* É justo reconhecer que Patrick de Paula melhorou este ano, vem trabalhando bastante e ajudando com alguns gols dentro de campo. No entanto, ele não é e não pode ser a solução para ser o “10” do Botafogo, o principal meia de armação.
* Em seus melhores momentos na carreira, Patrick de Paula era um camisa 5, marcando à frente da área, distribuindo o jogo, lançando e finalizando de fora da área. Hoje, se tem como virtudes a presença física e o poder de finalização, falta a mobilidade de meia, o receber entre as linhas, o atacar espaços. Com ele, o time naturalmente vai ficar mais preso.
* Patrick de Paula e Marlon Freitas estão fazendo praticamente a mesma função dentro de campo. Em que pese o capitão costumar jogar melhor como segundo volante, organizando o jogo e com opções de passe, ele ainda não tem se encontrado este ano. Inclusive, Patrick tem rendido mais.
* A questão é que time preso é uma característica presente no Botafogo de 2025. Principalmente porque ainda não tem pontas confiáveis de velocidade e agressividade, capazes de gerar desconforto ao adversário, produzir e finalizar. Artur parece ser o melhor deles, mas ainda não se firmou totalmente, Matheus Martins caiu muito de produção e dificilmente dá sequência a jogadas, Jeffinho tem talento, mas precisa dar sequência fisicamente, Nathan Fernandes ainda nem estreou. Savarino e Santiago Rodríguez tem característica mais de jogo associativo, por dentro.
* Sem esses jogadores de lado, o Botafogo fica lento e previsível. Além disso, força outros jogadores a terem que tentar jogadas de drible e de agressividade que não estão tão acostumados, como Alex Telles e Igor Jesus.
* Aí entra uma comparação com o time de Artur Jorge. O Botafogo com ele costumava atuar com diversos jogadores que atacavam o espaço, que se deslocavam e que geravam dúvidas no adversário. Chegou a jogar com quatro atacantes e dois laterais bem ofensivos.
* O Botafogo pode ousar e ser ofensivo, até por ter uma boa defesa. Contra o Palmeiras, no Allianz, até faz sentido ter três volantes. Contra a frágil Universidad de Chile, não. O time perdeu a oportunidade de matar o duelo já no primeiro tempo por ter apenas três jogadores de frente, sendo um em adaptação (Santi) e um em péssima fase (Matheus Martins). Renato Paiva demorou demais a mexer e quando ia reforçar o ataque, levou o gol que decidiu o jogo.
* Renato Paiva parece um bom treinador e bem intencionado. Vai ter como desafio arrumar esse time durante a maratona de partidas, testando atletas, ganhando confiança, criando um modelo de jogo e alternativas. É torcer para dar certo e para os novos jogadores se adaptarem, mas aparentemente a diretoria pode ajudar com pelo menos mais um meia e um atacante de velocidade.