* A grande chave da vitória do Vasco por 4 a 2 sobre o Botafogo, neste domingo, no Estádio Nilton Santos, pelo Campeonato Carioca, o treinador. O rival tem Ramón Díaz, enquanto o Alvinegro segue cambaleando com Tiago Nunes.
* No papel, é possível que o elenco do Botafogo seja melhor que o do Vasco. O adversário ainda perdeu dois volantes importantes (Jair e Paulinho) machucados e não pôde contar com os suspensos João Victor e Medel. É claro que no lado do Glorioso também há baixas importantes (John, Marçal, Luiz Henrique e Jeffinho), mas o Vasco mostrou maior capacidade de superar os problemas.
* O Botafogo até que começou bem. Só que, mais uma vez, o bom nível de atuação dificilmente supera 30 minutos. Um jogo tem 90. No início, o time foi intenso, jogou no campo adversário, pressionou, criou chances e fez dois gols (um deles anulado).
* Só que o Vasco, que tem treinador, se reorganizou em campo após a parada técnica do primeiro, entendeu o jogo, virou e fez quatro gols. Ao passo que o Botafogo não jogou mais. Tiago Nunes não socorre à equipe, não ajuda nem com posicionamento nem com substituições. Vai piorando o time no decorrer das partidas. É assim desde que chegou.
* Como pode o treinador querer colocar marcação alta com Tiquinho Soares e Eduardo em campo? Ambos não têm a capacidade física e a intensidade de aguentar esse tipo de jogo, são vencidos facilmente, o que vai “quebrando” as linhas do Botafogo. Piora quando Tchê Tchê sai de sua posição para dar bote lá na frente e volta trotando, como no primeiro gol.
* Não é feio se retrair em partes dos jogos, “fechar a casinha”, esperar e forçar o erro do adversário para poder contra-atacar. Foi a principal característica do Botafogo em 2023. E ainda está estranhando em diversos jogadores. É difícil querer jogar mais à frente com Tiquinho e Eduardo, com Hugo que tem dificuldades de recomposição, com Alexander Barboza que é um zagueiro lento etc. Jogue de acordo com as características que você tem.
* É o que faz muito bem Ramón Díaz. O Vasco não é ofensivo, virtuoso, não enche os olhos. Mas é consistente, se fecha bem (não foi vazada contra Flamengo e Fluminense) e tem um esquema que permite liberdade a Payet e Lucas Piton, seus principais jogadores. Aliás, como Tiago Nunes deixa Payet livre o jogo todo? Com o Botafogo vencendo por 1 a 0, bastava se fechar e marcar bem Payet, que os espaços apareceriam para o contra-ataque.
* Tiago Nunes afirmou que a equipe “sucumbe emocionalmente” após um gol, citou reflexos de 2023 e disse até que “muitos jogadores estão pedindo para ter uma sequência fora da equipe, para parar de carregar essa carga emocional tão forte”. Péssimas declarações, péssima entrevista. Cabe exatamente ao treinador chamar a responsabilidade, dar respaldo ao seu grupo e deixar 2023 para trás. É ele quem tem que recuperar a equipe.
* Alguém viu Ramón Díaz dando essas desculpas quando pegou o Vasco na zona de rebaixamento ano passado? Pelo contrário, o que ficou famoso foi o “no va a bajar”, com convicção. Tiago Nunes precisa soluções, não justificativa para tantos tropeços. Ainda que tenha tentado corrigir em vídeo divulgado nesta segunda. Fez bem em agir, mas não muda muito o que foi dito anteriormente.
* O técnico não conseguiu o título brasileiro no ano passado, perdeu a vaga direta na Libertadores e caminha para não se classificar para as semifinais do Campeonato Carioca. Jogou sete partidas contra times da Série A, não ganhou nenhuma. Ainda não tem um time base nem perspectiva animadora. E aí?
* Tiago Nunes ainda não mostrou até agora ser o cara certo para liderar um projeto tão grande. Chega na estreia na Libertadores muito mais pressionado do que deveria e precisando dar resposta. Vai conseguir? Tomara que sim. Mas o Botafogo com ele ainda não inspirou confiança em ninguém.
* Só para fechar: o Botafogo precisa urgentemente de um goleiro. Gatito Fernández fez sua história no clube, mas infelizmente não tem conseguido mais manter o nível.