* No futebol brasileiro prevalece a lei do mais esperto. É um querendo ganhar vantagem em cima do outro o tempo todo. Eis que o Botafogo, em uma bonita atitude, se solidarizou e ajudou o Grêmio por conta da tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul. Contudo, o outro lado passou do ponto e não fez sua parte.
* A principal questão está no vice-presidente de futebol do Grêmio, Antônio Brum. Ele criticou a arbitragem, o que é natural, pois se considerou prejudicado. Mas atacou gratuitamente Vitinho e John Textor.
* Vitinho foi criticado pelo dirigente por uma suposta simulação na expulsão de Monsalve. De fato, houve um contato no rosto e o lateral do Botafogo exagerou na reação, o que resultou em um rigoroso cartão vermelho para o jogador gremista. Mas onde estava Antônio Brum na semana passado quando Carlinhos, do Flamengo, foi expulso em lance bem parecido com Kannemann?
* Ainda sobrou ironia para John Textor, perguntando se vai “colocar no dossiê”. Qual a razão? O empresário americano não falou uma palavra sobre o Grêmio, nem no Brasil estava e sempre tratou o rival com respeito. O que faz o vice de futebol gremista ir contra o acionista da SAF do Botafogo que topou dois jogos em campo neutro, com torcida dividida, para ajudar o adversário?
* A outra reclamação de Antônio Brum foi porque entendeu que Bastos deveria ser expulso no primeiro tempo. É um ponto de vista, mas longe de ser o único. Para muitos, nem falta houve, pois o zagueiro foi na bola. E é praticamente consensual que não era um chance clara de gol, por não ter direção.
* O Grêmio ainda fez feio dentro de campo – aí é comum no futebol brasileiro – ao abusar de cera, de antijogo, de jogadores rolando na partida, de faltas, de gastar tempo. Parece que entrou em campo mais disposto a tirar dois pontos do Botafogo do que em tentar obter três pontos. Lamentável, mas do jogo, ainda mais no Brasil.
* A arbitragem de Maguielson Lima Barbosa foi péssima. Confuso, cheio de gestos, sem autoridade, perdido. Prejudicou a partida. O que foi pior para o Botafogo, porque o Grêmio não queria muito jogar. No fim, ainda acabou o jogo antes mesmo do tempo de acréscimos que deu. Não tem condições de apitar Série A do Campeonato Brasileiro. Que saudade das arbitragens da Conmebol.
* Em relação ao Botafogo, Artur Jorge mexeu demais. Nunca saberemos a parte fisiológica dos jogadores, se algum dos poupados estava prestes a “estourar”. Mas Marlon Freitas acabou de cumprir suspensão contra o Fluminense, Gregore foi substituído contra o São Paulo, Alex Telles idem, Igor Jesus ficou no banco contra o Fluminense, Savarino foi substituído diante de Fluminense e São Paulo. Precisava mesmo poupar todos? Já é a reta final da temporada 2024, faltam dois meses e meio, vem uma semana cheia agora e depois pausa para data-Fifa. A hora do sacrifício é essa.
* O que há com Tiquinho Soares? Mais uma atuação muito ruim, abaixo da média, quando poderia aproveitar sua oportunidade. Está sem ritmo, sem força, sem confiança. Não é o caso de focar um pouco na parte física para tentar render bem no fim do ano? Tiquinho deveria ser um dos mais incomodados por 2023, esteve perto de ser herói, desperdiçou a chance, está tendo outra. Só depende dele. E certamente a maioria da torcida ainda o apoia, por identificação e carisma. É o momento de dar resposta e fazer história. Mas não pode ser jogando como (não) jogou contra o Grêmio.