* O jejum aumentou. Com o empate em 0 a 0 neste domingo (18/5), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, o Flamengo vai ver o tabu de não vencer como mandante o Botafogo para sete anos, uma vez que o confronto só voltará a acontecer em 2026. São três vitórias alvinegras e dois empates: 11 pontos para o Glorioso, dois para o Rubro-Negro.
* Isso talvez explique a postura que pareceu de medo do Flamengo nos bastidores. A ocupação de rubro-negros no Setor Sul, destinado aos botafoguenses, não fez qualquer sentido e não deu certo. Possivelmente, foi uma forma de tentar intimidar os alvinegros. Em vão.
* Mesmo com a limitação de 5% da carga, a torcida do Botafogo mais uma vez deu show e calou a do rival, o que foi reconhecido até pela mídia. O tiro saiu pela culatra. E o pior é que nem fazia sentido, uma vez que o Flamengo sequer lotou o restante do estádio. Se não ocupou os outros espaços, porque querer parte do setor alvinegro?
* Quem deveria responder, de forma conjunta, era a Polícia Militar. A ação nos bastidores beneficiou o Flamengo (mais uma vez). Para piorar, mais de cem botafoguenses ainda foram detidos por uma confusão originada por invasão de flamenguistas no perímetro alvinegro fora do Maracanã. Por que tanto protecionismo? Quem enfrenta o Flamengo no Rio de Janeiro é tratado como se fosse um time estrangeiro hostil. Basta ver que a torcida do Corinthians perdeu a maior parte do jogo porque foi impedida de entrar antes no estádio e que o Vasco não pôde utilizar São Januário contra o Rubro-Negro.
* Felizmente, o futebol é dentro de campo. Nele, o Botafogo foi levemente superior, teve as melhores oportunidades e poderia ter saído com a vitória. Mesmo cheio de desfalques relevantes. O rival, tão elogiado pela mídia e que costuma criar muitas chances, só deu trabalho a John uma vez, teve medo de arriscar mais.
* O Botafogo passou a ter cara de time de futebol. Está mais organizado, mais compacto, mais seguro e mais agressivo. Mérito para Renato Paiva. O Glorioso saiu de uma pressão absurda para cinco vitórias e um empate (além de uma derrota) nos últimos sete jogos. Não foi presa fácil como visitante. Competiu.
* Antes bastante criticado, Renato Paiva ainda não é unanimidade. Há críticas específicas sobre o clássico, mas convém ter paciência. O técnico “comprou tempo” com os resultados, como costumava dizer Luís Castro. Ganhou pontos e parece ter ganho a confiança do elenco. O Botafogo dá sinais claros de evolução.
* A principal crítica a Paiva é sobre a demora nas substituições, principalmente a colocar um time mais ofensivo em campo. Entram duas questões. A primeira é que realmente é característica do treinador manter a equipe, não mexer no intervalo, não dar tanto tempo aos reservas. Gostemos ou não, é o estilo dele. A segunda é que, com o banco que tinha à disposição, era difícil alguém entrar e mudar o jogo.
* Clássico é um jogo de xadrez. O Botafogo tinha o domínio das ações e estava próximo do gol. Mudar poderia significar chegar a esse gol, como poderia também ceder espaços ao Flamengo. No fim, Renato Paiva até mexeu três vezes ao mesmo tempo, e quem cresceu foi o adversário. No futebol hipotético e nas alterações que fazemos na nossa cabeça, tudo dá certo. No campo e no mundo real, o risco é todo do treinador, nem sempre vai funcionar.
* O Botafogo poderia ter ganho, mas menos mal que não perdeu. Se tivesse conseguido empates fora de casa na Libertadores ou no Brasileiro, estaria em situação bem melhor. O ponto positivo é que mantém a confiança, segue com a moral elevada e agora parte para definir classificações na Copa do Brasil e na Libertadores.