* “O campo fala” é uma expressão comum no futebol. Às vezes, o campo até grita. Foi o caso do segundo tempo de Botafogo 2 x 0 Juventude, neste sábado (5/4), no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Brasileiro. O melhor é perceber que, pela entrevista coletiva, Renato Paiva ouviu.
* O Botafogo foi um no primeiro tempo e outro no segundo tempo. Muito por conta de algo que falamos aqui na última coluna: Patrick de Paula, como meia, acaba prendendo o time, por conta de suas características. Renato Paiva faz bem em tentar recuperá-lo, é um ativo do clube, precisa de jogo e de ritmo. Mas talvez fique cada vez mais claro que no momento ele é um reserva para segundo volante (Marlon Freitas), muito mais que um camisa 10.
* O que o campo gritou foi que o Botafogo tem um DNA ofensivo, um time intenso e de transição rápida, com Savarino como meia centralizado (ou segundo atacante). Deu outro dinamismo à equipe, fez o jogo correr, acionou Artur e Santiago Rodríguez com mais velocidade, encontrou espaço para receber entre as linhas.
* Essa ofensividade é o que se espera do Botafogo e que casa com o estilo de 2024. Aumenta o volume de jogo, a coragem, a imposição, a criação, o risco ao adversário. É um ótimo caminho a ser seguido.
* Fica ainda pendente resolver a transição defensiva nesse esquema de Renato Paiva. Como os laterais se projetam muito ao ataque, ficam espaços pelos lados, nos quais os zagueiros têm dúvida entre sair para cobrir ou manter a posição mais centralizada. É algo ajustável.
* Laterais, aliás, merecem comentários. Vitinho e Alex Telles dão mais experiência e estabilidade, rendem mais em jogos grandes por comporem bem a linha defensiva e passarem segurança. Já Mateo Ponte e Cuiabano têm virtudes ofensivas que devem ser valorizadas. O uruguaio tem capacidade física e avança bastante, seja pelo lado ou pelo centro, chegando para finalizar. O lateral-esquerdo é agudo, potente, forte, tem chute e cruzamento.
* Por fim, como é bom ver Igor Jesus voltar a fazer gol. Baita centroavante, ele vai ganhar ainda mais confiança, além de calar os críticos que parecem não ver futebol e querem se basear apenas em números. Igor se manteve bem até na pior fase do time. Com ajuda, certamente vai render e produzir ainda mais.