrou da Série B do ano passado, reservas de outras equipes e jovens do sub-20. E tem um interino que não tem ajudado tanto.
* Lucio Flavio, auxiliado por Ricardo Resende, tem fugido do básico. E criado não soluções, mas novos problemas. O maior exemplo de erro sob seu comando é Fabinho improvisado de ponta-direita (ou extremo). Qual o sentido? Queima até o jogador, ao perder sua principal característica, que é a marcação. É um primeiro volante jogando aberto pelo lado, sem velocidade e força para atacar e defender, sem habilidade para drible, sem capacidade construtiva e com posicionamento errado.
* Lucio Flavio repete o erro abrindo Raí do outro lado. O franzino jogador apareceu pela capacidade criativa, jogo por dentro, trato com a bola. Não tem intensidade para fazer o vaivém do corredor, não consegue marcar ou agredir o lateral adversário. É óbvio que a Portuguesa tem lado direito forte, com Watson e Romarinho. O técnico interino foi de Raí e Vitor Marinho improvisado. Não podia dar certo. Sequer protegeu o lateral improvisado.
* No mesmo jogo, Lucio Flavio fez Chay jogar aberto dos dois lados, centralizado mais à frente e quase como volante. Com Raí, foi parecido. Fabinho começou de volante e terminou de ponta. Quando o time se ajustou em campo e chegou ao 2 a 2, o interino novamente resolver mudar tudo, abriu Maranhão de um lado e Chay do outro, desmontou o time e viu a Portuguesa atropelar.
* Ainda que com os 12 desfalques, mais a saída de Ronald, faltou mais leitura e simplicidade a Lucio Flavio. Em um time que jogou quarta-feira, mudou muito para domingo. Impossível alguém, incluindo os jogadores, entender o que ele queria.
* De ponto positivo, ficam as atuações de Kayque, de Chay e dos atacantes Matheus Nascimento e Erison. O volante volta e meia faz bons jogos, mas não tem sequência, seja por lesões ou por opção de treinadores. Merece mais chances. O meia está reencontrando seu ritmo após a lesão. E os centroavante mostram qualidade, talento, força e gols.
* Que venham logo a SAF, o novo treinador e reforços. A torcida e o Botafogo não merecem mais vexames como essa derrota para a Portuguesa.