* Vivemos em uma era que se tenta construir a história a partir de narrativas e visões próprias. Porém, isso não é possível quando os fatos se sobrepõem. E quais os fatos de 2024? O Botafogo é campeão da Libertadores e do Campeonato Brasileiro, atropelando rivais, parte da imprensa e diversos inimigos, o que torna tudo mais especial.
* O que vamos lembrar é do time que queria “derrubar o rei o topo da montanha”, no caso o Palmeiras, nas palavras de John Textor, para “ficar no topo”. Foram três vitórias e um empate contra o rival, contando classificação nas oitavas de final da Libertadores e jogo decisivo do Campeonato Brasileiro no Allianz Parque.
* O que vamos lembrar é do Botafogo que passou por cima impiedosamente nos clássicos no Brasileirão. Em seis jogos, cinco vitórias e um empate. Com direito a atropelos, como a goleada por 4 a 1 sobre o Flamengo, o 3 a 0 sobre o Vasco e o 1 a 0 sobre o Fluminense no Estádio Nilton Santos que merecia ser pelo menos 4 a 0.
* O que vamos lembrar é do Glorioso avassalador contra os sete primeiros colocados do Brasileirão (sem contar ele próprio, é claro). Venceu duas vezes Palmeiras, Internacional, Flamengo e Corinthians. Ganhou uma e empatou uma contra Fortaleza e São Paulo. Gigante.
* O que vamos lembrar é da equipe que fez campanha épica na Libertadores, foi dada como morta na pré, na fase de grupos, nas oitavas, nas quartas e até na final contra o Atlético-MG, quando teve um jogador expulso com 30 segundos. E que deu a volta por cima seguidas vezes para conquistar um título histórico e inesquecível.
* O que vamos lembrar é da torcida lotando Estádio Nilton Santos, Maracanã, Kleber Andrade (Cariacica), Mané Garrincha (Brasília), Monumental de Núñez (Buenos Aires) e diversos setores visitantes. Dos belíssimos mosaicos, de músicas que contagiaram, da festa dos torcedores.
* Vamos lembrar eternamente de um por um do time titular que marcou época, com um futebol intenso, ofensivo, vistoso e eficiente. De diversos reservas que foram importantes ao longo da temporada. Do técnico Artur Jorge, que chegou de Portugal para escrever seu nome no Brasil.
* Hoje passa um pouco batido, mas não dá para esquecer de toda a campanha promovida por parte da imprensa, até com perseguição por parte de veículos, na tentativa de desestabilizar o Botafogo. De pedidos por fair play financeiro, de reclamações sobre gramado sintético, de ataques, de fake news. O ano em que clubismo ou outros interesses enterraram o jornalismo. Nem assim foi suficiente, o tiro saiu pela culatra. Virou mais combustível para o Glorioso fazer história.
* E as arbitragens polêmicas, expulsões sonegadas de rivais, pênaltis absurdos marcados para concorrentes diretos, revisões no VAR que favoreceram outros, escalas polêmicas e repetidas etc? Na calculadora, enquanto o Botafogo perdia pontos por erros de arbitragem, outros ganhavam. E nem assim chegaram.
* Poderia ser ainda melhor com a Copa Intercontinental? Poderia. Mas, sinceramente, a impressão é que o Botafogo concentrou toda a sua força e energia e entregar um filme completo de superação, com as cenas finais nos títulos da Libertadores e do Brasileirão. O que viria depois seriam os créditos, mal houve tempo para prepará-los.
* A única lamentação é porque o Botafogo 2024 merecia ter a oportunidade de jogar este mundial. Melhor ainda se estivesse em plenas condições físicas e com tempo para treinar. Mesmo sem isso ser possível, gostaríamos de ver o time completo. Ao poupar, surpreendendo até os próprios jogadores, Artur Jorge facilitou o jogo para o Pachuca. Não deu. Mas, como já falado, o que fica não é não ganhar a Copa Intercontinental. É ter conquistado a Libertadores e o Brasileirão no mesmo ano.
* O Botafogo 2024 acabou, o de 2025 será outro. É natural. Há jogadores de saída que foram importantes no processo e ajudaram o clube a crescer (como Marçal, Tchê Tchê e Eduardo), mas faz parte. É se renovar, melhorar a cada ano, crescer, ser mais forte, se consolidar. Que o trabalho de John Textor e do scout sejam excelentes mais uma vez, porque ano que vem tem mais. É tempo de Botafogo!