* Em seu primeiro jogo, Artur Jorge escalou o Botafogo com quatro atacantes, tentou time propositivo, utilizou Raí e Gregore como laterais no fim (até por falta de opção), colocou Luiz Henrique na direita e depois na esquerda, Óscar Romero de extremo na direita, Júnior Santos por dentro e depois pela esquerda… Um festival de alterações de um treinador que, naturalmente, ainda vai fazer experiências e errar, até encontrar o melhor time.
* Ao que parece, o técnico não sabia exatamente o que iria encontrar na altitude. Diante de uma LDU bem mais enfraquecida que em outros tempos, o Botafogo jogou espaçado demais, não encontrou o tempo certo da bola e sofreu na parte física. Quatro homens de frente, mas pouco acionados. Não fazia sentido um time mais compacto, que se fechasse e tentasse explorar algum contra-ataque?
* O problema é que o Botafogo vive nesse loping de treinadores chegarem e resolverem experimentar. Já foi com Luís Castro, com Bruno Lage e com Tiago Nunes (os interinos Cláudio Caçapa, Lucio Flavio e Fabio Matias não mexeram tanto em estrutura). A sensação é que o Botafogo sempre recua umas cinco casas após avançar duas.
* O ideal era Artur Jorge ter tido esse tempo no Campeonato Carioca (jogado fora por Tiago Nunes). No mundo perfeito, mais ainda se não tivesse a pré-Libertadores, a vaga já estivesse garantida. Seriam três meses para conhecer o elenco e o futebol brasileiro, pedir reforços, estudar saídas de jogadores e se adaptar.
* Mas não vai ser assim. Mais uma vez, o Botafogo vai trocar o pneu com o carro andando, agora nas principais competições. Artur Jorge parece um ótimo treinador, bem-intencionado, correto, com boas ideias. Resta torcer para que tenha rápida leitura de cenários e capacidade de adaptação. O clube vai precisar.
* Mais um problema grave do Botafogo foi a montagem da defesa. Não há dúvidas que piorou em relação a 2023. Lucas Perri e Adryelson eram os principais pilares defensivos, foram para o Lyon e, até o momento, não houve reposição à altura. Soma-se a isso laterais com dificuldades de ter sequência, o que não os torna confiáveis. Como ajustar?
* E o ataque parece muito bom no papel. Mas no campo leva tempo até se ajustar, encontrar a sintonia fina e render o ideal. Ano passado, com Júnior Santos, Eduardo, Victor Sá e Tiquinho Soares já havia entrosamento e encaixe. Esse ano, há a adição da qualidade individual de Jeffinho e Luiz Henrique, mas há de considerar que Eduardo e Tiquinho caíram bastante de produção em relação a 2023.
* Definitivamente, o Botafogo precisa se reconstruir e se reinventar. Um processo que geralmente leva tempo. Tomara que Artur Jorge consiga encontrar o caminho o mais rápido possível, porque as competições – como está acontecendo na Libertadores – não irão esperar.