Botafogo 2025: o pesadelo depois do sonho

Arthur Cabral em Botafogo x Flamengo | Campeonato Brasileiro 2025
Vítor Silva/Botafogo

Eu realmente não imaginei que voltaria a sentir algo parecido com o que vivi naquela reta final de 2023, mas infelizmente me enganei. Tem sido triste e agoniante viver este 2025 do Botafogo, e esse sentimento ruim é ainda mais forte porque tudo de negativo parte do próprio clube. Ninguém de fora nos colocou nessa situação fragilizada. Todo esse momento é resultado direto de escolhas equivocadas e infelizes que partiram, principalmente, de John Textor.

Todos nós sabíamos que o futebol não pode começar apenas em abril. Todos alertamos que não era possível esperar três meses para contratar um técnico. Todos vimos que Carlos Leiria não tinha condições. Todos avisamos que Renato Paiva não era a melhor escolha. Todos ficamos preocupados com a opção por Davide Ancelotti. Todos reclamamos do volume exagerado de vendas. E todos apontamos o erro na mudança de perfil das contratações. E todos apontamos outros milhares de erros…

A quantidade de equívocos é imensa, e tenho a clara impressão de que muitos deles ocorreram porque o foco não estava no Botafogo, mas sim em salvar o Lyon e negociar com os credores. Em nenhum momento consegui enxergar uma atenção real ao Botafogo — exceto quando o clube foi usado como instrumento de geração de receita para aliviar as dificuldades financeiras do Grupo Eagle. Minha sensação é de que o comando ficou nas mãos de pessoas competentes em suas funções originais, mas sem o perfil necessário para liderar o dia a dia de um clube com a complexidade do nosso.

O Botafogo não transmite a ideia de um ambiente em que haja cobrança constante e rigorosa por desempenho. Tudo parece muito passivo, muito acomodado. Ao longo de 2025, tive diversas vezes a impressão de que muitos profissionais estavam “de boa” por terem entregue o melhor ano da história do clube. Em outras palavras, senti que viveram esta temporada como se nada mais precisasse ser conquistado. Afinal, qual seria o motivo para a torcida, que ficou quase três décadas sem um título relevante, reclamar? Como algum torcedor ousa se revoltar depois de tudo que recebeu em 2024?

Textor tem usado o ano de 2024 como muleta o tempo todo, essa é a verdade. É claro que somos gratos, mas, ao contrário do que parece desejar a direção e parte do elenco, nós queremos vencer sempre. Eu não aguento mais ouvir “demos o melhor ano dos últimos 120”, porque sei bem o que é viver de passado. Fiz isso nas últimas três décadas. Os êxitos do ano passado não podem servir como desculpa para os erros grotescos de 2025, e espero que o Textor pare urgentemente de repetir essa retórica irritante.

Se estivéssemos diante de falhas pontuais, até poderíamos ser mais compreensivos. Mas o que se vê é um verdadeiro festival de erros absurdos — muitos deles lembrando o período em que o clube era administrado por pessoas abaixo da crítica.

A condução do futebol pela SAF em 2025 é vergonhosa. Está fazendo o torcedor do Botafogo voltar a sentir que não tem nem o direito de projetar o futuro, apenas rezar para que ele não seja tão ruim. Conseguiram destruir toda a autoestima do torcedor, algo que havia sido reconstruído com enorme dificuldade. Estou profundamente puto, triste e decepcionado, porque minha sensação é de que aquele projeto que víamos se fortalecer ano após ano simplesmente não existe mais.

Vamos ter que resetar o jogo e recomeçar o save. Não de forma tão desorganizada como no passado, porque não se trata de terra arrasada, mas teremos, sim, que mais uma vez reconstruir o Botafogo.

O ano de 2025 será lembrado eternamente como um pesadelo, e nem o espetacular 2024 será capaz de apagar isso.

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